Citações

A palavra é o fio de ouro do pensamento.


SÓCRATES

sábado, 27 de abril de 2013

Do seu próprio jeito ( O trago da seda)



Epigrafado de uma tradução de My way - Frank Sinatra
.
Para que serve um homem ao final do dia, para que serve um homem ao final de si, ao final do seu tempo, aonde há o laço com o que é infinito. Aonde a forma recordação abraça o eterno, e essa tinta mandala, quadriculada no imagístico gesto, veste assim a última homenagem da vida toda.
Toda ela completa do individual e de todos, do  seu próprio jeito.
Os registros serão o perfume exalado da memória incorporada de histórias, das mínimas recordações desses todos.
E o agora é pensar que ele fez tudo isto, e devemos dizer que foi esse o seu jeito, agora um legado da sua trajetória única.
Sem timidez, foi esse o seu jeito. Rápido; Rápido de amor e de sorriso, rápido de choro e de lágrimas, mas também rápido das alegrias, das viagens  todas nos caminhos do que há de mundo no mundo.
E tudo foi divertido, e tudo foi até onde tudo é e mais, muito mais, sem arrependimentos  eu devo dizer: Do seu próprio jeito.
De pé e coragem tudo foi enfrentado no xadrez do corpo, tudo foi enfrentado por inteiro.
E agora o fim não é o fim, o fim é outra história a ser contada com as coisas sonoras da lembrança encharcada do afeto construído no sem fim,  alem do tempo cronológico.
No coração esse é o desafio exposto claramente.
Meu amigo, o caso é que uma vida nunca fica completa, ela segue nos outros, nos amigos, e nos amigos  dos amigos também ela se expande.
Nessa época da memória tudo se refaz nas outras formas, nesse mapa os planos são outros a cada passo, no ocorrer do atalho por fim, tenho certeza, foi esse o seu jeito.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Abstrações ( O trago da seda)

Fotografia: Feira livre- Rique Ferreira


A fuzarca da feira e o frio de outono
são frutas que como na brisa que me abraça.
O preço da praça em sobra, em  abandono,
é o grito neo tono da luta em Gaza.
Mingau pelas beiras, bobagem, besteira.
Alegria inteira na voz pechincheira.
E o poema cheira a fogo sem brasa.
De qualquer maneira, na falta de sono,
num verso sem dono o poeta é a fumaça.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Alvorada do guerreiro ( A olhos nus)

Fotografia: Camisas vermelhas- Fernando Quevedo / O Globo

A alvorada queima fogos em Quintino,
os devotos se aglomeram na sacada,
bem mais cedo amanhece a madrugada,
lá no Império Serrano o samba é o hino.

Na cultura brasileira o sincretismo
dessa crença se traduz apaixonada.
Salve Jorge o cavaleiro das quebradas.
Santo forte contra todo mal destino.

Esse santo em seu cavalo é guerreiro
tem no manto o vermelho, a cor da vida,
cunha a força em faze-la aguerrida,
e é de todos o motivo, o padroeiro.

Que me venha, e a todos, conduzindo
desfazendo os temores sob a lança.
Protegendo com sua força os caminhos
com a calma e a boa perseverança.

Salve Jorge cuja fé é mais que a lenda.
Cujo tanto de fervor é sempre inteiro.
Sempre é nele que a esperança se inventa,
descrevendo em fé o Rio de Janeiro.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Espaguete à reciclagem ( O beco da fome)

Fotografia: Reciclagem- Lucy Juliana

Vamos pelar uns tomates excluindo-lhes as sementes.
Se não me falha a memória por falta de calafate,
as sobras da geladeira serão de um alto quilate.
Meio pimentão murcho, o que sobrou da chicória,
uma abobrinha é luxo, uma berinjela é a glória.
Uma cebola inteira picadinha é excelente,
amassagado bastante de alho vão cinco dentes.

Aquele champinhom de ontem, guardado e resistente,
dará ao molho nobreza francesa por arremate.
Uma colher de manteiga ao azeite leniente,
refogados em conjunto pimenta e sal à vontade.
Se a carne sobrou moída é bem vinda no empate.
Proteína prometida provem porem paridade.
Salsinha e cebolinha vão trazer perfume às partes.

Uma colher de mostarda, se puder seja Dijon;
Juntar à ela o caldo tropical de uma laranja,
dará assim um total sabor cítrico por franja.
Numa pitada de açúcar  a acidez perde o tom,
vamos somar mais massa do tomate que é bom.
No fogo brando uma hora toda coisa se arranja,
Com um dedinho de moça vermelhinha igual batom.

Por fim a pasta ao dente não pode passar do ponto,
de seis a oito minutos na água já bem fervente.
Salgada ao gosto de mar, quem dele sabe o sente,
na textura deverá ela ficar sem desconto.
Pois é nesse paladar que o prazer faz seu apronto.
Da Itália esse manjar se come até ficar tonto,
servido com parmesão ralado bem fartamente.