Citações

A palavra é o fio de ouro do pensamento.


SÓCRATES

Olhos nus

Finitudes



Sei que não houve muita infância, estava ocupado com as vicissitudes, coisas adultas que vieram antecipadas, mas não por vontade própria; O instinto de sobrevivência tem domínio maior.
Também não tive a pertinência, no que concerne  a ser adolescente. Quando essa fase chegou, já estava sério demais , estava amadurecido antes do tempo, por efeito estufa.Crescer rápido nos torna exóticos e insignificantes, uma personalidade inadaptada à história comum.
Como adulto versejei senilidades. Senil, virei o senhor do que é meu rosto, essa escultura vincada, de inverno e calor. Foi o que formou meu gosto inadequado à pressa desumana.
Como senhor desse destino procuro agora o menino, mas já não houve!
Não se repõe tempo passado, inútil desatino, pois Kronus come seus filhos.
Serei inacabado sempre!
Minha história toda tem as partes embaralhadas, como cartas fora do lugar, comum também ás minhas ideias. 
Das ruas aonde andei, eu me fiz mais pura cria urbana, sou criado da necessidade.
Homem feito à face da minoria. Que é essa minha história, essa é minha poesia, buscar uma lógica harmonia dentro do universo das diferenças. Isso é a mais assustadora inquietude.
O tempo deserda a idade na sua passagem mais profunda mundo a fora.
Depois fica consolidada a memória, com suas fissuras e mutilações existências no inesquecível entre vencedores e vencidos.
Elas ocupam o lugar histórico, compõem feição, fisionomia salgada de suor.
Por dentro de um mar aonde nunca houve calmaria, o tempo faz morada de finitude guardada, lá na arrebentação.
Vitória é conseguir a achar alegria enganando a tristeza, essa tão alérgica senhora.


Etnocêntrico



O homem sem referências tem que se abraçar às sombras.
Equilibrar certos, os ombros, para cumprir uma história.
Isso produz um convívio entre maturidade e ingenuidade,
provocado pelos experimentos e as  expectativas sem memória.

Sua Memória pública fica desguarnecida, tênue ou ausente, nas sobras.
Nessa exclusão saltam os guetos, templos aos preconceitos da cidade.
O homem sem referências se re-significa, no adverso dos escombros,
entre todos os fragmentos acolhidos data a solitária vivacidade.
Matéria com a qual se institui e se restitui dos tombos,
formando unica e incomparável a personalidade.

Mas o ser humano é gregário, se assusta com o que é único.
Sendo assim, sem a luz do farol da inclusão
resta, ao incomparável, um guerrear púnico.
Por sobrevida a resistência avizinha o lúdico,
mágica guia seleta, entre esburacados passos ao longo
e a realidade dos caminhos e do coração.



Faxina


Para ler poesia basta ter calma, 
Para ler Poesia basta ter paixão, 
deixe-a incidir subcutânea, 
trama das retinas à veia aorta 
para faxina do coração.



Olhos nus



Quando acordo no cedo do dia com o sol arranhando a janela,
não é raro haver poesia, mesmo que eu nem procure por ela.
Sempre vem, eu não sei qual a roupa ela tenha no corpo vestido,
faço versos  que saem da boca, porque acham no peito o sentido.
Ser poeta é de fato um defeito para o qual não existe oficina.
Verso bom vem como água da mina, na qual lavo minhas mazelas.
Carnaval que me afeta às retinas, esse jeito de olhar de outro jeito,
ateando em mim  gasolina, cujo fogo é em palavras sinceras.

Essa trama me acorda, e a aceito, com a força fecunda me guia.
Logo eu fujo das academias, uso short e arrasto as chinelas.
Faço a rima da dor com a alegria em um poema na mesma panela.
Nunca sei se o sagrado me afia, ou o profano é minha alma na dela.
Desse amor abraçado no leito, dessa força que a mim me sacia,
vem a luz com que o verso foi feito, iluminando a fisionomia.
Capoeira tem o seu preceito, ante a luta um ao outro se espera.
À poesia dedico respeito  porque ela me é coisa séria.

Para mim não é frase de efeito cuja soma final sempre zera.
Os meus olhos rimando o espelho, fazem rima ao real por tabela.
Como a realidade é primeira, meus poemas têm cheiro de terra.
Fazem de mim verdade inteira, pois de fato são fotografias
evidentes dessa valentia, com a força solar como vela.
Um no outro essa luz alumia como um flash na língua da ibéria.
Se não sei se  é errada ou certa, a questão é de cardiologia,
mas aonde um poema se avia, quem habita a palavra é o poeta.



