Nas noites em que buscamos poesia boa
A tábua rasa da cultura ficou quase nula
Drogadiços navegaram ao fim em falsas bocas
Enfermos fizeram de palavras rotas só charruas
O feitiço do amor inverteu o melhor do sexo
Marqueteiros fizeram das trovas remos de canoas
Assoreando o que já raso e ténue não é léxico.
Na noite em que jogamos nossa sorte à lua
A vida veio com a rapidez hoje contemporânea
O que era paz virou deslumbre de cisânea
Ao desfazer o rumo deslizou sem prumo e sem norte
Num abraço a solidão armou o rodilhar de um bote
passando por menor estima em lote a solução tacanha
Radicalização do querer bem assim não se situa
O prazer do momento se reduziu à carne crua
O senso critico locutor ficou sem nexo
de tudo nada vale a pena e ficou o resto
Diz que diz é poesia, e vale tudo, e pode.
Melhor que ser surdo é esse manifesto
Com esse verso provocante, tão molesto,
àqueles incapazes, com os quais a arte se recua.
Na noite em que o amor se fez no orifício que evacua
a vida pela vida transmitiu o odor do som sarau que vem da rua.
Para ler poesia basta ter calma, Para ler Poesia basta ter paixão, deixe-a incidir subcutânea, trama das retinas à veia aorta para faxina do coração.
Citações
A palavra é o fio de ouro do pensamento.
SÓCRATES
sábado, 13 de agosto de 2011
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Flash ( Banguelê)
Fotografia: Ver mais além, não só o que está á frente...´: Pedro F. dos santos Aires
À frente da lente esta a realidade,
é onde o poeta fotografa o seu tempo.
Com imagens projetadas em letras,
descreve na ousadia das imagens,
o flash em outros sentimentos.
Sem conter farsa, a proteção dos caretas.
Á frente na realidade, o poema vence seus limites,
pigmentando a palavra com cores de outra ousadia,
perfuma com um olhar novo as humanas aletas.
Franqueando esse olhar díspar, o poeta insiste
em observar de forma diferente, o que antes dele não se via.
Na linguagem servida à forma crua, a gorjeta gorda é a poesia.
À frente da realidade o poeta nunca se copia,
quando fere a comodidade, quando rasga a noite e pare o dia.
O poema tem uma maldade, ao mostrar de forma eloquente,
onde o verso refaz outra metade, sorrindo ou rangendo dentes.
Transforma a humanidade em outra de maior valia.
À frente da realidade o poeta é mesmo ignorante.
Estrábico, vesgo e delirante, conduz os crentes ao mirante,
de onde creem ver verdades, em outras verdades diferentes.
Assim, sofrendo, diz sem dor, quando dor de fato não sente.
Assim fazendo, diz ser arte, o seu nariz sem palmo à frente.
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Meu amor ( O trago da seda)
Fotografia: Betty . Gerhard Richter
Meu amor me ama com a graça
transparente e nua da alegria
Vem com a fúria da boa ventania
com a lua da noite me abraça
Meu amor é uma mulher tão viva
atiça meu corpo e o devassa
Reinventa a vida e me laça
invadindo assim minha preguiça
Tem o charme da malabarista
O sorriso mais lindo que há na praça
Sua atitude é sempre, a mim, bem quista
O seu beijo é vinho em minha taça
Meu amor diz que à ela eu trago paz,
quando nela a paz já esta contida
Seu desejo desfila na avenida,
com um brilho luminoso e sagaz.
Ela tem a calma humana por ofício
Desse amor sou simples ladravas
Eu devolvo esses versos ao início
Nessa graça eu a amo muito mais
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Rilke ( Barril Diógenes)
Fotografia: The Real Valley : JL Andrade
Meus olhos de fim de tarde observam ensimesmados
Os poderes parecem caber numa xícara de chá
O mundo despenca de suas bolsas enquanto anda de lado
E o tempo tem nos papeis um movimento indelicado
Herdaremos dos ortodoxos um único jeito de olhar
Os poetas estampam pardos os seus poemas inaptos
Enquanto a intranquilidade é instigada em dois Clicks
A coisa fica estranha se consequências antecipam os fatos
Não importa o caminho,o chegar, mas os modelos dos sapatos.
A sanha individual desmorona o seu perfil neo chique.
A solidariedade resiste nesse momento agrotóxico
Ministros tiram férias enquanto a casa incendiada pega fogo
A vida segue seu rumo desvairado, na cotação do monóxido
Pelas ruas definham as sobras queimadas em baratos tóxicos
A existência se define em um saque como o software do jogo
O império do consumo se abala, os jovens põem fogo em Londres.
A primavera Árabe atinge a clássica Abbey Road.
Tudo esta bem, posso ver do alto de minha janela, ao longe.
Os vandalismos financeiros dos títulos não mais respondem.
Mas não se trata de fim dos tempos, é só mais um Round.
Nos ventos da vida, o que é rápido se descarta na história.
O pânico tenciona à todos sem calma, ou algo que o explique
Qualquer custo vale a pena, por .cinco minutos de glória.
A melhor fotografia Humana é a que fica na memória
Enquanto tudo acontece, leio em paz Réiner Maria Rilke
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