Citações

A palavra é o fio de ouro do pensamento.


SÓCRATES

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Sex! Sex! Sex!(a puta me encantou)

Fausto-1976-H. Carybé


_Eu gosto muito de você, disse -me ela ao pé do ouvido com voz de cumplicidade, sem que ninguem notasse alem de mim.
Isso não era de todo surpresa, pois viviamos juntos para todo lado, e ela sempre deixava brechas de desejo em seus gestos e em suas atitudes sempre carinhosas.
Mas ali estavamos a trabalho,  a tia nos indicara com as garantias de satisfação.
A tia era ela mesma uma garantia, uma tradição na Mauà, era certeza de trabalho, sua palavra era empenho e trabalho certo, uma agente confiável, e alem disso havia recebido antecipadamente pelo atendimento Vip; Portanto o Momento e o desejo mais adequado nessa situação,  é o do cliente. No caso , os Chinas.
O casal de orientais pagou, e muito bem diga-se de passagem, pela noite que queriam. Resolviam parte de meus custos aqui no Rio por um mês, isso já descontados os cinquenta por cento, e ainda sobraria algum para o "braith". Não cabia paixão alí. Eu estava resolvido a não prestar atenção a nada que pudesse desconcentrar minha atuação para alem de minha própria ereção necessária.
O prédio era discreto, com uma portaria austera e um vidro blindéx que tomava toda a fachada de pé direito alta, demonstrando um aspécto arquitetônico da década de cinquenta modificado pelo conceito de vidro da atualidade.
Após o anúncio pelo interfone externo, por onde o porteiro demorou um pouco para entender quem éramos, onde íamos e nossos nomes, só então subimos por um elevador amplo e com um grande espelho ao fundo, ela aproveitou para dar um último retoque nos cabelos com as mãos, e retocar também o brilho nos lábios, acentuando a aparência "Pin-up produzida". Um toque de sensualidade que lhe caia bem para o ofício, afinal a aparência é o que se compra.
502 é aqui! disse-lhe secamente em um tom que não fosse muito alto para o corredor escuro e desconhecido.
Uma porta com poucos detalhes em cor de jacarandá estava em nossa frente, não sabíamos o que ou quem estava nos aguardando por trás dela; O primeiro contato visual é sempre uma surpresa para ambas as partes, acompanhada do sentimento de primeira vêz novamente. É sempre assim quando se abrem as cortinas do desejo alheio.
_Sex! sex! sex!
Gritava a madame em português mal acabado, num desarranjo de sonoridade gutural mandarim. Pareciam Coreanos de Taiwan, sei lá...
_Sim! Sim! Se sex em mim! Respondi em tom de brincadeira infantil, afinal todo turista é um pouco mimado como uma criança.
Enquanto tirava minhas calças, eu deixava o corpo disponível para o prazer aos desígnos da senhorinha de aparência fina, pele clara, cabelos negros e curtos cortados à moda ocidental, mas tão lisos que deixavam a evidência de sua origem asiática escorrer pelos ombros.
Os olhos eram  miúdos e pareciam ávidos pelas aventuras e os  segredos íntimos do universo da sacanagem. Um sinal universal de que sacanagem é como o dinheiro, não tem pátria.
O corpo era pequeno e muito esguio, embora demonstrasse já passada meia idade. Parecia querer expulsar desejos que a mim não cabia discutir quais, mas no fim da questão satisfaze-los dura e o mais plenamente possível.
Vestia um traje exótico de seda vermelha bordada com minúsculas flores douradas na parte superior, com uma gola curta no entorno do pescoço fino, adornado com uma gargantilha onde se podia ver um pingente; Um anagrama indecifrável em um decote aberto generosamente no pequeno busto, deixando-o quase livre, pois notava-se os bicos endurecidos dos seios evidenciados na seda lisa que descia até o tornozelo.
Estava sem peças íntimas por baixo dessa veste delicada, com aberturas laterais ao longo das coxas finas e brancas, tão brancas que era possivel notar os traços de alguma veia saliente sobre a pele.