Transmutação



O tempo de espera
é uma página do amor
cuja leitura deve ser calma.
É preciso saber ler as ausências,
os silêncios e as distâncias.
Este é um tempo antena
de saudade da convivência.
Transitando à distância lado a lado:
Os sentidos sem palavras,
as medidas sem trenas,
as paisagens sem as cenas,
de um espaço delicado
restante, do que agora é apenas
a falta no que nos doí à carne.
Mas por mais que cause trauma,
por mais que  faça água,
por mais que produza dor,
essa dor é um desarme
na essência a se supor.
É preciso ter paciência,
paciência, paciência,
paciência de pescador.
É preciso guardar as utopias.
É preciso agradar a alegria.
É preciso força, dínamo, vetor.
O tempo de espera é frio,
e tem o barulho de um rio
que vai passando em fio;
Como quem aguarda o momento
da natureza do brilho
do mar, que é o delírio natural
do abrir de uma flor.



Pavana


Certa feita me disseram evitando o olhar:
_ O que não tem solução, solucionado está.
No desvio, na negação, no vazio, na covardia,
na ausência da inclusão a solução é  se virar.
Resistência tem arrabaldes alem limites e cercanias.
A aranha que tece a teia pode se perder na ventania.

Quem quiser quebrar barreiras tem que sorrir poesia.
Se é triste o haver da morte, essa tristeza pesa no ar
E para navegar o impreciso não se pode temer o mar.
O mar tem caminhos próprios, suspensos, quando ousadia.
Na tormenta a solução sempre é manter a cabeça fria.
Pavana em Copacabana, e a gente samba para não sambar.

Quem se levanta da solidão constrói assim a sua guia.
Ser próprio na opinião tem um só condão, o da valentia.
A vida, essa grande dama, sempre nos chama, saravá!
A busca da solução vai bem mais do aonde a mão alcançar.
Se a dor tem a sua cor, também faz a arte da sinergia.
Que seja a felicidade sempre a maior parte da biografia.






MP



Homem que bate em mulher merece lenha
Isso não é normal, é sanha de covardia,
tem que se explicar à senhora Maria da Penha
Hoje não há mais lugar para falsa valentia





Capiroto



Eu cuja vida já me avança
Franquiei-me em Sancho Pança
escudeiro do porque.
Eu quase assim pessoa mansa
tenho em mim a esperança
de reaver seu prazer.

Meu é o tudo que lhe tenho
mas se faltar um desenho
pinto a cor do zabelê.
Zeus esse Deus que não desdenho
é deserto jalapenho
de sonar cateretê.

Venho eu apenas e meu corpo
parte ereta, parte torto
tenho o salmo do incorreto.
Beijo o que a vida traz de perto
trago a água e o deserto.
tenho o amor a lhe fazer.

Parto do  incerto em parte horto.
melhor vida que aborto
Sou bem mais do que se vê.
Eu cujo filme a censura
esconde no que esconjura
na falta do acontecer.

Sou eu apenas rosa boto
parente do capiroto
tenho o olhar que sabe ler
Sou detetive do Belotto
o que não me dizem noto
desvendando-me em você.



Alvorada do guerreiro



A alvorada queima fogos em Quintino,
os devotos se aglomeram na sacada,
bem mais cedo amanhece a madrugada,
lá no Império Serrano o samba é o hino.

Na cultura brasileira o sincretismo
dessa crença se traduz apaixonada.
Salve Jorge o cavaleiro das quebradas.
Santo forte contra todo mal destino.

Esse santo em seu cavalo é guerreiro
tem no manto o vermelho, a cor da vida,
cunha a força em faze-la aguerrida,
e é de todos o motivo, o padroeiro.

Que me venha, e a todos, conduzindo
desfazendo os temores sob a lança.
Protegendo com sua força os caminhos
com a calma e a boa perseverança.

Salve Jorge cuja fé é mais que a lenda.
Cujo tanto de fervor é sempre inteiro.
Sempre é nele que a esperança se inventa,
descrevendo em fé o Rio de Janeiro.




Argonauta



Destemido de nuvens o sol brilha,
no céu claro do meu conhecimento.
Na memória, o embaralho dos momentos,
desliza um mar por sobre a quilha.

Do oceano a felicidade é ilha
e o amor podemos dizer é o vento.
Sua voz me traduz a maresia
E a mazela é o sal do sofrimento.

Na tormenta e na fúria dos temporais
seu olhar que me guia,  é mestre arais,
estrelando o polar dos sábios Jônios.

Me lembrei que morreu o Marco Antônio,
do seu canto não vibrará mais as cifras,
não sustenta o seu corpo sobre as ripas,
ele brilha agora inerte como o argônio.

Na infância do ontem eu lhe ponho,
na lembrança da paz ele hoje habita.
na praia do desejo deita o sonho
e o real é a aventura mais bonita.

Essa veia é do sangue do artista.
Para terminar o canto pouco falta
deixo qui palavra dita por não dita
O argumento é o devaneio do argonauta.




Simbolismo



Banalidades do porão.
Consumê de salão.
Qualquer bobagem
Sem cabimento é criação.

A poesia é a ciclista
atropelando o caminhão.
É o fulano arrivista
abocanhando o seu quinhão.

