Citações

A palavra é o fio de ouro do pensamento.


SÓCRATES

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Fio da meada ( A puta me contou)

Fotografia: Com a mão na Massa- Inácio Silva
Madame faz compras no Carrefour.
Pastrame é salame que se come.
Casino é perder dinheiro em jogo.
O poder faz o circo pegar fogo.
Cor de rosa assim dinheiro some.
Os impostos são caros pra xuxú.

Um francês quer comprar o Pão de açúcar,
mas o outro comeu um pedaço dele.
Nessa teia de aranha, nessa rede,
Dom Diniz vem ao pote e traz a sede,
no social de um banco com esse nome,
brasileiro entrou com grana puta.

Dom Diniz que de bobo não tem nada,
Já tão rico comendo a marmelada,
essa herança, o deixou um português.
Enche a burra de Euros na jogada,
revendendo esse Pão mais uma vez.
Esse pão tão popular, já tão Francês.

Num negócio que cheira a coisa errada,
o rei pobre outra vez vai ficar nu.
Lá no caixa madame entre com o cu,
perfazendo com os fundos essa compra.
A madame disso nem se dá mais conta,
desconhece os tais fios da meada.

A visão com as nuvens é nublada,
no bondinho vai vem do pão de açúcar.
O mercado é invenção meio maluca,
com  finanças do povo empesteadas.
Dom Diniz é um homem tão batuta,
ganha o amigo e sai rindo da piada.


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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Conflito ( O olhar da carranca)

 Fotografia: Light Battle- David Rochas
                                                                                                                                       
Francamente discuto com o poeta sua arte inacabada.
Com fragmentos de vida ele rebate essa desimportancia.
Se o preço do feijão não cabe nas estrofes do poema,
o poema se ilimita, na capacidade descrita nessa ânsia.
O poema não quita débitos anteriores das palavras.
O poema apenas berra, onde o silêncio do poeta o depara.
Pode até ser, que o poema escolha as palavras pouco claras.
Sua fragrância, francamente eu discuto, nessa flor inadequada.

O poema fura o ar do imaginário como a ponta de uma lança.
O poeta usa a palavra, no que dela, o diafragma é ofegante.
Um no outro se esfrega, corpo a corpo, em inafável contradança.
Ilusionista, ele aponta no espelho, o espelho do espelho.
Cuja imagem só reflete se há luz, no escuro é delirante.
Para que um haja no outro, o aviso é o impreciso da escala.
Discuto, eu com o poeta, se ele é sua palavra nesse instante;
Ou se aponta simplesmente, nesse escuro, um olhar ignorante.

O poeta é caótico, e o seu sorriso patológico é vermelho.
Sua boca diz a mim, o quanto, em mim, o seu poema é interessante.
Digo então para o poeta, aonde a ausência da palavra é seu destelho.
O poema quer passar pelo buraco da agulha, paquidérmico, gigante.
Eu discuto com o poeta, se a palavra é ele mesmo em vocábulo elegante.
Se na ponta da caneta, a ele mesmo, a palavra é um cinismo provocante.

O poeta me revida com uma rima de palavras proeminentes,
me instiga, ao me dizer que elas são feitas da união tempo e história.
Ele briga com as palavras boca a boca, olho a olho, dente a dente;
Até que elas saltem quentes, diferentes, da barriga da memória.
A poesia é mulher nessa palavra iluminada, ela é parturiente.
Quando nua, a poesia, é coisa viva, é erogenia humana, é glória.
O poema, insistente em ser poema, sai sem pena, inconsciente à trajetória.

Vão  poema e poeta, estão, bebidos de sentido e aguardente, vão embora.
O poeta e o poema se esfaqueiam numa briga em sangue quente;
Pelos pulsos do poeta, o poema, ganha vida alucinante nessa hora.
Eu discuto com o poeta se a palavra é de tamanho elefante.
O poema e o poeta se percutem um no outro em codinome.
Eles são, os dois unidos, o som de mil auto-falantes.
Já eu sei que o poema é o humano, na razão pura de Kant.
Ao poeta eu fustigo, para que ponha logo fogo no poema, e nesse fogo o detone.

Ele diz que as palavras são compostas no real, são o real com outro nome.
Assim cada uma delas tem um ciclo, nesse ciclo se consomem.
Da cultura o poema nos acena, como magma nos aquece.
Se o poeta e a poesia vivem juntos, é como a crença e a prece.
A poesia e o poeta se conduzem, em ambas partes dessa ponte.
Se atravessam no caminho com o amor de um casal que se merece.
Depois disso cada um vai pro seu lado, como a vida fosse ontem.
Mas traduzem nesse encontro, tão presente, o futuro que há no homem.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Para Milton Santos- "In memória" ( Olhos nus)

Fotografia: Vênus Brilhante de Luiz Argerich

A tarde chora nuvens sobre a cidade fria.
A vida de hoje não reparte conhecimentos.
O que sabemos entre o real e os fatos tantos,
há nas ideias do saudoso Milton Santos.
A geografia do  real tem passos lentos.

O real nem sempre é o que nós vemos,
espelhado nos jornais de todo dia.
A informação é nesse vão seleta guia,
a esconder na escuridão maior valia,
reproduzindo riqueza aos poucos mesmos.

Estes mesmos nos dirão o que sabemos,
o que vestir, o que falar, o que pensemos.
Na ideologia salutar da coisa feita,
pois, no pavio desse tal comportamento
a condução mais popular tanto se ajeita.

Mas sendo a vida uma resposta sem receita,
nas atitudes do porvir muda a razão.
Por mais que tenham a guisa de condução
feito a cama onde a humanidade deita,
dessa Maleita ela reinventa outra gestão.

Assim ressurge outro real regurgitante,
a desdizer o contradito outra vez.
A vida segue com os passos dos seus pés
ao se fazer de novo nova e emocionante.
Re-fabricando uma outra solução.
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