Calçava uma pequena sapatilha aveludada preta, com um camafêu de pedras na pala superior que cobria quase a totalidade dos pés pequenos e delicados ali calçados. Tinha um corpo balzaqueano de aparência agradavel aos meus olhos, o que era a princípio um bom sinal....
Após as apresentações sentamos, e com poucas palavras recostamos juntos, em um sofá de curvas nos cantos, que separava dois ambientes de uma sala enorme, pouco iluminada e sóbria. Belas luminárias do tipo lanternas chinesas pendentes do  teto  iluminavam o ambiente de forma discreta, davam um ar de segredo a tudo, mais, deixando uma penúmbra semelhante a um antigo cabaré dos anos vinte.Era uma confusão de sombras, algo lúdico se não existisse de fato.
Foi rápida !
Sem muita cerimônia acariciava meu peito e trazia meu corpo para junto ao seu em um movimento leve mas decidido, não permitindo que minha atenção se fixasse no ambiente, mas em seus atos.
Sua  mão direita já palmeava o membro, embora pequena, fazia-o com destreza de quem conhece os tatos adequados às suas intenções do prazer, parecia conferir com um gosto íntimo a uma encomenda comprada, adquirida pela internet, que acabara de receber naquele momento e desempacotava com avidez.
Tinha pressa, embora tivessemos toda a noite pela frente para o que bem entendesse de realizar em seu proveito próprio.
Ali eu era seu, estava à disposição para satisfaze-la em tudo; Toda fantasia é carnaval.
Não sei dizer exatamente como, mas com sua lingua curta e boca pequena a asiática tinha elasticidade para abocanhar toda a minha virilidade em riste, pois tamanha era sua oralidade que parecia opiônoma em gozo louco e em muita pressa.
Gemia, chupava, mordiscava, mamava, sugava, engolia, lambia, salivava, labiava, mastigava, voltava a mordiscar levemente e a gemer estridentemente. Zunia e falava em um dialeto que eu não conhecia.
Após isso , subindo a cabeça entre as  minhas pernas, passou a lamber tambem meu peito e morder delicadamente o mamilo direito respirando ofegante, até chegar enfim á minha boca.
Era um pouco diferente pois sua estatura pequena contrastava com tamanha agilidade, voracidade e apetite naquele momento. Tinha fúria no corpo quente.
Tinha esse corpo franzino mas todo proporcional, o que quer dizer, cavidades pequenas para tanto desejo acumulado, guardado.
A anatomia de sua boca encaixava-se perfeitamente. Depois de um bom tempo de oralidades variadas, sentou-se delicadamente sobre a minha pélvis, sem camisinha, que lástima, e com movimentos ondulares fazia o seu corpo girar de forma flúida mas consistente.
Seu rosto brilhava de um prazer luzidio e radiante de mil candelas, embora no limite, de uma forma individual e toda sua.
Enquanto beijava-me fodia, enquanto me fodia , beijava e vise-versa prá todo lado, movendo-se como um móbile com a sonoridade dos ventos da felicidade; Sua pequena boceta fazia um movimento contratório de sucssão, esganando a piroca no tronco entumecido até o talo e soltando os pequenos e grandes lábios na ponta, pouco antes da glande, era grande a pequena, era gigante nesse instante.
Era mágica de circo, era engolidora de espadas, era equilibrista na corda, era pirotécnica, era fêmea, e pedia  _sex!, Sex! Sex!..
Anazalava gritos em vibrações idiomáticas desconhecidas e respiração ofegante:
_sex! Sex! Séx!
***
Ela acompanhava o senhor de estatura baixa e atarracado em uma dose de wisque Buchannas 15 anos aberto na ocasião;Não era um malte.
Parecia precisar de inspiração para a missão. Era decidida. Precisava de dinheiro.
Ele bebia sem gelo em doses generosas e tendo a atenção voltada para o que acontecia no outro canto da sala, parecia sentir prazer em observar, algo ali o animava estranhamente. Delirava com os olhos, desejava com os olhos, com eles se embreagava enquanto olhava, quase gozava.