Tudo detém o conhecimento
dentro daquilo a que se finde.
Vértice refém  do universal alento,
é a biblioteca do José Mindlin.

Qualquer abordagem
do sentimento é coração,
até um falso Baudelaire na contramão.
Democratizar conhecimento é fazer nação.
Por que não?

Todo poeta é franco atirador.
Tudo na poesia é dor e solução.
Na mais gramatical tradução.
A terra seca e a alfombra.
A devastação e a bomba.

Será a bala?
Será o dedo?
Será o cão?

Será a literatura um segredo á sombra?
O poema tem o condão
de ser a realidade
fantasiada de abstração.




A estátua e a pedra



A nossa vida tem suas amarrações.
Faz os acordos entre a estátua e a pedra,
nas transparências  entre o o real e o desejo.

A coerência fecunda o encanto e o espanto,
nos contraditos entre o caminho e as pernas.
Nasce o conflito, mais gostoso que primeiro beijo.

Portanto é no sol dos movimentos e das sombras,
aonde fazemos jus aos mínimos cantos das emoções,
que nos traduzimos no desatar das coisas ternas.



Pasteurizado



O tropicalismo do seculo vinte e um
é um açaí pasteurizado outra vez.
Para consumo dos educados pós Martinez.
Passado como o movimento Hippie,
Manuel audaz não passava de um Jeep.
Aparência nos descolados é hoje a altivez.
O romantismo visceral de Vade Mecum,
nessa zona de convergência tropical,
esta previsto na tragédia o temporal.
Nas águas da discussão o original se liquefez.



Âmago


...O poeta é o seu silêncio interior.
Seja qual for a poesia,
ela é metáfora dessa dor...




Rio de Janeiro 448



Nossa cidade do Rio de Janeiro.
Farol brasileiro de embarcação.
Faz aniversário, vai ter feijoada,
batuque em boteco, carne no braseiro.
Santo padroeiro, lendário Engenhão.
Cidade que a mim é sempre capital.
Da praia do Leme e do Boqueirão.
Aldeia campista, Estácio e Central.
Da escada da Penha, da Vista Chinesa.
De Santa Teresa, de açúcar no pão.
Rio de afetos, Rio carioca,
daqui se evoca o clamor nacional.
Cidade despida em suas belezas,
mistura de gente na orla que beiro.
Do sorriso largo, do jeito maneiro,
presente, cordato e também brincalhão.

Pois essa senhora, que hoje é nossa,
tem no santo nome São sebastião.
Hoje comemora com seu jeito prosa,
com ginga no passo, faceira e gostosa,
pulsando energia é toda coração.
A maravilhosa já se diz canção.
É ela a menina que passa na cena,
ela que fascina, ela é Ipanema.
Cidade de areia de pedra e de mar.
Cidade de samba e suor popular.
Cidade que é minha, e sua, e de todos.
Vila Kósmos de gente Leblon e Vaz lobo.
Cidade floresta de comunidades,
mais bela que é esta entre todas cidades.
Quadricentenária do engenho novo.
Tão feita de sol e de chope no bar.
Feição colorida, pagode em Irajá.
Cidade centelha, alegria de um povo.
Cidade que eu sempre haverei de amar.



Um puro



A blogueira cubana veio a Copacabana  beber uma água de coco
Dizem que ela fez fama na onda de quem reclama.
A dissidência da um troco.

A chiadeira deu lastro, o ocidente deu prêmio.
Ela arrecada nos louros descompustura nos Castro
Algo na ilha e nefasto para essa líder do grêmio.

A moça da cabeleira trouxe na voz Havaneira
a fúria do Malecon.
Se há quem goste de vê-la, a outros é barraqueira,
não sei se é ruim ou bom.

A desidratada ilhéu desempenha o seu papel,
talvez lhe seja um dom.
Políticos em tropel querem um gole do mel
na mídia em alto som.
Fazendo-lhe aparato recolhem de um simples fato
a buzina foron-fon.



Passos



O quanto erramos no tanto, é fissura de nos mesmos.
Comuns enganos são dados das posturas meio a esmo.
Às vezes planos guardados, na arquitetura aonde os lemos,
provocam danos de fato, como a gordura é torresmo.

Se no entanto o tempo avisa a tempo antes tais erros,
por mais ou maior espanto que no real soprem os ventos,
saber voltar ao principio é o caminho mais inteiro.
Somente plenos, inteiros, é que nos vem sabedoria

Mercadoria que não o é, pois não se vende ou se compra.
Também se sabe, na vida, ela não vem coisa pronta,
a sua origem total esta no que não se sabia.
Há que busca-la aqui, outra hora é ali seu paradeiro.
Pois a ninguém é dado ao fim, nem a mim, sua moradia



Pelas barbas do poeta


Maria pede um poema.
Eu tento dar conta ao recado.
De livre, o poeta vagueia
no leme do barco da veia,
num tema para o Eduardo.

Esse homem semeador
cultiva à sua maneira,
nas noites da quarta feira,
a poesia de fato.
E a brisa do mar vem cheia,
quem quiser então que a leia,
ao se expressar nesse ato.

