S/título-1986-Nobuyoshi Araki
Alguns dizem que o amor é eterno.
Isso não faz sentido algum.
Vestem-lhe roupas, gravatas, ternos.
Eu por mim acho bom o amor nu.
Essa talvez seja a sua dor.
Quer sair por aí à vontade, pelado.
Isso de fato despede o pudor.
Tolos o querem empacotado.
Mas em conserva ele não respira.
Depois, com tempo, perde validade.
Deixe-o andar sem panos ou tiras.
O amor precisa de publicidade.
Vamos depressa tirar-lhe o vestido,
para que transpire, já que é alma de pele.
Sem ser assim, não terá acontecido.
Há que despi-lo para que se revele.
sem a farda da propriedade,
liberto, será só de quem o tem,
desde que sem formalidades,
O queira despido como convém.
Com tal respeito a esse alimento,
Que se revelado, a todos seduz.
Só quem tem medo o deixa guardado,
Mas só quando livre é vivo, é luz.