Fotografia: I see you-Carina Guimarães
Hoje a poesia não tem nada pra dizerSem conter assunto ela não vai falar nada.
Vou deixar que a rima venha ao seu belo prazer.
Dizer o quer que seja, qualquer coisa desejada.
O poema ganha nisso, um tópico bem blazê.
Ganha uma amplitude de matar qualquer charada.
Nosso tema agora, portanto, é o que será o quê ?
Num karaokê de versos de língua colada.
Posso até dizer que versa sobre o que o é não ser.
Se não há nada a dizer, nada há nessa parada.
Fantasio e pinto a cor mais tinta do Tiê.
Quem não o entender pode entrar na embolada.
Se o poema é flor, é uma florada Ipê.
Se o poema é samba, vai varar a madrugada.
Ele não tem nada a crer, ele é feito por você.
Se o poema é dor ele é causa apaixonada.
Mas se ele for Quintana, vai ter que entrar um tchê.
Só para lembrar que ele voou com a passarada.
Se o poema é tolo, ou vier tolo auê,
levo-o á praça com toada engajada.
Nesse belo embrulho, laço os olhos de quem lê
de uma forma zen, mas, não tem mais que faixada.
Ainda assim em versos, vai poema sem brevê.
Mesmo sem ter graça, basta rir dessa piada.
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