Fotografia: Narciso-Brunna Guimarães
Escraviza-se no espelho
imaginário, sem o olhar,
no que se mantem de joelhos,
ensimesmado num altar.
Mas o escravo, por conselho,
não se espelha ao não se ver.
Nesse momento aparelho
sega os olhos ao prazer.
Num tal desvio, nessa onda,
flexiona o seu desejo.
Narcotizado, nessa lombra,
entorpece ao sombrear
a própria sombra,
em satânico cortejo.
Nas pedras paredes de Eco,
do erótico fulcro, o sobejo,
grita à ausência do objeto
tão aclamado, é um adejo.
Sendo o desejo o sabor
que se externa no alheio
no outro há de estar o veio
O doce e o leve do amor
Se a vida é de ser breve,
não se a perde em solipsismos.
Só narciso à imagem deve,
e a solidão é um abismo.
A beleza é uma tênue flor,
O tempo do amor é conciso