Citações

A palavra é o fio de ouro do pensamento.


SÓCRATES

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

À mão ( O trago da seda)


Fotografia: Gratidão caminha livre- Arthur Guimarães

A cenografia da vida está em nossas mãos.
O espetáculo, dela mesma, escala os nossos pés.
Aos aplausos, chamam de felicidade.
A realização é tamanha e tão difícil,
tanto que lhe deram o nome de simplicidade.

No entanto, ao desejo do amor, o dizem estar nas nuvens.
Quanto à liberdade de vive-lo seja como bem quiser...
Cada ano passado seja o que se queria.
Deixemos hino ao gênero feminino da mulher.
Quanto ao novo, que chega, um atalho à sabedoria.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Psil

                                               Fotografia: A palavra é uma arma- Pereira Lopes
Toda palavra é psíquica
no seu momento de vida.
Todo poema é sentimento
da visão nela rompida.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Quebra cabeças O trago da seda)

-
Na explosão física dos sentidos,
uma pessoa demonstra sua grandeza.
Para que em sí não se esqueça.
Por mais que a realidade use vestidos,
Vive de desnudar velhas certezas.
-
                               Fotografia: ...Quebra cabeças- Helder J. Barreto

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

procê ( Banguelê)

Deixe o menino,
ele será mais destino
feito do homem que vier.
Deixe-o aos hinos
que o encobrem
à  futura mulher.

Homem arrimo
É só um sino qualquer.
Não tendo rumo,
será só imsumo
da fé.

Não fé consumo,
massa do húmus que isto é.
Poetisa de prumo
venha com o verso que tu és.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Falso self ( O circo da alma)

Fotografia: O rosto- Soraia Cardoso
Quem não vive
não serve
quem não serve
não ferve
Quem não ferve
não verve
Quem não verve
não escreve

Vive como quem deve,
quem não é leve.
Não tem força com F
Fica ausente,
escondido e excludente.
Fita o fora de si,
não se entorna evidente.

No entorno age como quem decora.
Não se atreve no real, no agora,
diante do outro apenas evapora.
Causa sem calças e com a realidade breve,
se a vida for feita na farsa do "FALSO SELF".

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Lacan de Língua II

Fotografia: Lacan_ "A relação sexual não existe"- Vitor O. Jorge
Às vezes eu cismo
O amor é dádiva ao outro,
ou doação ao narcisismo?

Vôo de abismo
O amar é prática de gosto,
ou redução ao niilismo?

Às vezes eu cismo...
.

domingo, 21 de novembro de 2010

Soneto em Tango ( Olhos nus)

Fotografia: Forever Tango- Gonçalo Silva
Um Tango vem rasgado no Bandoneon,
citando ao passo arrastado nossa dança.
Nas praças vivas vesperou pelo Leblon.
Pura energia vista em nua aliança.

Pisa a calma e a atravessa de calor,
a trama incauta do desejo é a confiança.
Moléstia é o Diabo louco do amor.
Nos corpos nus, alados quando a noite avança.

Esses jovens não sabem o seu colosso,
temem como se ao amar houvesse lei.
Não dominam bem os apartes do seu gozo.

Quanto ao amor dedico só o que não sei.
Pois dele assim me vale o que é gostoso.
Nunca dei por certo se é correto ou se errei.

sábado, 20 de novembro de 2010

Riscos de amar V

Fotografia: Ana's Song- Hugo Amador
Coisa que às vezes assusta.
No reino da individualidade
O amor é uma troca injusta.
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domingo, 14 de novembro de 2010

Mesa de câmbio ( A puta me contou)

Fotografia: Birds Of  Prey- Uri Kolker
O homem das posses fartas
trouxe ao lado quase vazia
a moça de posses poucas
com suas roupas vadias

Sozinho comprou o piano
Bebeu wisque cantou sozinho
seu corpo alugou enganos
ferveu de planos mesquinhos

A moça de carne incasta
iconoclasta dos carinhos
exibiu pose ginasta
dentro de um vestidinho

Sozinha como um arcano
grelo adubado na vinha
fez danos e entrou no cano
foi para casa sozinha

A solidão lícita em par
tentou matar a tristeza
Na cena vista de um bar
Amor e o comércio à mesa

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Poema desvairado ( O trago da seda)

Fotografia: Voyageur- Honey

O abandono é sem dono
A solidão não tem mão
O não saber é sem como
Perdido é sem solução

Qual a resposta da vida
Se a pergunta sei não?
Quando o desejo e a desdita
Trilham caminhos sem chão

A calma esconde brigas
despidas na desilusão.
Má sorte a ser comida
sem a fome da paixão.