Os versos fazem cadeia,
um no outro tece a teia,
e a beleza entra no tom.
A palavra em pleno sabor,
ali como quem faz feira,
de forma bem brasileira,
poder se expressar é bom.

Poesia campeia em concerto
no ofício do  mercador,
e os versos sendo libertos,
no microfone abertos,
vão a quem queira estar com.
De toda e qualquer maneira,
fazem fundo, meio e beira.
Azuis, vermelhos, marrons.

Que a trilha nunca se apague,
do sério à brincadeira,
com a qual o peito se afague,
do pai ao filho Tornague,
de forma tão verdadeira.

Então esse afamado,
contemporâneo fadado,
de olhar e alma inquieta,
mudando a vida de lado,
em jeito apaixonado
Tornague entorna o poeta.

Maria que tando lhe gosta,
a pura amizade arrosta,
essa homenagem lhe presta.
De forma simples, modesta,
faz dessa pequena amostra,
pequeno carinho em festa.

No verso eu galo a briga.
Em riba, Humanos direitos,
a todo e qualquer efeito.
Sou o mais humilde escriba.
Agora me aproveito.
De forma bem manifesta,
no pedacinho que resta,
dou um braço à essa cantiga.


Bela da tarda



Teu dorso no teto do espelho
das águas tranquilas da angra.
Deitando tantos segredos
corava a cor de pitanga.
Se desinibia dos medos
na tarde solar das paredes,
ardia de seca na sede,
vertendo o doce da manga.
Na cabeceira vermelha,
incendiada em maneiras,
minava de água na boca.
A casa de beira de estrada,
como oltdoor por reclame,
dizia-te:_Vem amada,
a vida é tão curta, tão pouca,
matar junto com o teu homem,
a sede de que um corpo fala
na carne a que o outro come.



Eram só vidas meninas



O quanto custa o descaso é quanto vale o desrespeito.
No jeito desse atraso, da impunidade, no feito,
tragédia é pouco caso, porque no caso, o cheiro
dessa fumaça em tom negro, matou todo brasileiro.

No tarô da cartomante chacina à juventude;
Massacre de atitude, essa ode à ilicitude,
mostra a inclinação talude do abuso ignorante.
No silêncio não sabia, na busca da mais valia,
na autoridade tardia, do crime é coadjuvante.
Crime de cidadania, covardia, mais covardia
na noite sul, noite fria, matando aos estudantes.

O quanto vale a vida é o quanto dela se cuida,
não é preciso ser Druida, é quanto dela se importa,
é quanto dela se estima, enquanto não está morta.
Mil vidas não se confina de forma tão idiota.
Criminosa, lúgubre, vil, feia, insana e torta.
Eram só vidas meninas trancafiadas de costas.
Eram só vidas meninas despostiçadas e mortas.
Eram só vidas meninas que não tiveram mais portas.



Selaron


Silêncio! Vai meu bom.
Sobe a sua escada.
O poema não tem som.



Ponte



A vanguarda não é um prato, é a fome.
A estrada não é o passo, é o destino.
O adolescente não é o homem, nem menino.
Crescer não é guardar a criança no limbo,
e o adulto tem o domínio desse nome.

O caráter não tem cunho alcalino.
As lembranças são os arquivos de ontem,
participam do futuro que se monte.
Fazer anos é atravessar uma ponte,
e crescer é refazer o figurino.

Ver um filho crescer é uma lida.
Apoia-lo é um cuidado que se tome.
Se oriente rapaz, diz a cantiga.
Pois no mundo onde há paz, o couro come.

Sem que a dignidade o abandone,
ser feliz é a busca e a batida,
porque a vida é vulcão em pedra-pomes.
Expandi-la é dobrar novas esquinas.



Arraes



Maria, minha Maria que dia você vai voltar
a ter aquela alegria, me diga venha de lá.
Tristeza é uma vilania na alma, é algo sem par.
Me lembro, você sorria e encantava o lugar.
A sua fisionomia fazia a gente cantar,
agora minha Maria, me diga, pode falar.

Maria você sabia sorrir como ondas do mar.
Agora é só afonia, cizânia por não fumar.
Já fui até na Bahia pedir lá no Afonjá,
que me arranjem umas guias com força Iorubá.
Fui num terreiro em Caxias, fiz promessa popular
para ver se a coisa tardia saia a deixando paz.

Eu digo nessa porfia, do desejo que ela traz,
pois quando você sorri Maria, o mundo sorri a mais.
Que volte sua alegria, que você volte Maria.
Espia em torno, espia a falta que você faz.
Sem você tudo esfria, em mim fica a falta do cais
Volta depressa Maria, o seu sorriso é meu arrais.



Fome de ser



Você tem fome de ser
um boque de belas cores.
Mas quantas e quantas dores
compõem de fato você?

