O velho empurrava um carrinho pela rua ensolarada.
O homem pagava com a própria pele no tempo, um pedágio ao sol.
Trepidando seu carrinho movido a força humana pelas pedras, o homem vendia sonhos, vendia apenas sonhos.
Sonhos feitos com as suas próprias mãos doces, sonhos gostosos, sonhos com carinho; Vendia sonhos e mais nada.
No alpendre de piso amarelo,à sombra, eu o aguardava com a naturalidade dos meus.
Tinha as papilas gustativas já acustumadas, eu comia os sonhos com o desejo açucarado.
Sonhos são para ser comidos todas as tardes.
Hoje não resisto mais menino.
O homem foi calcinado pelo sol.
Os paralepípedos ainda estão pregados lá, seguem indicando o destino a outros homens com outros sonhos.
Quanto aos meus sonhos, continuam guardados na lembrança entardecida.
São glicose na memória.
Quem não morde os seus sonhos, não conta uma história.