Fotografia: Rod Costa- Falar com...Um olhar
No raso do pensamento
onde a palavra se esconde.
Por trás do alumbramento
com a estatura de longe
Os olhos que te descrevem,
no que a boca repudia,
são desejos roçando a pele,
na face que os negaria.
No temor do novo intento,
aonde o amor se queria,
o corpo comportamento
guardou sua poesia.
Desnuda pelves palavra,
tão clara no seu silêncio.
Mostrando cara com cara,
um assustado intenso.
Comum ao lenço do medo,
cuja vontade escondia.
O olhar pedinte dos beijos,
atravessando a harmonia.
Nesse íntimo tal universo
onde o humano se fia,
temeu o seu próprio verso,
traiu sua própria alegria.
Lá vem! Esse ser abissal.
Sorrateiro que é o homem,
entrando pelo quintal,
pronunciando seu nome.
Mesmo que não se faça,
o amor que o olhar pedia.
Mesmo que se acovarde,
o abraço na coisa fria.
Restará nesse um olhar
certezas mais que pungentes,
do sal que há nesse mar,
no sol que houvera quente.
O desejo quando defeito,
deixa um rastro, um rio.
É fogo que implode o peito
sem acender o pavio.
Então se rompeu o afeto,
no que dele é a esquiva.
Derivamos no incerto,
descemos no ralo do dia.
Mas esse olhar inquieto,
fecundo e sem calmaria.
No que falar de completo,
vai dizer o que queria.