Nesse perfume de flores,
comum a um cara, o que
um comercial de TV,
compõe nos seus bastidores?

Você não sabe o prazer,
de refazer os valores,
à luta dos estentores,
na voz que fala o sofrer.

Pareço mesmo uma fera
A monstruosa Quimera
das ilusões, são janelas,
pintadas em aquarela,
No coração de quem vê.

Quando seus beijos são lágrimas,
causadas assim tão cedo,
fotografo em mim o seu medo
de um vacilo matinê.

Não há lugar para lástimas
não cabe nenhum segredo
que se aponte com o dedo,
a um solitário Zabelê.




Bifocal



Meu ramo de atividade,
agora sem gritaria,
é fazer da poesia
a minha realidade.
Sem menor leviandade,
sem falsa aleivosia,
me sirvo dessa alegria,
talvez por necessidade.

É capa pra ventania,
fragmentos em clivagem,
blasfêmia contra a heresia,
coisa de alta voltagem.
Descarga de energia.
É lente à visão miopia,
luz de sol meio dia,
outro jeito, outra abordagem.


Nela eu busco valia,
unindo minhas metades,
nessa verbal cirurgia
destilo afetividade.

Até quando não queria,
em minha adversidade,
de mim ela faz serventia,
quando me invade.

A palavra em libertinagem
Vem como a teimosia.
Causada por bruxaria,
silenciosa e em alarde.
O inconsciente a guia,
da corpo, contagia,
na forma e fisionomia,
retraduzida em linguagem.



Laço vivo



O mundo dos laços cor de rosa, trazendo a vida às sérias
de mim fizera à Tirésias, prever femininas vitórias.
Na força afeita à alegria mais sólida e luminosa,
muito mais forte se cria à mais saudável trajetória
Carcinoma é anomalia da célula indecorosa,
que perderá teimosia, sumindo na ventania
como a erosão das falésias, perseverando as Magnólias.
No mundo, os laços das Rosas desafiando a insurreta crise,
o refazer é uma expertise estampada em peito e prosa.
Em cada novelo de linha, em cada ideal de cuca,
uma coragem novinha se alinha à nova peruca.
Revisionando as histórias, fortalecendo as meninas,
em preciosa auto estima a vida vem valiosa.
Nessas mulheres guerreiras há uma cadência zelosa
de ternura em laço rosa, ventura em boa companhia.
Se vida é coisa venosa, perpetuante é a cura.
E em cada olhar leitura o movimento se entrosa
Pois quem aposta na vida jamais a vê perigosa.
Na força que está unida à bossa de ser gostosa.
A vida boa de briga é a mesma vida dengosa.
Abram alas na avenida de abraços aqui e agora
São solidárias queridas com soluções amorosas.
Em atitudes proativas as moças dos laços rosa,
que sigam sempre altivas, de suas vidas senhoras.



Mariatos



Todo olhar é um desejo debruçado na janela
basta observar os olhos com o lustre da flanela
vai-se notar o salto ornamental que há nas ideias
Se os olhos falam tamanho, mais parecem tagarelas,
para quem os observa não existem palavras meias
Pois olhos sabem sorrir, sabem chorar, sabem ser veias
Os seus em particular me soam canto à capela,
bandeiras, são Mariatos falando entre o mar e a terra.




Cefalalgia



Ao conto do Bestiário de Cortazar, pode se somar um ponto; Aonde o tonto Gládio come a besta fera, criando o animal de passagem, desinibido na sua própria fertilidade de imaginação.
Apenas um comentário é pouco quanto ao lugar, a cena, o depositário desse poder, dessa magia desenfreada, desse golpe de condão.
O quanto a Cefalalgia fabrica seu machucar, trazendo nesse produto o condutor bis da emoção.
Animados ficam em par: Asas, pelos, patas, braços, bicos, escamas, fuselagens, olhos, focinhos, pelagens desejos em tramas, carinhos, valores em  líquida consideração.
Atarefados de seus aprontos saem do lar. Conquistas, disputas, beijos, os arrivistas em chamas.
Nos anos do seculo XXI do chamado Jesus Cristo, logram os possuídos, por seus troféus de bravura.
O homem e o animal do homem se fundem a olhos vistos, gerando nessa atitude as agulhas da costura. Estes serão seus próprios filhos! Na continuação de um está o outro, dentro do outro, dedo do outro.
É um outro, o novo animal que o assume, na falência de carne da cultura disforme.
Depenado de suas asas, tosquiado de seus pelos, amputado de suas patas, descamado de escamas.
Na forjadura dessa fábrica, discute de novo o risco Darwin dos primatas, refazendo sua compostura numa outra estatura, a miscigenada criação da sentidos à criatura.
Carregando em si, as conquistas e seus preços, sua lógica, sua ecologia, como um facho íntimo de seus nascituros. Projetando genética imagem naquilo que só posteriormente será conhecido como futuro.
Titãs em suas cabeças de dinossauro, restauro de uma Berlim sem seus muros. verdugo Chines entre a muralha e os musgos. Tanto é o mar e tamanha é a terra.
No entanto há outros, que têm minaretes salientes, e se explodem  imolados nas causas e nas crenças.
Nada disso emperra o acuro, ou evita que se Prossiga  a ejeção coronal, enquanto esse fruto é maduro.
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Feliz natal



