Citações

A palavra é o fio de ouro do pensamento.


SÓCRATES

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Angra(o trago da seda)

                                        Reuters/ Bruno Domingos

Cai o barranco na cara dos ricos.
Cai o barraco na casa dos pobres.
Caem as pontes por sobre os rios.
Cai tanta chuva que depois escorre.
Cai o automovel numa cratera.
Cai um dilúvio sem ter paradeiro.
Cai tanta terra, mas cai tanta terra.
Cai a cidade inteira no bueiro.

Calamidade bem repetitiva.
Cai muita agua, não há quem preveja.
Caem as árvores, matas nativas.
Caem paredes e torres de igrejas.
Caem as pedras em tal desalinho.
Cai a esperança já tão caleja.
Cai e leva gente no seu caminho.
Caem mais vidas, o olhar mareja.

Cai a família em área de risco.
Cai  e se sabe porque la esteja.
Cai o descaso como um cisco.
Cai o cordão do umbigo que seja. 
Cai quem não quer se queixar ao bispo.
Caia de pau, parece político.
Cai se olhar pra trás, vira sal nisto.
Cai quem menos tem o ver crítico.

Cai o poeta com o seu rabisco.
Cai na real ou cai de bandeja.
Cai mas levanta se for arisco.
A natureza nem sempre nos beija.
Caem de sua boca os mil rugidos.
Buscando o que é dela aonde não esteja.
Cai temporal e alaga os sentidos.
Dizem que o bolo não é só a cereja.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Bilhete antrópico(o trago da seda)

O BEIJO - 1907/8 - GUSTAVE KLIMT




Amiga J.
Veja você,

Perguntam-me de supetão O que é ser poeta.
Ou indagam então de quando havera outro livro, se esta pronto, como fosse fornada de padaria, quando vou publica-lo, se o tenho escrito, e tudo mais.
Eu que escrevo somente para estar vivo, Isso é tamanho claro que pensava visivel, como conflito.
Nunca sei bem o que responder ,e assim essas perguntas ficam as vêzes como um zumbido.
Pois são os versos, são eles os atrevidos, que se livram de mim cada um a seu tempo.
Deles eu é que de fato sou fogo finito.
Cavalo de minha própria existência caótica, não escrevo para produzir livros.
Não o faço para ser lido bonito, escrevo para equilibrar os meus sentidos e os seus arrebaudes humanos;
Fora isso  seria  bobagem,  é algo que evito.
Escrevo  simplismente para ser livre. Livre de mim mesmo.
Esse é o prumo transcrito no papel, essa celulose promíscua onde entra tudo e tudo pode.
È tudo o que posso dizer.
A poesia ativa talvêz seja só uma streep-tease sintática, onde o poeta mostra a nú o menbro mais caro do corpo, a palavra falada, a vóz, a capacidade despudorada de expressão da natureza do pensamento.
Só de despudores sobrevivem os poetas.
Mas os versos não estam nas  palavras, só são refletidos nelas. Os versos existem diluidos no real, pois é da realidade que surge a essência das ideias.
A filologia é a história disso, basta um olhar para ver a  liberdade do inclusive Contido na dor ou no prazer, no amor ou na solidão, no abraço da união, na vertigem ou na ilusão, no tolo do indivíduo, ou na poesia do perdão, nas coisas do mundo é visão.
De resto é o que fica como consequência asfaltada em sol do verão, é o poema evaporando da chapa quente das necessidades ânimas da gente.
Os versos buscam  expressar alguma rima nesse calor que já existe, uma pista que eu mesmo não sei, escondida, mais uma consciência  na vida. É alimento para a estima que se tenha de viver.
O que acontece, ou algo que se reveja, o que se quer, ou um guardado que machuque por sentir saudade, é o que vale.
Isso acontece comigo sempre. Como agora, quase posso toca-la na memória, trago-a no desejo do que te escrevo em vermelho. Porque vermelho?
É a cor de um beijo.