Menina do Rio-s/d-Maria Lina Smania
A fulaninha é popular
nas noites da cervejinha.
Fim de semana à tardinha
é tão sua a luz solar.
Finda a praia, eu a observo
como servo dessa beleza.
Quando ela vem com certeza,
sou obrigado a olhar.
Parado como o trânsito,
em transe com o meu sangue.
Vendo esse corpo Não exangue,
o meu é que fica aflito.
Roubando minha atenção,
vem ela de jeito clássico.
Cativa em mim tal visão,
acho que a acho o máximo.
Meus olhos de bumerangue
em mim fazem notado,
ereta palmeira do mangue,
que o sangue tinha baixado.
Os passos caminham lentos,
são mesmo de apaixonar.
Cabelos molham os ventos,
deixando pra quem olhar
ideias de bons desejos,
esguios vindos do mar.
Num requebrar de lampejo,
gostoso de observar.
Será que o oceano ao lado
sabe o caminhar da moça,
fazendo quebrar a louça
de um coração machucado ?
Quando ela passa desvia,
para onde não sei dizer,
a calma que em mim havia,
antes disso acontecer.
Então fico eu bolado,
peço mais uma cerveja,
em solidão sertaneja
bebo o líquido gelado.
Quando ela aos meus olhos olha
por dentro de óculos escuros,
na timidez da memória
meus óculos quebram os muros.
Ainda seguindo a história
desse fato consumado,
ela vem e bebe ao meu lado,
provocando uma alegria.
bebo uma duas e três,
para irrigar os meus sustos,
olhando de quando em vez
a solidão do seu busto.
São dois pássaros presos,
acho que doem como siso,
pois imagino-os acesos,
em mim fazendo o sorriso.
Depois seus cabelos secos,
em meu olhar sem desvio,
penso os meus dedos presos ,
por entre aqueles fios.
É mais que corpo essa mulher,
trazendo bela o que lhe é próprio.
Feliz quem dela mais tiver
extraído que o ópio.
por modo dele acabar,
sai o verso dessa esquina,
nesse amor de morfina,
tirando a dor ao passar.
Não é uma escolha sua,
ser poeta é sem escolha.
Apenas escreve em folhas,
o que o homem vê nas ruas.