O mundo é melhor em todo lugar,
aonde ser feliz seja algo simples,
comum como o jeito de um olhar
qualquer, que se ensaia e vá ao outro
A Terra é pequena, o resto é só mar,
melhor que todos dela participem.
Façamos melhor pelo nosso lar
Pode mais quem faça o seu pouco

O dia que nasce, repete o Natal
Nos comerciais uma ode ao templo
Nos shoppings o múltiplo comemorar
Solidariedade é só um cabelo ao vento
Se hoje é Natal em Belém do Pará
Também é Natal em Paracambi
É Natal em Darfur, no Jardim de Alá,
E no que sobrou dentro do Haití

O Natal independe de consumação
É a paz, é Shalon, é Salamalek
O abraço comum é a fé Oxalá
Humanando as raças formadas no leque
A paz irmanada em qualquer cultura
faz maior o homem, é transnacional
Unindo nesse dia em terna aventura
os braços de todos num feliz Natal



Fita de chegada & tiro de largada



Rei morto! Rei posto, assim vem mais um ano de novo.
Novo Corso, novo rosto, novo projeto de felicidade.
A festa sempre é bem vinda, reflete a nossa vontade
Todos nossos desejos se façam reais de verdade.
Também a prosperidade invada as instâncias do povo.

Esperamos que um ano par una mais gente em par.
Desejos se realizem no que o amor se reparta,
dando a todos refúgio nos princípios mais dignos.
Assim nos protegendo  dos tais  políticos malignos,
desejamos aos juízes uma opção mais sensata.

Que a riqueza se divida não só com a mesma  nata.
A saúde seja boa e se mantenha  no rítimo.
Alegrias à vontade para todos sem aparte.
A paz seja tamanha que já não se faça alarde,
Toda ira se desfaça em atitude pacata.

Fartura seja comum a todos em mais  prodígio.
Unidos, seja menor todo e qualquer litígio.
Utopias se realizem como maior fortuna.
Bons ventos soprem, conduzindo a nova escuna.
O novo ano se passe juntando novos amigos.

Os fogos de artifício explodem ao que saia,
ocupando seu espaço na fileira da história,
ele ganha seu lugar nas cadeiras da memória.
Luzes dão boas vindas à essa nova trajetória.
O novo já se prepara para ocupar sua praia.



No vão da escada



Nada vai mudar o passado,
plano pleno da memória,
guarda móveis da história,
seja no certo ou no errado.
Nem tudo é dom do agrado,
também há aventura inglória,
de fato não persecutória,
mesmo estando ao lado.
O tempo transforma a gente,
mas deixa como num cercado,
o que se passou guardado.
Como fato recorrente,
como lembrança candente,
mantendo uma vida quente,
comum de um caso contado.
Lembrança é uma corrente
nos pés do tempo amarrada.
Por mais que o tempo ande,
pois tempo não para em nada,
a memória é um elefante
sentado no vão da escada.



Viva



Um ano de novo te abraça
como quem chega recente.
nova idade em nova graça.
O tempo renova a gente.
Em cada aniversário
O tempo é um senhor exigente,
que em ti resplandece ao contrário,
de um jeito que a gente nem sente.
Teu corpo é o meu aonde.
Teus lábios  são bordas de taça.
Como os sorrisos que não escondes,
quando essa conquista nos laça.
Os amigos, num alarde
se juntam comuns, são parte,
participando como encarte
da vida que é a tua arte.
A felicidades que abraças
num existir sempre quente
faz que o nosso amor como brasa
queime quase eternamente.
Comemoramos o teu dia,
comemoramos a ti,
A toda tua poesia,
desse novo ano a vir.





O olhar tem uma história



No azul do dia chegam as mais leves alegrias,
transparecem no ar como asas sorrindo as horas.
O tempo devora o tempo a cada segundo, à revelia
do que possa acontecer, na realidade mais sonora.
Há brasas queimando a vida em cada fisionomia,
pois nessas fisionomias cada indivíduo se elabora.
Dos olhos desses humanos o flash é a fotografia
do conjunto convencional a que chamamos de história.
Mas a história guarda segredos de fatos nunca contados,
quando o azul é opaco em nuvens nimbus contraditarias.
Os olhares que não brilham nos sentimentos nublados,
reocupam a chama humana de forma revolucionária.
Produzem também tristezas de vozerio embargado.
A história vencedora é a que desse embate evapora,
combinando sua visão com a visão de único estado.
Embora outros fatos hajam, parecem idos embora,
assim se reproduzindo a realidade mais notória.
Se acaso vier a ser mesmo um ato de vilania,
História é presente e passado, e nisso é compulsória.
A mais deixa na memoria o que foi, não o que seria,
no dizer dos vencedores. Vai risada vida afora...