O copo encobre feridas.
O tempo tapa tesão.
A noite salta saídas,
pecados e expiação.

No corpo zine a bebida.
No peito soçobra invento.
Não há no mundo medida
para a solidão lá de dentro.

Num trago da erva maldita,
vagando vai vela avulsa.
Neurônios bailam sem pistas,
sem solução, sem ternura

Do embargo cegando a vista,
num bar procurando a cura
ao aniquilar a conquista,
da vida que se expulsa



.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Estima, rima, enigma ( Mamulengo)

Fotografia: Nu-ABrito

A cada dia mais se faz estima à poesia feminina,
há nela um rasgo de intimidade pessoal.
Em seus versos germinam mais generosidade, mais força,
posto que em toda mulher há poesia, na sua verdade mais real.

Porque em toda mulher há o encanto de mais sentimento.
Porque em toda mulher há entrega, portanto há sofrimento.
porque em toda mulher há crença, há confiança, há intento.
Porque em toda mulher há solidão, unicidade, há perdão,
há a unicidade, o alento.

Em todo olhar feminino há a tecitura do momento.
Porque em toda mulher há a resposta da natureza á esperança.
Porque em toda mulher há o labor da multiplicidade.
Porque sob a visão feminina nunca é a vida algo que se apequena.
Porque é em toda mulher que ela, a vida, se origina e se expande.

É é nelas que o sonho humanidade se fabrica
em tempo, em corpo e em gente.
Porque na mulher, os sentimentos predominam
desde todos os inícios.

Ainda que todas se ajoelhem a um poema do Vinicius.

Quando a natureza humana, nelas, se instala,
a força se reinicia e se completa.
Porque a concretude dos desejos esta nelas, O útero da vida é delas.
Nelas o eterno se aloja, aguardando a luz do novo homem multiplicada.
No escuro do silêncio uterino das transparências do trazer humano.
Ainda que chorem de calor por alguém, em vigília interna.
Ainda que alguém de dentro lhes pule o muro transitório
e esse choro permeie a vida também.

Aonde uma mulher guarda tristeza, se deve desfazer as presas,
nas quais se agarram todas as mágoas.
Talvez, de quando desfeitas as tramas da primeira união,
a ausente destreza de algum amor desarrumado,
dos carinhos ou descaminhos da cumplicidade.

A mulher é feita de sentimentos, arquiva todos os momentos de desilusão.
Toda arranhadura da entrega, sem esquecimento.
Ninguém se entrega tanto ou mais ao amor que ela,
ninguém confia tanto, ou mais, no amor quanto ela,
ninguém se dedica com tal carinho à tamanha empresa e razão que ela,
ninguém trilha mais os caminhos do coração quanto ela
e ninguém sente a desilusão da separação tanto quanto ela.

Quando a intimidade feminina doí, a dor se evidencia de modo tal,
que  mesmo com a leveza de um sorriso souto,
mesmo com o charme luminoso ou as cores de um vestido novo,
os olhos denunciam se há mágoa, se há dor, ou se há marcas  cativas dessa desilusão.
Uma lasca de cristal partido no olhar feminino quando chora.
Os olhos femininos têm mais força para o abraço, para a o aconchego da verdade, para o colo, para a evidência do desejo, para o beijo, para o calor,
pra o sexo.

A sensibilidade se evidencia sempre, diante do que é frágil
na consistência do amor, diante da dedicação que se transtorne
em sofrimento, diante do hiato de afeto, entre um antes e um depois.

Talvez diante da mágoa, da perda, talvez do esfriar silencioso
do distanciamento.
Talvez o sismo, diante do imaturo acabar de uma paixão,
algo de inexplicável e íntimo lhe dói mais.
Nela o afeto embaçado fica mais evidente, nela a tristeza ganha um tom diferente, afiado, interno, inteiro.

