Fotografia: Sol Carioca - Jussara F. Leite
.É noite e o cheiro de pele e verão vem do mar, entrando pelas janelas em busca de abrigo.
Com o silêncio escuro a cidade descansa em paz, no restauro de todas as suas fadigas humanas.
A lua desce sem cerimônia, vai tateando no escuro, até se agarrar á lâmina de concreto e vidro do edifício mais alto.
O tempo é lânguido agora, como um corpo macio de preguiça, de ausência, de vazio.
Tudo está tranquilo dentro da intranquilidade do amor, sem o infortúnio das intrigas, tudo dorme, menos eu, pois meus ouvidos se ressentem daquela voz como cantiga.
Tudo dorme, menos eu, fico na insônia, pois careço dela, e ela não esta comigo.
No escuro da noite o desejo é mais veloz, o desejo é companhia, é energia, é liga.
Sou como o mar que veio estar aqui, pois ele também á hora não dorme, por castigo de sal, pois ele também se move como quem busca afagar a pele estendida da praia.
Como dormir sem a maciez dos seus braços entrelaçados, ou o seu rosto no meu peito?
Como passar uma noite, sem ouvir sua respiração ressoar quando em sono profundo , sem alarde?
Não serei capaz de fazê-lo, se o fizer foi por descuido, pois resiste essa falta de jeito.
Reside agora em mim esse estado de solidão, essa vigília, sem sua rouquidão no leito. fico sem jeito.
Sem suas pernas em trança, sem os seus lábios quentes, sem seu calor natural de vontade.
A manhã pode chegar arrastando sua pressa, nada me interessa, nada está direito.
Se ela está longe, nesse longe me leva, aonde o amor transita, lá sempre estou consigo.
Meu amor dorme tão longe, que de longe traduziu-se imagética mas física, em fé, em falta em saudade.
Espero! E logo a alvorada do dia, clareia o sol, em novo, e de posto eu a encontre na felicidade.
.