Citações

A palavra é o fio de ouro do pensamento.


SÓCRATES

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Sem baba ( Beco da fome)

Fotografia:Quabo-André C. Pimentel

Hoje teremos frango com quiabo
Para quem não quer pecar pela gula
Isso é um perigoso beijo do diabo
Depois não se preocupe com a cintura
Deixe o regime um pouco de lado
O prazer da boca é a descompostura
Angu mineiro é demônio com ternura
Para os estômagos apaixonados

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Heróis da resistência ( O olhar da carranca)

                                                                                                                                                                                                               Fotografia- Olhar- Caco Alves
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O que é de dentro da gente demora uma vida para ir embora,
como coisa pertinente, se fixa solidária, mas isso é outra história.
Pode ter cheiro, perfume, odor, aroma ou até fragrância.
O que sobra de nós, mesmo assim, as vezes é uma deselegância.
São coisas de dentro, das víceras da alma, traços de nossa tragetória.
Marcas que queremos que desçam, que vão para longe, para fora.
Esperamos que caiam para sempre no ralo sanitário do esquecimento.
Mas ficam, ficam grudadas em nossas paredes duras de louça,
como a pedir clemência, e que de alguma forma alguém as ouça.
Coisas agrupadas vindas do interno, agarradas como nódoas concretas, cimento.
Por mais que as lavemos, joguemos agua, não passam, não morrem, não evaporam.
São coisas intimas que sempre engolimos vida afora; Com ou sem conhecimento.
Elas resistem ao ponto de aborrecer, ou  mesmo de nos dar muito, muito trabalho.
Expostas como descartes involuntários, cartas sobradas de um jogo, como lixo do baralho sobre a mesa. Essas coisas ficam sempre retornando vorazes, incômodas, contidas.
Não querem ser exiladas do corpo de nossa existência privada.
Comuns às lembranças de alimentos, são os pratos da infância.
Elas permeiam a memória, como arquivos girando por pura implicância.
São as sobras de tudo dentro da gente, quando resistem a serem nada.
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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Crianças II ( Mamulengo)

Fotografia: Sem infância- Ruy Manuel machado

Criança que vai para a escola
Criança que tem juventude
Criança com cheiro de cola
Criança com a vida Rude
Criança que é bom de bola
Criança que sabe ser craque
Criança que perde a História
Criança que morre no  crack
Criança de frente e perfil
Criança que não pode ser
Criança em trabalho infantil
Criança que tem de comer
Criança que mama no peito
Criança que ri pra você
Criança que rima respeito
Criança que faz o dever
Criança tem todos os dias
Criança que pede esmola
Criança que tem alegria
Criança que a infância foi embora
Criança que pôde crescer
Criança que tem sua hora
Criança que nasce um bebe
Criança que a vida devora
Criança que sofre abuso
Criança que não tem futuro
Criança de olhar difuso
Criança de coração puro
Criança que é inteligente
Criança que tem proteção
Criança esta dentro da gente
Criança é nova geração
Criança que cresce mais cedo
Criança que não cresce não
Criança merece brinquedo
Criança que dorme no chão
Criança também é de rua
Criança que vive por si
Criança que é criatura
Criança de marre dercí
Criança que tem de um tudo
Criança que leva carvão
Criança tem que ter estudo
Criança é a nova Nação.