Como é intima a tristeza feminina nos seus claros aparentes.
Não há algo que a vende à uma atenção mais apurada.
Nela não há fascínio, porque não há fascínio em tristeza,
mas há beleza, há delicadeza, há dignidade, algo comum à dedicação maior
à sua verdade, nua e clara.
Porque toda mulher é para o amor, toda mulher é para a beleza,
toda mulher é para a vida, a mulher é artífice máxima dela mesma,
da própria vida.
.
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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Versos dela ( Mamulengo)

Fotografia: Ela e eu- Mariah



Ela tem olhos de seda
Ela vem cheirando a mar
Ela é manha de rede
Ela é abraço de luar

Tanto é sábia e sede
Ela vive a cada hora
Agora pergunto quede
Seu sorriso de agora

Tanto ama de repente
Tem calor de ser vadia
Tanto quanto pouca gente
Vive a calma da alegria

Ela tem sons de desejo
Ela tem amor de amar
Ela afaga boca e beijo
Tem um nome popular

Ela vem Minas de queijo
Tem silêncios de falar
Tem a voz de um solfejo
Será ela ? Quem será ?

No seu corpo liberdade
A pele e de tato livre
Sua vida é ser verdade
Dela não há quem se prive

Ela é íntimo segredo
De agregar ela é pública
Não padece de arremedo
Ela é uma mulher única
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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Cuidados de amar. ( Mamulengo)

                    Fotografia: Arlequim- Rosana Cortes



Dissolução de amor vive de bares.
É próprio ao desamor o esquecimento.
O desamor separa os seus pares,
depois de se passar como um vento.
O desamor faz pouco e nunca muito,
ele vive de se fazer de desatento.
O desamor se esconde nos assuntos.
Desmorona de andar a passos lentos.
O desamor progride com os abalos,
neles se abstrai, perde o momento.
Se o desamor é cinza de cigarros,
a solidão é seu melhor rebento.

Não perca seu amor pelos lugares,
para que ele também não se perca.
Não descuide em atitudes vulgares,
o amor só resiste a quem mereça.
Não o deixe no descaso, não o risque.
Fique atento aos detalhes sem caretas.
Nunca o afogue em doses de wisque.
Amar é abrir os mares à trombetas.
Não deixe que o amor cultive raiva.
Se amor é compromisso, comprometa.
Não pense que o amor vive de laiva,
O amor queima qual calda de cometa.
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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Pobre e de pouca idade ( Mamulengo)

Fotografia: Clínica clandestina de aborto-André Costa
Pode parecer algo torto

estranho e até esquisito
homem falar de aborto
se é um feminino conflito

Porem sendo eu maldito,

esse tema é desconforto.
Pobres morrem, acredito,
não ocorre entre os ricos.

Se é da mulher coisa única.

No seu singular pode ser.
Mas por baixo dessa túnica
tem gente plural, pode crer.

A saúde é coisa pública.

Mulher merece viver.
Quantas delas ainda morrem,
tendo que se esconder?

Que vida há que defender?

Quando aos açougues recorrem?
Que povo é esse, e porque
esconder os fatos num totem?

Quando morre uma mulher,

morre um pouco a humanidade.
Não na fé, mas de verdade.
Pobre e de pouca idade.

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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Mora ao lado ( Mamulengo)

Fotografia: Ninho de amor ao por do sol
O amor jamais tem forma, é sentimento.
Também não tem preço e nem mercado.
Mas nenhum amor é puro, pois é ato.
Ele acontece, independe dos ventos

Recende felicidade, aprimoramento.
O amor é dádiva ao outro presente.
No ato não tem moral, é indecente.
Amar só não resiste ao rompimento

O amor é maduro fruto no palato.
É calor do outro dentro da gente.
Se vive não há que  ser urgente.
O amor é o seu alheio delicado.

O perdão é do amor mais consagrado
Não é vazio, nem pavio dependente.
No seu fato não comove, é residente
O amor vive na gente, mas mora ao lado.
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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Papo reto ( A puta me contou)

Fotografia: Homem T- Rui Sousa
Não adianta sofrer,
nem amar o homem ideal.
Ele nunca irá te comer.
O homem ideal não tem pau,
entra uma ideia dentro de você!
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Acadêmica ( A puta me contou)

Fotografia: Gata- Oliveira
Para gostar de mim,
rasgue o seu diploma.
Tem que ser vadia,
tem que ser Madona.
Se é vasta a alegria,
gata, então ronrona.
Se está vazia,
encho essa cona,
com minha poesia
dura, intentona.
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sábado, 23 de outubro de 2010

Com o balançar das cadeiras ( Perna Bamba é do Samba)

Fotografia: Corpo dela e eu- Bruna
-
Quem não verá,
não saberá!
Os trejeitos nas cadeiras,
que ela sabe dar...

