Citações

A palavra é o fio de ouro do pensamento.


SÓCRATES

sábado, 17 de outubro de 2009

Viradavida(o trago da seda)


                 
Foto-Marcel Gautherot

Vida o que é isso,
o pai que me pariu,
depois sumiu 
sem compromisso.

É mágico da vida
reproduzir seu feitiço.
Vida... vida... vida...
Enquanto ela acontece,
eu aqui so me espreguiço.

Vida... vida....vida...
Da nascente ao sumiço
parte parece o mel ,
parte padece ouriço.

No pé que pisa valsa,
tambem pisa suplício.
quem é parido sem calças,
resiliênte é no víço.

Vida... vida... vida.....
o que é isso...

O tempo contado no início,
meio, metade e fim.
Se o existir é movediço,
mede-se assim... assim....

Mede-se assim... assim...
No compasso dos seus feitos,
nada há de ser perfeito,
seja de bom ou ruim.

Um tanto é de ser abraços
o outro é de ser sozinho
só o contar desses laços
pode medir os passos
que fazem surgir caminhos.

meta de sol é sol
meta de lua é lua
metade da vida é sonho
outra metade é crua

A terra gira em seu tempo,
a vida é nele que atua.
Quem não tem medo de cama,
se não tiver quem o ama
ama quem passa na rua.

Viradavida é vida...
Vida o que é isso....
.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Você(a puta me encantou)

            Mulher nua-1984- Luiz P. Baravelli

A moça de traços finos
olhava como quem esgrima,
tinha olhos pequeninos,
no olhar tinha auto-estima.

A moça de traços finos,
tinha dois namorados,
na verdade eram meninos,
nem foram apaixonados.

A moça de traços finos,
inquieta como as artistas,
trazia olhares alpinos,
como quem olha delícias.

A moça de traços finos,
gostava de ouvir os livros,
nutria por eles mimos,
passava-lhes olhos vivos.

A moça de traços finos,
seu nome não sei dizer,
chegou como desatino,
dei-lhe o nome de você.

Você tinha pele pêssego,
cheirava a cheiro de prosa.
Era de tirar o fôlego,
na langerie cor de rosa.

Sabia que era gostosa,
você falava idiomas,
tinha o olhar de gulosa,
beleza de fogo em Roma.

você molestava o silêncio,
aguava o corpo também,
como um poema de Ascenso,
na cama logo de quem?

Sorria como um anjo,
que um dia fugiu do céu,
para gozar com esbanjo,
os prazeres de um bordel.

O vento ao ve-la nua,
bateu forte na janela,
soprou no ouvido d'árvores,
dizendo o quanto era bela.

Choveu muito, e a tarde chora,
a noite chegou quieta.
Você me disse: _ Vou embora!
levando o olhar do poeta.

Levou o corpo com os olhos.
Contente, calma e completa,
mas levou tambem recordos,
dura poesia concreta.
.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

É lis(perna bamba é do samba)


                           Estudo para retrato de moça. Caneta esferográfica sobre papel
                                        Siron Franco


O tato expõe seu corpo à minha pele,
em dedos deslisantes de verniz.
A graça do seu beijo voa garça,
no enleio da aventura de aprendiz.
O sol queimou o ceu furando nuvens,
arrasta ao ralo a tristeza matriz,
na ideia de que a vida so tem graça,
se é viva por motivo de pirraça,
na massa que compõe sua matiz.

Viver é mesmo muito parir gozo,
nas veias desse afan de ser feliz,
nem todo dia tem de ser gostoso,
e o outro apos a noite, nunca é bis.
Eu que nunca quiz ser corajoso,
covarde tambem nunca eu o quiz.
Espelho-me no mirar do seus olhos,
visão de tão efémeros esporos,
onde germina e doura a flôr- de- lis.

domingo, 11 de outubro de 2009

Pois é(a puta me encantou)

Bordel-1982- Carybé
O coração de um solitário peito,
na falta de um grande  amor,
fica repartido entre amigas do leito.