Citações

A palavra é o fio de ouro do pensamento.


SÓCRATES

sábado, 5 de novembro de 2011

Basta rir dessa piada ( O trago da seda)


Fotografia: I see you-Carina Guimarães
Hoje a poesia não tem nada pra dizer
Sem conter assunto ela não vai falar nada.
Vou deixar que a rima venha ao seu belo prazer.
Dizer o quer que seja, qualquer coisa desejada.
O poema ganha nisso, um tópico bem blazê.
Ganha uma amplitude de matar qualquer charada.
Nosso tema agora, portanto, é o que será o quê ?
Num karaokê de versos de língua  colada.
Posso até dizer que versa sobre o que o é não ser.
Se não há nada a dizer, nada há nessa parada.
Fantasio e pinto  a cor mais tinta do Tiê.
Quem não o entender pode entrar na embolada.

Se o poema é flor, é uma florada Ipê.
Se o poema é samba, vai varar a madrugada.
Ele não tem nada  a crer, ele é feito por você.
Se o poema é dor ele é causa apaixonada.
Mas se ele for Quintana, vai ter que entrar um tchê.
Só para lembrar que ele voou com a passarada.
Se o poema é tolo, ou vier tolo auê,
levo-o á praça com toada engajada.
Nesse belo embrulho, laço os olhos de quem lê
de uma forma zen, mas, não tem mais que faixada.
Ainda assim em versos, vai poema sem brevê.
Mesmo sem ter graça, basta rir dessa piada.

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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Cachaça ( O olhar da carranca)

Fotografia: Cachaça e pimenta-Alberto Rugiero

Tenho que reagir a meus desgovernos
Organizar a solução já por princípio
Desgovernos se agarram como os vícios,
instalados em nossos recantos ermos
Nesses termos se parecem precipícios
Desses pontos não se chega a bom termo
Perco o tempo nesse fato desperdício
Com sequelas de fundo até creditício,
Vendo a vida sobre a ótica de um enfermo.

Devo achar comigo nisso um armistício
Parar de brigar eu comigo mesmo
Escrever é agora o meu ofício
Meu abrigo, cachaça boa, torresmo
Em cada verso ponho a palavra difícil,
nos caminhos das linguagem como sesmo
Um poema foge do meu hospício,
occipício de um louco vitalício,
aonde as rimas escapulem sempre a esmo
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terça-feira, 1 de novembro de 2011

Barbitúrico ( O olhar da carranca)

                                                               Fotografia: Sempre uma palavra - C.Viena

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O mundo muda todo dia a cada minuto, a cada hora.
Deste universo real eu tenho um lugar, não sou o único.
Sofro o custo fatal de cada dose bebida em ácido úrico.
Tudo que escrevo, apenas poucos leem, embora público.
Assim palavra é pensamento na sua forma mais sonora.
Quando escrita pode servir como saudável barbitúrico.
Para vazar aquilo que no verso é a vida que evapora.
Assim servida em prato quente, sai ao dente e vai embora.
Enquanto minha alma ri, no dedão do pé, a  calma chora.
A poesia vem comum, sério evento em um tato lúdico.