É remelexo de Caruru,
tempero de Vatapá.
É Rabada com Angu.
Farofa de Alguidar.
Pimenta de arder Tutu,
É doce de Araçá,
Moqueca com Urucum,
cachaça de Pau Canela.
Batuque de Olodum,
feitiço quente, panela.

Abraço de ser feliz,
no corpo de quem a quis,
cintura de tremer fundo.
É Carnaval de entrudo.
Depois de entrar com tudo
dentro da brincadeira,
ela ainda me deixa mudo,
duro, vesgo, bicudo,
com o balançar das cadeiras...
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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Dia do poeta ( O analfabeto poético)

Fotografia: Era pra ser um dia normal- Camila Fontes

Ontem foi feriado.
Não fui a sarau,
não escrevi nada,
não li nenhum poema.
Fechei a fábrica de versos,
dei a mão pra minha namorada
e saí por aí.
Ontem eu fui normal,
ninguém nem notou,
acho que consegui!


terça-feira, 19 de outubro de 2010

Sonetinho para Maria.( Mamulengo)

Fotografia: Orquídea Vermelha-Maria Moreira
Maria teima em trazer um triste olhar no peito.
Desses de fim de amor, quando sobra tristeza.
Fita um desvario danado, de algo desfeito.
Dizendo que não pode amar sem uma certeza.

Maria pensa que o amor é sempre dor sobre a mesa?
Algo que não lhe valha algum outro proveito?
Espero que mude de ideia, pense outra natureza.
Venha para os meus braços reinar a melhor fraqueza.

Maria venha brincar! O amor é mesmo imperfeito!
Deixa essa tristeza pra lá, venha para a surpresa.
Às vezes para ir ao mar, um rio muda de leito.

Venha ser feliz agora, não tenha tanta rijeza
Ficar por aí sozinha, isso não é direito.
Não me faça mais esperar, faça essa fineza.
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sábado, 16 de outubro de 2010

Apenas homem ( Mamulengo)

                                                       Fotografia: O diabo saiu à rua- Francisco Fadista

.
Hoje, passando no fio da navalha,
vi o tenaz desejo e a solução.
Tinha um beijo guardado no teu sonho.
Tião medonho sou, o teu ladrão.

Diabo coxo de vinho e adrenalina,
peguei-te o sonho com as minhas mãos.
Joguei teu corpo num lagar vindima,
depois pisei com o coração.

O amor que queres é mesmo incorreto,
Algo como os que trazes na memória.
Mudo em ti os fatos, sou o incerto.
Sou eu a diferença dessa história.

Todos que amaste não me valem.
Sofrimento alheio, menos então.
Tenho na vara que te invade,
a alegria inversa da paixão.

O que importa aqui é corpo, e arde.
Negar-te ao calor, é solidão.
A minha diferença é o fio da arte.
O meu amor, por gosto, é mandrião.

Ninguém jamais te amou assim.
Nem que assim se pareça também.
Não tenho começo nem sou fim.
Apenas um homem que te faz bem.
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Lacan de lingua ( Mamulengo)

Fotografia: Entre o Purgatório e a Psicanálise- Maria Marques
Às vezes eu cismo.
Poesia e Psicanálise
vivem um lesbianismo!
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Vou pro Samba( Perna bamba é do samba)

Fotografia: Ela Samba-Alexandre Pinta
Vou pro samba na esquina do pé sujo.
Vou levando a cuíca na sacola.
O pé sujo fica lá no Caramujo.
Me acompanham um tantan e uma viola.

Vou pro samba porque o samba é da hora.
Tem Arlindo, Paulinho e tem Cartola.
No Samba ponho o coração pra fora.
"Cantando eu  mando a tristeza embora."

Vou pro samba pra festejar o Cacique.
Vou tocar pra uma moça que rebola.
Quando ela samba algo em mim liga num Clik!
No repenique me anima essa senhora

Vou pro samba que o samba esta me esperando,
quando ele chama tem que ser, é sua glória.
Se eu não fosse seria homem que desiste.
Isso não existe, porque vou pro samba agora.