O gozo nos olhos era tudo  que ela podia notar, pois  o China não tinha aparência de um devasso, parecia mais um adépto do voyeurismo clássico.
Os devassos têm a prudência aparente dos vendavais formados na alma, por isso podem ter a lucidez da calma externada e a fúria dos ciclones explodindo na mente, de repente...
Tirou-lhe a saia com a delicadeza de um monge zazen, com suavidade acariciava com as pontas dos dedos as entranças baixas entre suas pernas, até penetrar nos pequenos lábios de onde brotava leve umidade como uma nascente.
Fazia-o com grande prazer, mas não tirava os olhos do outro canto da sala nunca.
Enquanto agia, bebia sem gelo em goles curtos, de quando em vêz olhava com zelo e apalpava aquela rosa aberta em pétalas. Fazia-o como se tratasse de um animal de estimação, cheio de desumanidade fria.
Com a atitude de um guerreiro samurai crava então a espada em sua boca já um tanto anestesiada, adormecida pelo wisque, sem dó nem piedade.
Muito rápido e antes que ela pudesse opinar a respeito de sua própria vontade, que no caso pouco importava naquela hora.
Recebera pela boca adentro a benga roliça, até com um pouco de preguiça talvez. Não teve jeito, estava feito e pronto, não havia o que discutir, dinheiro na mão calcinha no chão. Faltou a camisinha, uma falha lastimável.
O homensinho já havia entrado sem pedir, havia comprado a atitude, como a uma passagem para viagem na carne trêmula.
Quanto álcool caberia naquela noite?  Pensava ela, quanta noite caberia numa garrafa de buchannas? quanto haveria de se fazer de sacana de aluguel?
A farra bucaneira seria longa ? Quanto sereno  de sexo numa noite um nariz cheira? quanta carreira? Quanto vou ter que respirar pela carteira?
Quanta besteira! quanta besteira!
Qualquer coisa vinha-lhe à cabeça enquanto recebia pela boca adentro aquele fardo endurecido e sem leveza, sem vontade, sequer, sem possibilidade de desejo próprio, sem um mínimo de autoestima, só restava atender ao fazer de um sexo unilateral.
Como e quando pode o amor ser solitário?
Como é difícil sem afetos preliminares, é preciso muita concentração para suportar. Se não fosse o profissionalismo ela não aguentaria aquela situação por seus buracos pessoais adentro, invasão pura e dura nas entranhas.
Sexo sem vontade é mesmo uma coisa muito, muito estranha, coisa tacanha.
Mas estava tudo dentro.
_sex! Sex! Sex!
O que sera que esta acontecendo com ele agora do outro lado da sala? estará pensando em mim? divagava em silêncio enquanto fingia o tanto necessário ao ofício.
Teria alguma alegria na carne para alem da minha?
Agora o China põe-me de quatro, quer mais, mais e mais.
_Dog! dog! gog!
Em mandarim português, em inglês,  em  japones, javanês, sei lá!
Nessa hora tanto faz!
À margem do corpo, é livre o pensamento.
_Dog! Dog! Dog! Sim, sim, sim.......
_Anal doí, não! Não! Naaaaaão...... _Aaaiiiiii......Filho da puta!!!
_Quem não sabe comer um cú, não brinca de tatú!
A sua lingua não era arisca, a sua boca não era bisca, ele não chupava bem, não achava o ponto, também não o procurava, estava bêbado e suado, estava mesmo brutalizado por dentro. Chupava de modo indelicado, era só um tarado fútil e impessoal, era inútil, era estupro consentido.
Perdia o melhor da tara humana que é o querer do outro, a outa pessoa.
Dava para  sentir o peso e o cansaço das doses da noite, e também da solidão do fato, acompanhada a quatro, de quatro, sob aquela luz bruxa de tudo errado.
Mas queria mais, e mais, o insaciavel oriental, cheio de muralhas, pedia aquilo que realmente não aguentava mais, e ela sabia disso.
Sentia o peso do trabalho feito, da missão cumprida, até já pressentia um pouco de asco na cituação toda.