Segue o inteiro



Marcas do nosso tempo, e salvo o engano,
dádiva do amor feliz de uma vez.
Juntos nos abraçamos a quase um ano.
Pele a pele, boca a boca, plano a plano.
Mesmo enfrentando muita  pequenez,
pois o amor afeta aos desumanos.

Incomodamos tanto como o oceano
tem num só grão de sal, sua insensatez.
Ela a quem todos amam, está comigo
Comigo vem porque ela quer ser feliz
No sorriso dessa moça algo me diz
Onde a alegria é fonte e mais fino artigo.

Se ela briga por pouco, juro, não ligo,
pois que ela é meu samba da Imperatriz.
Rosto onde a luz do sol forja seu abrigo.
Quando se abre em chama é força motriz.

Já a quase um ano esse braseiro
Queima indelicado dentro do corpo
Onde o amor habita nada é morto
Nunca sofre fadiga e segue inteiro




Signos




Nenhuma palavra é linda,
nenhuma palavra é feia.
No que lhe corre na veia,
a palavra é só vizinha.
A veia da escrita é a linha
da boca, a palavra é bateia
dos sentidos que encadeia,
da coisa que ela ilumina

Uma da outra é alheia,
ao que mesmo se destina.
Naquilo que uma é capeia,
a outra faz corpo com rima.
No que contem de candeia,
combustão ou gasolina,
palavra acende centelha
na coisa que a contamina.

Tem palavra que é enigma,
tem palavra que tateia.
Palavra boa é endorfina,
na outra que nos chateia.
A palavra é adrenalina,
naquilo a que ela nomeia.
O olhar das duas meninas
dão nome, como quem reina.

palavra muda e faz clima.
Retransmissão de correia.
Por umas se tem estima,
por outras se incendeia.
Babel no ar descortina
o ferrão e o mel de abelha.
Sendo exo-endogenía,
no nome a coisa se ajeita.

Quando uma finda vazia,
uma outra vem nova e cheia,
sem ser feia nem bonita.
Palavra é a humana liga
do pensamento da aldeia.
A sonoridade  é aflita
daquilo que nela habita,
de uma forma imperfeita.




112 Sr. Borges




Os olhos do senhor Borges
são ávidos do surreal.
Centenários, delirantes,
sementes do universal.
Nos papeis do seu alforje
trazem sempre o instigante
olhar de um navegante,
ocidente do mar austral.

Se os caminhos são morte longe,
os sonhos mais provocantes
estão ao alcance do instante
do que um livro tem de real.
O tempo é um caborje
onde o que é importante
é ser o seu comandante
manipulando o sextante
do início até o final
-



Hora do pó



Depois da esfera da arte nata que há em nós,
sobrou a fala que parte dos tranquilos medalhões.
cuja vida, metade, se esfoliou sem mais após,
outra metade, senil, se dedica a ser menos veloz,
fato que a natureza guia sem mais nos dar explicações.
A poesia e a palavra se divorciaram e agora vivem sós.
A ideia que mereça raciocínio tem o peso dos sermões.
Só o marketing define a arte, e é dela mesma seu algoz.
Rápida a inércia dourada da crítica marca sua posição,
definindo o que vale a pena ser ao fim o som da bela voz.
Nessa feira tão fugaz os cegos são os mágicos de Oz.
de maneira que talvez a massa, nisso tudo, seja pó aluvião.




Seu sorriso


Não me tire seu sorriso,
disse o outro poeta.
Seu sorriso é uma seta,
rumando no improviso.
Sendo assim, é um aviso,
nua atitude predileta.
É seu afeto movediço

Não me tire seu sorriso.
Essa perfumada faceta.
Nele a tristeza em sumiço,
como quem limpa a gaveta,
deixa em mim bom feitiço.
Felicidade me chega,
contendo o seu reboliço.

Não, não me tire seu sorriso,
preciso desse seu júbilo.
O amor pode ser lúdico,
leveza de um mar tão liso.
Maior dos seus preconícios,
desse sinônimo múltiplo,
de que eu tanto preciso.





22 é malucão




Eles faziam com as palavras aquilo que quisessem.
O mito fez assado o biscoito fino dos Andrade.
Numa lenda mastigada herdamos as benesses.
Cada cultura tem o Macunaíma que a merece.
Hoje a literatura é maçã caramelizada.
Marketing é o que a define, eco dos interesses.
Os versos para os sentidos mais parecem maçada.
A arte é desidratada nessa feira de quermesse
O forno das vaidades deixou a rosca queimada.
Dessas ideias vazias surge a poesia sem alicerce.
De resto para o sarau sobrou o nada versus nada.






Para Milton Santos- "In memória"



A tarde chora nuvens sobre a cidade fria.
A vida de hoje não reparte conhecimentos.
O que sabemos entre o real e os fatos tantos,
há nas ideias do saudoso Milton Santos.
A geografia do  real tem passos lentos.

