Fotografia: plataforma 1
Meu poema ambiental teve a palavra queimada.
Meu verso de ouro teve a impureza lavada no mercúrio fluvial.
Minha rima caçada de tráfico, veio silvestre bioma passarada.
O meu rio se sorrio, é assoreo; Ausência ciliar no capinzal.
Minha poesia foi sina, foi biodiversidade menina, roubada de prima,
foi mina de lavra, foi palavra de eucalípto no Fantástico.
Sou um poeta de usina suja e natureza alagada, fogo e matagal.
Há amor em mim, eu o acho, entre o chorume e o lençol freático.
Comi da genética poética, com o semem transmodificado Monsanto.
A energia fóssil queimou meus olhos monóxidos.
A industria suja surge rude na fronteira Bric de araque.
Fazendo a palavra mais fácil de ser comprada, é prático.
A lógica não precisa da realidade, mas do Descartes mágico.
A vida é simples quando vem com lacre, plastificada.
A face do homem que sou, teve a numeração raspada.
A beleza do consumo é a classe média engalanada.
Mídia Deusa minha, bem ou mal, boca falada.
A madeira dessa farpa no meu peito,
teve algum jeito de nunca ser certificada.
O ar de sobra do amianto fez chiar meu canto.
De fuligem, de barro, de cigarro e de carros,
fez-se a vida na fumaça sonora.
Máxima alegoria no ouvido culto dos satisfeitos.
O lixo estrangeiro veio perfumar narinas com seu cheiro.
Nos containeres fazem rima aqui na Bolívia ou na África.
Na extinção do animal humano o poeta sobra.
A sirene avisa o avanço das águas fáticas
O mar pega fogo de óleo negro e morte,
talvez a vida resista sobre meus olhos de pedra.