As vêzes é assim com o sexo, pode ser anti-higiênico no profundo vazio da alma.
Pedia ao sono que se avizinhasse em  seus olhos agora, quando o ceu ja azulava atras da cortina das janelas semi abertas do novo dia. enquanto isso o homem queria... queria....queria..... Algo que nem ele em si mesmo sabia.
Ela por dentro, tinha sono e no íntimo, a tempos já dormia.
 Ela já obedecera todas as formas de penetração possiveis com o corpo já semi-acordado, no limiar da fadiga dos restos físicos.
Com conhecimento de causa sabia seus limites, mas ainda não tinha atingido as profundezas do sossego alheio contratado.
É que os desejos alheios são dízimas periódicas que se encontram no infinito das forças do corpo,  e essas já se desprendiam desse morto humano, feito de cansado corpo jovem, da flacidez do fim das batálhas,  de suor, da queimadura das carências materiais, nesse fogo de palha.
Ela queria mais luta, e mais, e mais...
Nessa diciplina da vida a cara do destino é mesmo puta.
Também aos guerreiros é dada a fadiga da guerra, era essa agora a hora!
O fio da espada já não rasgava a carne, não transpassava os muros o aríete baixo era  imóvel, enquanto ela pedia:
_sex!! Sex! Sex!
Como quem chupa cachorro morto. Era ímpia da realidade.
Pausa para o descanço, termo da folga, talvêz um pouco de calma refaçam as forças desgastadas. O desgaste humano não tem limites.
Sem saida, sem energia, sem tesão e sem solução, a caminho do banheiro vem então o auxílio luxuoso da amiga de sempre, da companheira de trabalho, parceira das fadigas de profissão da vida.
Ela já entendera com um olhar a situação, pusera-se apostos para resolver com a dedicação que só quem ama consegue imprimir no corpo do amado.
Com lábios de sudário trouxe à vida o morto, como uma luva vestiu-lhe da energia que faltava antes.
Sua boca como uma vulva trouxe-lhe às cavernas do corpo, o sangue que reduzira o flúxo a pouco; Isso deixava-o louco de prazer.
Voltava com força renovada para a função final do espetáculo circense a que se submetera, metera mais, e ademais, não queria se eximir da responsabilidade contratada afinal, é trabalho.
Após o embate durmiram todos, de acordo com o sol que chegara ao longe no pano azul do ceu.
Ao acordarem o dia hávia se partido ao meio, reinava a tarde, os insassiaveis queriam mais sex ! Sex! Sex!....
Ela em estado de sono ainda, disse com a rapidez e a autoridade que a necessidade exigia:
_Vamos embora, tire-me daqui e vamos rápido e agora.
_"Vamos vazar, meter o pé".
Com pressa de fundista ele abriu a porta de jacarandá e sairam, desceram o elevador como jogadores que descem o túnel apos a partida de futebol.
Ela ainda aprontava os cabelos quando a pantogáfica se abriu.
Sairam pela calçada larga da avenida Beira mar, sentindo o gosto acordado da brisa limpando as marcas de uso nos seus corpos cansados.
Seguiram em busca de algum boteco vazio que lhes permitissem um café da manhã em paz de final de expediente, uma média com pão na chapa.
Algum alimento que resgatasse seus corpos para o universo da diguinidade dos próprios.
_Eu gosto muito de você:
Disse-me ele ao pé do ouvido com a vóz da cumplicidade, para que ninguem notasse alem de mim..

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Riscos de amar- V(a puta me encantou)

Fantoche-1964-Di Cavalcanti
A indiferença no amor é uma sentença,
condenação  silênciosa a um final.
Ocorre quando já não há mais crença,
não há mais nada que convença,
a aliança partida é só normal.

É só normal olhar olhos nos olhos,
é nada ver, no que se desconhece.
No opaco rio já nem lágrima desce
e a nudez do nada, é descomunal.
Assim a vida segue parca decadente.

Quando um e outro são só tal e qual,
nesse acordo lento tudo é sem prazer.
Como ler notícia velha no jornal.
Nada vale a pena sem acontecer.
Viver amor morto é igual morrrer.