Citações

A palavra é o fio de ouro do pensamento.


SÓCRATES

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Alecrim ( Beco da fome)

Fotografia: Ferreira Gullar-Leo Burgos

O poeta de carne e de ossos passou por mim.
Sem contato, sem barulhos, sem conversa palavra.
Andava atento à gôndola do mercado aonde estava.
Aparentemente procurava o arroz, ou algo assim.
O poeta, apenas homem, queria ser  alimentado.
O poeta, apenas homem, apenas estava ao lado.
O poeta, apenas homem, parecia um poema calado.
Com o tempo parece que agregou poemas ao corpo.
Com a idade, poeta e poema quase se confundem num todo.
Mais que poema, o poeta precisa comer por ser animado.
Mas se o poeta não é um poema, parece dele revestido,
pois ao se ver o poeta, é o poema concreto que faz sentido.

O poeta magro e calado, tem o tempo de vida no corpo grafado,
O poema está nessa pele, nesses ossos, de carne já seca do sol do tempo.
O poeta é presente nos versos, hoje dele exalados  do passado.
Com eles atravessa a rua e sai, com um ar de preocupação.
Será um poema que o aflige? O poeta sera ele mesmo ou não?
Nessa hora não é fome de sígnos que conta, é fome de feijão.

Mas quando se olha para o homem, os versos aparecem nele enfim, seu corpo ali ao lado é cheio de presença e de significado; Posto que o poeta, com sua fome, talvez os procure entre os temperos. Não uma rima certa fechada ou aberta, mas apenas o perfume ou alecrim.

Talvez o poeta com sua fome apenas, aplaque o espanto
do que a vida exige, por se mover por tempo quanto.
Só, o homem não tem os versos que ao poeta são dados tantos.
No entanto o poeta some, escorrendo no homem de cabelos brancos, no intento o poeta transborda com a face vincada de poemas, seu manto.
Nessa hora o poeta é só, o homem é só o que procura, o de comer no seu canto.
Nessa hora é a simplicidade da vida que se transmite em seu encanto.
.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Viva ( Olhos nus)

Fotografia - Aniversário- Maria Oliveira

Um ano de novo te abraça
como quem chega recente.
nova idade em nova graça.
O tempo renova a gente.
Em cada aniversário
O tempo é um senhor exigente,
que em ti resplandece ao contrário,
de um jeito que a gente nem sente.
Teu corpo é o meu aonde.
Teus lábios  são bordas de taça.
Como os sorrisos que não escondes,
quando essa conquista nos laça.
Os amigos, num alarde
se juntam comuns, são parte,
participando como encarte
da vida que é a tua arte.
A felicidades que abraças
num existir sempre quente
faz que o nosso amor como brasa
queime quase eternamente.
Comemoramos o teu dia,
comemoramos a ti,
A toda tua poesia,
desse novo ano a vir.
.