Numa terra bem distante
depois do Maracanã,
de nome significante,
chamava-se Canaã.
Nesse pedaço de chão
chegou um sujeito um dia;
Seu nome era Abraão
gerador de ventania.
Por gostar muito de mulher,
por nelas ter alegria.
Em Sara tinha a fé,
mas com Agar bem dormia.
Com a segunda, Agar,
Abraão teve Ismael;
Mas não assinou papel
para não se complicar.
Para Sara não chiar,
deu-lhe outro filho, Isaac.
Como coisa de almanaque,
dividiu em dois o lar.
Ismael se foi embora,
deixando Isaac pra lá.
Depois de passada a hora
deram de se odiar.
Isaac gerou um filho,
deu-lhe o nome de Jacó.
Para complicar mesmo o nó,
tirar o carro do trilho.
Jacó chamou a si Israel,
pois foi como aconteceu,
estava escrito no céu,
que é meu, é nosso é ateu.
Também o bom Ismael,
no deserto de Becá,
construiu um canto seu
e se pôs a procriar.
Depois nasceu tanta gente,
tantos filhos, tantos filhos,
e a coisa ficou mais quente,
feito pólvora e rastilho.
Na terra peninsular,
sem pensar sobre a questão,
resolveram só brigar.
Um pregava o Alcorão
e o outro amava a Torá.
Por conta criaram muros,
para fazer a cisão.
Entre si, olhos casmurros,
teimosos de coração.
Um deles, de amigo rico,
ganhou um domo de ferro.
O outro por ser proscrito,
disse essa terra eu quero.
Jogam pedras palestinas,
foguetes sem precisão,
e a resposta vaticina
fogo, bomba e canhão.
Morrem meninos, meninas,
senhoras e anciãos.
O mundo vê na vitrina,
sem muito fazer questão.
Sem direito de nação
por geração concubina,
nas asas do avião,
as bombas vêm lá de cima.
Cercados por mar e terra,
morrem numa explosão.
Mas como sair então
dessa tão malvada guerra?
Entra um camelo no céu,
sete virgens há por lá.
Mistério sempre usa véu,
são coisas de Oxalá.
Irmão que mata irmão,
como Caim e Abel,
não vai achar solução
guardada no solidéu.
Javé que desça depressa.
Que venha um café tomar.
E traga para a conversa,
a destreza de Alá.
Na busca de mais amem,
Jesus chegou com seu trio.
Ao redor de Jerusalém
de sangue nasceu um rio.