Fotografia: Pensare per Immagini - Luigi Ghirri
Mais uma vez vem a noite e me abraça;
Quente com seus braços de bruma e breu.
E a invalidez me ronda a calma, inata,
como imagem que passa, somos ela e eu.
Uma têmpora maior que três dias me exclui
de alguma alegria reflexo, no espelho.
A história está feita, ou serei eu a refazer
de novo, como fora antes, e o será.
Ainda dizem as crendices populares
que um raio nunca cai no mesmo lugar.
Tudo que penso é que de novo não sei,
como de fato nunca me soube, num jogo.
Sou homem feito de minhas tentativas,
nenhum futuro me garante à frente por consenso.
Vencer recusas do corpo nunca foi tarefa fácil,
agora é o que me falta, é o que caminhar suspenso .
Não sei bem para onde, não sei nem como, se frágil.
Tenho que fazer o refazer da vida, não me açodo ao vento.
Às vezes tenho a impressão que há em mim, um mar todo.
A teimosia, a faísca alma, a queda de um João bobo.