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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Aos mestres ( Mamulengo)

Fotografia: Cavalo Marinho do Mestre Salustiano
Mestre é o que ensina o outro
o que a si soube prover.
Mestre é o que ganha pouco,
Vira-se em oito para viver.

Mestre ilumina mentes,
rega  sementes,
faz florecer.
Mestre vive apertado,
passa o legado
para o outro crescer.

Mestre sabe a esgrima,
tem auto estima,
abnegação.
Mestre não desanima,
vai construindo o cidadão.

Mestre trabalha em casa,
criando asas
de imaginação.
Mestre que vira as noites
com tantos cadernos para correção.

Mestre é a quem devemos
a queda das vendas da escuridão.
Mestre que é ágora e templo,
dedica a esperança à nossa Nação.
.
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Gozou coração ( Mamulengo)

Fotografia: Para o meu Amor-Márcio R. de Souza

Poeminha para Jô

Essa moça chegou mansinho,
quebrou a louça dentro de mim.
Temendo que alguém nos ouça,
cantamos Lorca em Mandarim.

Essa moça tem um trejeito,
que  me fascina ao se despir.
Rebola a bunda de um jeito,
pra calça apertada poder sair.

Depois que pula na cama,
traz é uma dama de cabaré.
Fatal e de carne quente,
passa-me ao dente, essa mulher.

Essa louca fala baixinho,
diz-me carinhos de por em pé.
Depois abre os seus lábios,
todos molhados de frente e ré.

Seguro bem apertado
como um tarado as suas ancas
de jeito inusitado meto de lado
 a perna que não manca

Os nomes ditos e ouvidos,
são sustenidos, chuva de prata.
Mexem com a minha libido,
os seus gemidos de vira lata.

Veludo tem a canina,
com a boca rima capa e espada.
Depois se aninha em cima,
dançando o corpo de namorada.

Volto, desço  ainda,
aonde me acho, a nua senda.
grelo de guardar língua
só para vê-la alagar a fenda.

De mim ela engole tudo,
como charuto de degustação.
Eu nela entro bem fundo,
então pergunto, gozou coração?
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terça-feira, 12 de outubro de 2010

Crianças ( Mamulengo)

Fotografia: Sorriso de criança-José torres
Todo mundo é criança
Todo mundo pinta a cara
Todo mundo brinca e dança
Todo mundo da risada

Todo mundo vê palhaços
Todo mundo chuta latas
Todo mundo quer abraços
Mariola ou marmelada

Todo mundo deita e rola
Todo mundo vai à praça
Todo mundo chuta bola
Todo mundo faz pirraça

Todo mundo da beijinhos
Todo mundo acha graça
Todo mundo é novinho
Quando a novidade passa

Todo mundo quer um cheiro
Todo mundo da as mãos
Todo mundo quer brinquedo
Todo mundo é coração

Todo mundo chora medos
Quando o bicho é papão
Todo mundo tem segredos
Pra contar na escuridão

Todo mundo come o doce
Todo mundo quer prazer
Todo mundo vê gigantes
Quando para de crescer

Todo mundo fica grande
Passa anel de Bambolê
Todo mundo tem instantes
De desenhos na TV

Todo mundo vê princesas
Todo mundo lambe o prato
Todo mundo é sobremesa
Todo príncipe é sapo

Todo mundo tem estima
Todo mundo é short ou trança
Todo mundo tem esquinas
De retratar na lembrança.

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Caldinho de feijão( perna bamba é do samba)

Fotografia: Bar- José
Meu amor tenho olhos tristes agora,
de onde venho a saudade se demora.

                                       Os meus braços te desejam abraçar.

Rodei mundos de chão noites afora,
na Serrinha namorei outra senhora.

                                      A solidão enganou o meu olhar.

Meu amor se vestiu de dama fina,
maltratando um vadio de esquina.

                                      Fiz-lhe um samba bem facinho de cantar.

Ela disse esse samba não tem rima,
seu desejo, poeta, é só estima,

                                    seu abraço é de balcão de bar.

Meu amor fez um sorriso de atriz,
desdenhando  dos beijos como esfinge.

                                      Muito esnobe no mundo de quem finge.

Pôs o encontro vazado na ilusão,
foi-se  embora, de mim, porque não quis,
esse samba com feitio de raiz

                                    num torresmo no caldinho de feijão.

