Fotografia: A contorcionista Paulo Coimbra Amado
A preguiça é sempre a inquieta
e difícil arte de não fazer nada.
É a ocupação mais completa,
é capacidade do atleta
focado em única meta
da essência desocupada.
Há que respeitar o seu ritmo,
olhando a vida com calma,
Potência de logaritmo,
é assim que ela é.
Ocupa dos dedos dos pés
até o fundo da alma.
A preguiça tem seus mistérios,
precisa concentração mesmo,
não basta ficar parado
com o olhar estacionado,
não é fazer nada a esmo.
É mesmo um assunto sério,
nem todos são preparados.
Para muitos há espinhos cardos
que impedem seus privilégios,
em muitos causa tenesmo.
Essa virtude tão sábia
por si já da tanto trabalho,
que muitos lhe metem malho,
que muitos lhe gastam lábia
contrários à sua batalha.
Os tantos querem cangalha,
ou murro em ponta de faca.
Depois reclamam do talho,
guardado em fronte grisalha.
Preguiça é o drible da vaca,
é a perfeição mais asceta
que a nossa vida arquiteta,
não tem erro, nunca falha.
Sendo atitude completa,
ela não permite atalho
onde o trabalho se meta
armando sua barraca.
Essa tão nobre atitude
não é dada a qualquer ser.
É preciso ter virtude,
É preciso merecer.
Ter latitude e longitude,
ou mesmo aptidão,
ser dono maior do tempo,
saber degusta-lo lento,
não o deixar ser patrão.
Qualquer movimento rude,
se o puder, faça não.
Acalme a respiração.
Cuidado, não se assuste
com o feitio do prazer.
Tenha-o por premissa,
concentre-se na preguiça,
deixe-a tomar você.
Para ler poesia basta ter calma, Para ler Poesia basta ter paixão, deixe-a incidir subcutânea, trama das retinas à veia aorta para faxina do coração.
Citações
A palavra é o fio de ouro do pensamento.
SÓCRATES
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O levantador de peso no circo da alma
Fotografia: O circo III- Gustavo Longo
Mágoa é um ressentimento,
é tralha de fundo de sótão.
Crava seus dentes na gente,
queimando em larva candente
derramada no coração.
Concreto armado em silêncio,
construindo ao longo do tempo
um monumento ao descontente.
Pobre de quem o sente,
é um inimigo do perdão.
Tragedia interna e tardia
que dista do arrependimento,
na lenta dramaturgia
percorrida em passos lentos,
rumo ao culto do sofrimento
revido em mais solidão.
Resultado de um agravo
do qual se torna escravo
o fígado pertinente.
Chicana da afetividade
petrificada no vento.
Sua triste fisionomia,
ganha um maior acento
na solução sem solução
Mágoa é um ressentimento,
é tralha de fundo de sótão.
Crava seus dentes na gente,
queimando em larva candente
derramada no coração.
Concreto armado em silêncio,
construindo ao longo do tempo
um monumento ao descontente.
Pobre de quem o sente,
é um inimigo do perdão.
Tragedia interna e tardia
que dista do arrependimento,
na lenta dramaturgia
percorrida em passos lentos,
rumo ao culto do sofrimento
revido em mais solidão.
Resultado de um agravo
do qual se torna escravo
o fígado pertinente.
Chicana da afetividade
petrificada no vento.
Sua triste fisionomia,
ganha um maior acento
na solução sem solução
terça-feira, 30 de outubro de 2012

O Mágico no Circo da alma
Fotografia: Da cartola!- Ribeiro
O orgulho é por si um autoimune.
Vagueia entre os olhos e a mente.
Para muitos é mal de semente,
quando é pura soberba impune.
É um ilusionista, o insolente,
quando ilude no que é aparente,
como jeito qualquer em que se arrume
outra força maior, e mas silente.
O orgulho paramenta um perfume.
Quando é altivez tem lá razão,
mas perdido, em defesa, é estrume.
Se é limite, é pobreza e presunção.
A arrogância é casca, um tapume.
Escondendo algo na escuridão
da cartola negra dos costumes,
nas couraças com odor de curtume,
depositárias de uma outra tenção.
O orgulho é por si um autoimune.
Vagueia entre os olhos e a mente.
Para muitos é mal de semente,
quando é pura soberba impune.
É um ilusionista, o insolente,
quando ilude no que é aparente,
como jeito qualquer em que se arrume
outra força maior, e mas silente.
O orgulho paramenta um perfume.
Quando é altivez tem lá razão,
mas perdido, em defesa, é estrume.
Se é limite, é pobreza e presunção.
A arrogância é casca, um tapume.
Escondendo algo na escuridão
da cartola negra dos costumes,
nas couraças com odor de curtume,
depositárias de uma outra tenção.
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