Citações

A palavra é o fio de ouro do pensamento.


SÓCRATES

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Coisa Minéria ( O olhar da carranca)

Fotografia- Corrupto; Regys Loureiro de Macedo
Grande é o perigo e maior é o mistério.
Maior que o mistério, enorme é o castigo.
Aonde se instala o ladrão Ministério,
para sustentar essa ação entre amigos.

A coisa é grave, o assunto é sério,
porque o ladrão tem sempre um abrigo.
Sabe-se aonde está, e qual o critério.
Melhor não opinar, dizer eu não ligo.

A coisa é dos vivos, os fatos bactérios.
Propina é vulgar, é um simples delito.
Quem despe a República, descobre adultério.
Vai tudo ficar no dito por não dito.

Grande é o perigo e maior é o mistério.
Podendo pegar o que é da viúva
Maior que o mistério, enorme é o castigo.
Problema maior são as mesmas saúvas.

A se sustentar essa ação entre amigos,
ninguem vai notar suas mãos sob as luvas.
Impune, o ladrão tem sempre um abrigo,
o mistério esta na raposa das uvas.

Melhor não opinar, e dizer eu não ligo.
A verba é lugar da horta e da chuva.
Propina é vulgar, é um simples delito.
Vai tudo ficar o dito por não dito.

Superfaturar ao piaba e à manjuba.
A se sustentar essa ação entre amigos,
se não marolar a agua não turva.
Pra que reclamar, pra que fazer grito.

Melhor não opinar e dizer eu não ligo.
Problema maior são as mesmas saúvas,
propina é vulgar, é um símples delito.
Quem pode  pegar o que é da viúva.

Já não se discute tamanho absurdo.
Quem pode pegar o que é da viúva,
melhor  não falar, não ver, ficar mudo.
O mistério esta na raposa das uvas

Ninguém vai notar as mãos sob as luvas,
ao desconhecer, não se é cornudo.
O mistério está na raposa das uvas,
se o rei ficar nu nunca vai mostrar tudo.

A verba é  o lugar da horta e da chuva,
ao não se notar, não haverá furto.
Superfatura ao piaba e à manjuba,
denunciar fatos é rasgar veludo.

Se não marolar a agua não turva,
diz o popular que o governo é mamudo.
A verba é o lugar da horta e da chuva
Se o rei ficar nu nunca vai mostrar tudo.

Já não se discute tamanho absurdo.
Qual é o mistério da licitação,
melhor não falar, não ver, ficar surdo.
Lá no Ministério quem é o ladrão.

Ao desconhecer não se é cornudo.
Vencer concorrência por combinação.
Se o rei ficar nu, não vai mostrar tudo.
Se disserem sim, é que então dirão não.

Ao não se notar não haverá furto.
Propina não rima com a inflação,
denunciar fatos é rasgar veludo.
Se o bem é do público quero meu quinhão.

Diz o popular que o governo é mamudo.
As vias de fato têm mão contra mão.
Ao não se notar não haverá furto,
qual é o mistério da licitação.

Parece piada parece pilhéria,
lá no ministério quem é o ladrão.
Se é mesmo piada, parece ser velha,
vencer concorrência por combinação.

Essa é a política da moléstia venérea
se disserem sim é, que então dirão não.
A impunidade se desaconselha,
propina não rima com a inflação.

Se o bem é do público, quero meu quinhão.
Quem rouba mais faz  reconhece a matéria,
as vias dos fatos têm mão contra mão.
Como se repara coisa tão minéria?

terça-feira, 19 de julho de 2011

Somos todos ( O olhar da carranca)

                                                                     Fotografia- Multidão - Artur Ferreira

Fico vazio se não resido no outro, como homem pleno e aprendiz.
Nesse trânsito busco a vida,  e dela mesma a felicidade é filha.
Colho no que está fora de mim o que me compõe e me partilha.
Contenho, pelo vivido até aqui, mais do que se aparenta ao mel verniz.
Articulando o que venho com o que recebo em troca  mútua de cartilha.

Entre o que sou, e o outro que me é útil, o fascínio e o milagre da linguagem.
Na linguagem me expresso, dividido, inteiro e múltiplo, no aqui e no agora.
O que sou é o que troco, no que de mim segue no outro e faz a história.
A linguagem interna é prisão, se o ser humano não a divide, é carceragem.
O que sou, é o que guardo desse encontro, eu o levo preso na memória.

Nada valho, se desisto dessa troca e seu afável, o poeta o disse e corrobora.
Minha cidade esta no outro,  no outro meu princípio se compõe e se inicia.
Sem a atitude de interdependência solidária a vida seria inútil e inodora.
Sem paixão, sem solução, só uma ilusão onde o indivíduo evapora.
Hoje trago meus versos como objeto aonde o inevitável comemora.