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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Ciclo ( Mamulengo)

Fotografia: Espetáculo- João Chaves
Quando acordo ontem,
tenho muito trabalho.
Refazer a vida em um dia
novinho em folha,
para aguardar a memória
amanhã.
.

Para minha amiga sorrir ( Mamulengo)

Fotografia: Alegria, alegria- João Freitas
Para Helena Schilling
.

A minha amiga bonita,
de toda, é mulher beleza.
Tem nos olhos jovem brisa,
tem charme de baronesa.
Meninas de poetisa,
convívio de igual leveza.
Pois essa amiga tão linda,
cheia de vivacidade,
em si mesmo sofre ainda,
farpas de amor saudade.

Amado inconsequente,
esse sujeito insolente,
trazendo a tristeza rente
à minha nova amizade.
Se eu fosse cabo ou tenente
mandava esse delinquente
voltar-lhe a felicidade.
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A lá Bangu ( Mamulengo)

Fotografia: Bangú- Núbia Andrade
Deu no New York Times
que o nosso amor se acabou
no caminho de Anchieta,
Realengo e Jabour
de fato ele respirava
meia bomba a lá Bangú.
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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Propaganda enganosa ( Mamulengo)

Fotografia: propaganda- José de Almeida


Campeão do infortúnio
na ilusão do desejo,
desperdicei pecúlio
na esperança de um beijo.

Toquei fogo em gasolina,
fiquei nu de alma suja,
dei vexame na esquina,
pelo amor da dita cuja.

Pratiquei piores vícios,
Para ver se a seduzia.
Li poemas do Vinicius,
atolei-me em vaca fria.

Errei todas as cantadas,
acumulei prejuizos.
As cartas do amor são marcadas.
Meu peito não tem juizo.

De fato se preconiza,
mudar o rumo da prosa.
Do amor eu aviso amigos.
É Propaganda enganosa.

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Sobre o nada ( Mamulengo)

Fotografia: Ensaio sobre o nada João Veríssimo

Flaubert quis um livro sobre nada.
Manuel De Barros escreveu
um livro sobre o nada.
Não sobrou mais nada,
de modos que eu não tenho nada
que possa escrever aqui

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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Tributo ( Mamulengo)

Fotografia: Uma boa leitura-Elmo
Muito bom entrar numa livraria,
dessas que possuem um café.
Escolher dentre todos os livros,
todos disponíveis, um que
atraia a mais a atenção.
Folhear suas calmas páginas de pele
Cuidadosamente.
Decidir por aquele que o chama,
sem ter a obrigação de ler.
Entrar e se sentar.
Respirar fundo consigo,
pedir um café curto,
uma água na taça.
Dedicar-se à leitura,
mergulhar nela.
Esquecer o tempo.
Ler à vontade,
até se locupletar de suas ideias.
Mas não compra-lo em absoluto,
pois isso quebraria o encanto.
Em vez disso, devolve-lo ao seu silêncio,
com o carinho dos cúmplices,
num ritual delito da volta
ao seu lugar na estante.
Então com a plenitude abastecida,
sair com as ideias colhidas,
sem pagar nada.
Apenas por dádiva de grandeza,
um tributo à gratuidade e ao tempo.
Apenas uma resenha de humanidade.

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Um olhar ( Mamulengo)


Para Jean C. Brasileiro

Dos sapatos de ferro da infância,
talvez eu traga na lembrança,
mais que os passos da memória.
Com eles perdi arrogâncias,
devido às circunstâncias
de um outro modo de andar.

A vida sob outros ângulos,
ensinou-me a persistência,
em cada chão novo de pisar.
Com ela me fiz homem
de corpo e de consciência.
Errático, erótico, erudito e popular.

Direto mesmo ao assunto
construí um homem ímpar,
um corpo ereto, de cara limpa
Roubei beijos, subi grimpas
quebrei medos, criei fundo.
Em mim não há o que minta.

Vivi meus anacolutos,
abandonei os absolutos,
até o amor me acalmar.
Se trago ainda alguns sustos,
com o tempo são diminutos,
eu os acalento no olhar.

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Arpas ( Mamulengo)

Fotografia: Hugo Paniche
Certas amizades criam aspas,
outras criam farpas.
Quando quero subo escarpas,
para buscar as minhas íntimas amizades.
São as arpas !