O real nem sempre é o que nós vemos,
espelhado nos jornais de todo dia.
A informação é nesse vão seleta guia,
a esconder na escuridão maior valia,
reproduzindo riqueza aos poucos mesmos.

Estes mesmos nos dirão o que sabemos,
o que vestir, o que falar, o que pensemos.
Na ideologia salutar da coisa feita,
pois, no pavio desse tal comportamento
a condução mais popular tanto se ajeita.

Mas sendo a vida uma resposta sem receita,
nas atitudes do porvir muda a razão.
Por mais que tenham a guisa de condução
feito a cama onde a humanidade deita,
dessa Maleita ela reinventa outra gestão.

Assim ressurge outro real regurgitante,
a desdizer o contradito outra vez.
A vida segue com os passos dos seus pés
ao se fazer de novo nova e emocionante.
Re-fabricando uma outra solução.





Rima á vida



Todos os dias, todas as horas, sempre e agora.
São disponíveis aos seus rebentos essas senhoras.
Seram meninos eternamente por toda vida.
Sempre a eles vêm sorridentes, comum guarida.
Seram seus colos, o aconchego para as feridas.
Pois guardiãs das atenções, são carinhosas.

Temos de todas as opções, da elite ao povo.
Sujas de graxa, trabalhadoras, sujas de ovo.
No coletivo são condução, pilotam manche de avião.
Se eles não podem, dizem que não.
Mães de juízes são um palavrão
que o estádio louva sempre de novo.

Saem de casa pra trabalhar de madrugada.
Os filhos delas têm um porto para a chegada.
Trazem remédios, fazem o gosto, matam a fome.
Muitas das vezes são da família o esteio e fonte.
Lavam vasilhas, vão pra Brasília, são empregadas.
Cobrem do frio, fazem silêncio, não cobram nada

Costuram roupas, pintam cabelos e fazem unhas.
Essas doutoras dizem conselhos, são testemunhas.
Dirigem carros, fumam cigarros, levam á escola.
Olham por dentro, fazem alentos, beijam quem chora.
São diretoras, sabem de tudo, são professoras, valem penhora.
Depois que partem ficam maiores que se supunha.

Sempre presentes, ganham presentes feitos de laços.
Ricas ou pobres, se for sem cobre, ganham abraços.
No mês de maio se comemoram em felicidades.
Há um carinho que reverbera em toda cidade.
Sejam idosas ou jovens mães de pouca idade.
Há vida nelas, dessa  aventura são os regaços.

Pátria mãe, puta mãe, língua mãe, nave mãe!
Casa de mãe, papo de mãe, coisa de mãe!
Coração de mãe é assim, de todos  mãe!
Materna por natureza é a vida feminina.
Houvera Deus criado a crença dessa estima,
mulher é mãe, e toda mãe da rima à vida.
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Quanto o tempo tem?



Então corre a medida do homem na vida, que é o tempo.
Quanto dele é preciso para construir a realidade ?
Segue em contagem regressiva do humano pensamento.
Metro, cubo, quadrado, feito em linearidade.

Vai  bem rápido, bem célere, inevitável ou bem lento.
Tempo que contamos e damos nome de idade.
Pondo ordem na desordem dos humanos, fora e dentro.
Cada um tem uma, para singularidade,

O tempo por ele mesmo é ilusão de verdade.
dentro dela é que se vive, tudo de cada momento.
Quase uma mentira é a tal posteridade.
Quanto dele é preciso para construir a saudade?
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Soneto em tango



Um Tango vem rasgado no Bandoneon,
citando ao passo arrastado nossa dança.
Nas praças vivas vesperou pelo Leblon.
Pura energia vista em nua aliança.

Pisa a calma e a atravessa de calor,
a trama incauta do desejo é a confiança.
Moléstia é o Diabo louco do amor.
Nos corpos nus, alados quando a noite avança.

Esses jovens não sabem o seu colosso,
temem como se ao amar houvesse lei.
Não dominam bem os apartes do seu gozo.

Quanto ao amor dedico só o que não sei.
Pois dele assim me vale o que é gostoso.
Nunca dei por certo se é correto ou se errei.




Revelação



Se a linguagem não diz tudo,
no conteúdo das palavras,
tem um pedaço que é mudo,
é escuro,
é secreto.

Esse pedaço silêncio,
esconde no seu concreto
um misto de atitude,
revelação e afeto.

Por trás do comportamento,
preserva o seu absurdo.
Parte que não se pensa,
aparece em corpo desnudo.

São atos soltos no vento.
Revelados amiúde,
no seu passar desatento.
Como algo grafado em latim,
na tessitura dos vetos.

Histórias, fatos sem língua,
memórias caladas em medos.
Qual vegetação de restinga
espalham-se em interditos.

Lá o poeta entra, e briga,
para buscar o poema
do olhar, que hora lhe acena,
mas que ainda não foi descrito.
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