Fotografia: Seda-José Gama
Tá prontinho? Perguntou Fernanda com olhos de malícia, tá prontinho?
Essa era a senha para a felicidade, objeto e sonho de consumo dos homens, mas nem sempre algo acessível a todos e a qualquer momento. Para ela é necessário investir, estar realmente preparado.
Diferenças de visão de mundo, concorrência entre pessoas adversas, desigualdades várias e miopias ás distâncias podem ser o ensaio sobre a cegueira humana nas suas relações.
A felicidade se dissipa com tais influências. todos a desejam, todos a buscam, todos sem exceção, perseguem no íntimo esse objetivo, mas nem todos realizam inteiros o seu fim, ficam suspensos em sí mesmos numa espécie de sublimação afetiva. De fato é preciso estar bem prontinho antes.
Fernanda sabia disso já a algum tempo, e ela sim, estava pronta para o bónus do amor naquela hora.
Havia passado por outros amores antes, havia brincado de casar na juventude, havia casado para gerar, havia gerado outros desejos passados, agora estava pronta para esse que se suponha ser o maior de todos os desejos humanos. O amor de entrega e o de fato correspondido.
Diferente de outras de suas mais variáveis formas, esse é sem dúvidas o maior de todos, posto que é troca em completude. Para esse tipo de amor é preciso viver um tempo antes, cometer erros antes, degustar solidão antes, é preciso sofrer para entende-lo, para desnudar sua ética.
Sempre é pré-requisito para quem se propõe ao amor, que a vida tenha se enveredado um pouco mais na realidade que cerca a existência.
É preciso tempo de maturação para os afetos.
A intimidade como a solidão, podem se mascarar na multidão e ibernar como forma oculta.
É preciso achar o carvão para encontrar o diamante. É preciso estar disponível para encontrar amor.
Fernanda mergulhou fundo para recuperar a própria vida, queria saber como goza-la com o coração antes de tudo.
Houvera esperimentado outras formas de amor. A cada um ao seu tempo se dera e de algum jeito valera a pena. Agora a sua hora nova chegara, com a importância que a vida dá aos que lutam por ela de verdade. A vida pela qual consigo mesma lutara de forma tamanha e obstinada, enfrentando duras provas, para saber gozar de novo com o coração inteiro.
Se a vida cobrara à vera seu preço, então também essa lhe trouxera o endereço da felicidade, e os frutos de sua cepa.
A alegria, a solicitude, a entrega e a disposição para o outro, sem dúvida permitem que o retorno imediato venha espontâneamente. Fernanda o sabia, sabia mesmo trafegar nesse universo com a desenvoltura de uma bailarina de portar bandeira.
Conhecera-se o bastante para não temer a sua existência, não se assustava diante do mundo com as individualidades dos liberais.
Ela sim entregara-se ao amor, salvara seu coração nos segredos de amar, ao se desvendar em amplitude nesse ato.
Estava limpa, perfumada de espontaniedade e beleza. Estava nua de carinhos e dádivas, estava inteira amorosa e linda.
Apenas perguntava a ele :
_Cê tá prontinho?
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