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terça-feira, 5 de outubro de 2010

Cacique( perna bamba é do samba)

Meu coração é Cacique em mim,
é de Ramos.
Minhas veias de tamarineira
são as chamas.
Já tenho nas pernas passos beiras,
Suburbanos.
Bira e seu celeiro
só de bambas.
Sambando vamos,
seguir o caminho da rua Uranus.

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sábado, 2 de outubro de 2010

Arte da tarde ( Mamulengo)

                                         Fotografia: Amor perfeito- Diana Figueredo Costa

A tarde espreguiça lá fora.
Aqui dentro a arte é senhora.
Vai à cozinha,
faz um pão quente.
Come-o como a mim.
Vai ao banheiro,
escova os dentes.
Lava o corpo no chuveiro.
que bem lhe caia
Passa nos cabelos
meu velho pente.
Veste uma saia,
bem displicente.
Escolhe camisa no camiseiro.
Da-me um cheiro,
de seu primeiro.
deixa a toalha no secador
e vai embora dizendo
tchaw amor.

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De costas ao mar ( Mamulengo)

Fotografia: Sob a sombra da pátria amada
 
Amanhã,
de um país virá seu povo!
Essa manhã vira seu povo!
A manhã de um país.

O verá seu povo!
O amanhã de um país!
O viverá seu povo!

Qual amanhã?
Em que Manhã?
De onde virá?
O que verá?
Em que lugar
desse país?

O que será que será
Nação matriz?
Que povo há de chegar
desses "Brasis",
de costas ao mar?

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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Orquestra (Mamulengo)

Fotografia: Dança de salão- Gemerson H. Dias

Dançar é levar o corpo
para passear na música!
.
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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Vadia ( Mamulengo)

                                                               Fotografia:Voa beijo voa-Sônia Cristina Carvalho

A poesia é uma namorada vadia.
Beija a boca da gente,
some no meio da noite,

volta depois de alguns dias.
Não fala ao poeta aonde foi,
mas vem cheia de alegria.

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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Aos poetas que a portela espera.( Perna B. é do samba)



Aos meninos que não sabem Samba,
Às meninas que só querem sambar.
Pois o Samba tem mesmo uma trama,
quem o souber viver, sarava.

Os meninos bem vêm a farra,
mas não respeitam o alguidar.
Tremem com as pernas bambas,
Eles não sabem sambar.

As meninas querem Portela.
Querem no azul amar.
Mas o amor tem tramelas,
comuns em toda favela
com segredos para entrar.

A porta que existe nelas
É cultura de sentinela.
Têm na linhagem do samba,
a língua mais popular.
Bonitas, passam à verá.
Mas o que mais lhes apressa,
é mesmo o presságio de amar.

Para isso não tem tempo certo,
sejam melhor incorretos,
tropecem de bar em bar.
Nos corpos mais prediletos,
bebam todas as doses.
Cirrose de amor é saudável
depois do amor, é sonhar.

Talvez no caminho errado
posto que o errar vicia,
O tempo da bateria,
se mede no couro aquentar.
Não no que dele se estoura,
com mais um beijo na lista.
Couro que estoura na pista
não vê a rainha passar.

Viver o amor é um feitiço.
Ninguém tem nada com isso,
se outros quiseram gozar.
Meninos não fechem as portas,
porque amar é o que importa.
O samba do amor não tem volta,
feliz de quem o cantar.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Meu homem ( A puta me contou)



Fotografia: Casal de São Vito- Monica Cardoso
Imail enviado por Jô a escrava do amor
.
Meu parceiro de crença.
Meu amigo de amor.
Entra sem fazer dor,
também sem pedir licença.
Esqueço das desavenças,
apago o dissabor,
trazido  de outro homem.
Embrenhada de calor.
Vem pela porta dos fundos,
vaza meu corpo junto.
Muda os meus profundos,
pinta em mim outra cor.
Derruba paredes e muros,
desfaz histórias e lendas.
Mostra-me um outro mundo,
no qual mistérios desvenda
Abre em mim uma fenda,
por onde liberta o ontem,
sem me pedir que lhe conte.
Inventa-me de outro jeito,
instala-se no meu peito,
bem aqui e bem agora.
Nisso eu fico feliz,
mesmo se a manhã diz,
que ele se vai embora.


