Citações

A palavra é o fio de ouro do pensamento.


SÓCRATES

sábado, 22 de agosto de 2009

Riscos de amar- III(a puta me encantou)


      O Sr. Não Está Só... Um Amigo em Toda Parte...,1966, Rubens Guerchman

O amor não permite abstinência,
nele não há ditame, não há pecado, só perdão.
Em falta morre-se lentamente sem clemencia.
O amor é o iconoclasta da razão.

Riscos de amar- IV( a puta me encantou)

Eles e Elas, 1965,Ivan Serpa

O risco de amar atravessa a esquina,
pode o amor se quebrar faltando rima.
É quando o olhar já não ilumina
um novo lugar dentro da rotina.

É quando um do par desloca a retina,
ou o que era mar vira uma piscina,
a união das cores já não se combina.
Aí a cumplicidade vira assassina.

Chora a tempestade nesse amor que fina
já não incendeia o fogo em gasolina
um sol de peneira forjada em cortina

Ah! quanta vontade de estricnina,
quando a paz amada é só disciplina,
e o que era mais, hoje nem se estima.

Riscos de amar - II(aputa me encantou)

Moça no bar- s/d-Yuji-Arimizu
O ciúme é um crime do amor,
quando sofre de apropriação indébita.

Temor, dor reflexo de outra dor,
que dói com a cena inédita.
Mesmo assim contem sabor.

É leite que sai da pedra,
é tanto que não se pega,
é cortina de fumaça,

inseguro quando passa
temeridade, fé madrasta.
Fogo frio sem calor.

O ciume é imponderável.
Tormento vivido em solidão,
fermento do irreconhecível,

enrijece quem é amado
em um cárcere privado,
nas cavernas do coração.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Anti- herói(a puta me encantou)

Fazendeiro com o burro e o balde-1950-Karel Appel


Meu corpo e único cárcere , é de onde fujo quando em vez . Parece que o faço com arte, mas o que eu faço quando dele escapo , é ir para dentro de outros olhos, e de la, nesse esconderijo escrevo por uma exigência do que esses outros olhos vêm. Eu fico cego como o cantador Aderaldo.
São eles então que fazem suas considerações livres, quanto a mim? Somente e apenas transcrevo tudo aquilo que dizem. Se isso é arte não sei , mas sei que é visão dos outros.
Sobre mim mesmo nada digo , de mim não há nada a dizer que valha a pena, mais vale o que eles os outros olham , o que lhes chama a atenção.
Esse é o ponto de vista que expressa um valor de fato, é dele o relato, só faço uma transcrição e mais nada.
Quando saio de mim assim, ando bem devagar nas ruas, para que esse olhar a mim mesmo liberte e assim possa observar tudo por onde passa; Sem que qualquer descuido meu possa ferir essa sutil observação.
Qualquer pressa minha seria ato danoso, então procuro caminhar nos fatos com o máximo silencio possível nos pés, meu olhar percorre a realidade como quem pisa em papel arroz.
Às vezes para não ser notado e não atrapalhar em nada esse olhar, eu chego bem de mansinho , sem estardalhaço. Estando dentro dos olhos, ainda assim, me despedaço das roupas da timidez; Descubro-me de sua capa de fumaça.
Uso somente um chapéu à noite, para que ninguém possa notar que saí de mim e venha procurar-me aqui, dentro desses outros olhos de os rever, que não são os meus , repito.
Assim, já fora de mim , tudo é despreocupado , qualquer verdade me vale, pois já declinei da razão. Sem ela me sinto mais leve, posto que a razão pesa e cansa como fantasia de escola de samba depois do desfile quando chove.
Por não portar razão, fico livre para variar das ideias de acordo com os olhos dos outros.
Para poder voar nos versos desligo minha personalidade, deixo que fique hibernando um tempo.
Para que serve também, enfim, a personalidade? Parece sempre forte e bonita essa moça rígida, que anda sempre comigo e se pinta de razão; Na verdade virou um castigo de super-ego que tenho que carregar.
Quando saio de mim, abandono os princípios como a um terno fora de moda, ou uma gravata antiga numa camisa de força.
Lembro-me do velho e moderno Mário de Andrade, depois de uma certa idade já tinha o Macunaíma, aquele herói sem caráter. Então jogo o meu fora, sopro a cocaína e vou embora drogado no que é real. Não drogado de alcaloides, que esses me afetam os músculos e eu já sou descoordenado o bastante. Hoje minhas drogas são mais fortes, são as ideias. Também não as minhas, que delas já estou cansado, por isso saio de mim e pulo para os mais dessemelhantes olhos, que de olhar tenham mais coragem que a minha, já esgotada a tapas.
Também não pulo para qualquer par de olhos, evito os olhos graves pois estão sempre muito ocupados e sisudos ou tristes, de tristezas me basto . Quero saber é de alegrias, de folia , de fuleiragem.
Quando quero falar de amor, primeiro eu me desnudo de todo e qualquer preceito, isso é fundamental. Depois jogo fora as regras que organizam meu transito, então, estando pelado das peças da ilusão, eu procuro somente as meninas dos olhos, mas somente aqueles apaixonados. Ali então me hospedo por um tempo não contratado , aonde o sublime é incorreto, o abraço é apertado, o beijo é das línguas, e o corpo é rasgado como papel de presente aberto ao suor da intimidade amorosa.
Quanto ao olhar, se acaso nele uma lágrima desce, é porque nela , quando não tenho a paixão sou eu sendo despejado.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

PRECONCEITO(o trago da seda)

A cara- 1975-Cildo Meireles


QUANTO CUSTA O PRECONCEITO,  A QUEM O SOFRE EM SIGILO.
É UMA QUESTÃO QUE CABE AQUI SEM RESERVAS REFLETIR.
OLHANDO OS OLHOS DE OUTROS, SENTINDO NOJO DE ZUMBI,
QUANTO CUSTA O PRECONCEITO DENTRO DE ISTO OU DAQUILO.

VIVER PENSANDO UM SO JEITO       É DEFEITO INTERATIVO,
AO SABER ANTES DO LEITO         SEM SE DEITAR PRA DORMIR.
QUEM PRATICA O PRECONCEITO     É SEMPRE ESCRAVO DE SI,
TRAZENDO EM MENTE PRECEITOS DE PRÉ-PENSAR EM ARQUIVOS.


VER UM ADÓNIS PERFEITO               É ENGOLIR SEM CUSPIR.
SEMPRE SE QUER POR CORRETO,   SEM DUVIDAR, DE OUVIDO,
FALSA IDEIA DE UM TODO QUANDO  É PARTE, É DIVIDIDO,
TRAZENDO NO FALSO BEIJO, UM MOLDE SEMPRE A EXIBIR

A VIDA MOSTRA AO VIVER               O PRECONCEITUAL ABISMO,
A OLHOS NUS FAZ SENTIDO, EXCESSO INDIVIDUAL.
NÃO É OPÇÃO DE GOSTO,              NEM PERSONALIDADE REAL.
A INTOLERÂNCIA SEM GOZO           É CEREBRAL PRIAPRISMO.
.