Pizza ( Banguelê )

Fotografia:A bela pizza-Cristina Bento

O que se faz de cultura de massa
Hoje é cultura em massa
Amassa, amassa, amassa
Uma pasta retrátil e elástica
Podendo romper ou conter cultura.

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O mar quando Quebra ( Mamulengo)

               Fotografia: Os Homens e o mar-Mrsuigeneris


Tem Hora
que o mar
de dentro
da gente
é maior
que o mar
                                         Lá de fora

O mar
inconsciente

É rede
É rente
Fervente

Ressaca
quando
evapora

É sede
Vidente
E sente

O outro
é indiferente
Somente
quebra
Insolente

Ontem
amanhã
                                         E agora.

.
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domingo, 26 de setembro de 2010

Ilú ( Mamulengo)



Para quem tem olhar de araque!
Recomendo ouvir  O Mundo,
na voz da banda do André, o Karnak.
Para se olhar, para se enchergar a valer.
Para ouvir-se, ouvindo o Ilú, o Atabaque.
No que soa Candomblé  na fala Alabê.

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Cadê ( Mamulengo)


Fotografia: Gargalhada-Bruno Ricardo

Talvez o que procuro,
esteja nos olhos do ciclone.
Se talvez lá não esteja,
esteja na língua sem nome,
dos lábios finos de sorrisos.
Como a esconder avisos.

             Nas ondas do mar mais maduro,
              no escuro arriscado esconjuro,
              no caminhar casuísmo,
              do meu próprio tsunami.

Talvez o que procuro,
seja eu mesmo nesse escuro,
já tendo perdido o liame.

              Por isso, caso não me encontre,
              ao pronunciar o meu nome,
              eu tenha um codinome,
              para acomodar os cinismos.

Caminhos de passos duros,
sem as aparas dos seguros.
Modo estrangeiro de viver.

                        Talvez  o que procuro,
                        eu traga nos olhos dos murros,
                        dados nas pontas das facas,
                        com o perfume de alfavaca,
                        na carne dos inseguros,
                        para fazer o acontecer.

Nos tratos de submundo
os rasgos calam profundo,
quebrando pontas de estacas,
com as gargalhadas de prazer.
.
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sábado, 25 de setembro de 2010

Na linha


Fotografia:Bola na rede é gol -Rafael Neddemeyer
Amor, passe perfeito
entre jogadores
no futebol do peito
.
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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Revelação ( Olhos nus)

                                           Fotografia: Inconsciente-Cecília Hudec

Se a linguagem não diz tudo,
no conteúdo das palavras,
tem um pedaço que é mudo,
é escuro,
é secreto.

Esse pedaço silêncio,
esconde no seu concreto
um misto de atitude,
revelação e afeto.

Por trás do comportamento,
preserva o seu absurdo.
Parte que não se pensa,
aparece em corpo desnudo.

São atos soltos no vento.
Revelados amiúde,
no seu passar desatento.
Como algo grafado em latim,
na tessitura dos vetos.

Histórias, fatos sem língua,
memórias caladas em medos.
Qual vegetação de restinga
espalham-se em interditos.

Lá o poeta entra, e briga,
para buscar o poema
do olhar, que hora lhe acena,
mas que ainda não foi descrito.
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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Será a tarde? ( Mamulengo)

Quando a primavera chega,
é claro, é cor.
Iluminação de todos,
claridade de entrudo.
Calor de felicidade.
Vaidosa a natureza
invade em delicadeza
tudo, tudo, tudo.
Perfume de todo mundo,
semeadura de liberdade.
Estação de alegria
Violinos de Vivaldi
na flor da diversidade.
Quando a primavera chega,
é claro e estou.
Ouvidos, visão, olfatos, sentidos....
No tato do seu calor,
alguma parte me arde.
Será a tarde?
Será Gullar?
Será?
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Fotografia: É primavera- Carlos Oliveira

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

De grife

Fotografia: Caricatura-Carlos Barcellos
Quando o sarau é de grife,
a poesia não resiste.
Se por lá chega,
rapidamente evapora.
Deixando só um esquife
de conteúdo pobre.
Sem qualidade longeva,
feito de cascas de palavras,
cujo sentido se deprava,
no cheiro, numa bandeja.
O que essas cascas encobrem,
na fantasia de nobre
é o caricato da cena.
São tatuagens de rena,
Versos que não valem a pena,
A que dão o nome de poema
onde a poesia foi embora.
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