Citações

A palavra é o fio de ouro do pensamento.


SÓCRATES

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Ciranda afetiva ( O trago da seda)

Fotografia:Amar: Daniel Costa Lourenço
Ninguém falou que seria fácil,
buscar no outro o seu proprio ser.
Bem lá no fundo do que é portátil
no afeto tátil de homem e mulher.
O afeto é íntimo, tem o corpo frágil,
qualquer palavra é sua contra fé.
Pode ser dita a ferir com os lábios,
ou ser ouvida como bem se quer.
Mas é do amor se mover versátil,
pois é assim mesmo o que ele é.
dele não se deve ser nada retrátil.
Vale a pena o viver como ele vier.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

112 Senhor Borges ( Olhos nus)

Fotografia: Borges: Idelber Avelar
Os olhos do senhor Borges
são ávidos do surreal.
Centenários, delirantes,
sementes do universal.
Nos papeis do seu alforje
trazem sempre o instigante
olhar de um navegante,
ocidente do mar austral.

Se os caminhos são morte longe,
os sonhos mais provocantes
estão ao alcance do instante
do que um livro tem de real.
O tempo é um caborje
onde o que é importante
é ser o seu comandante
manipulando o sextante
do início até o final
-

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

É só ( A puta me contou)

Fotografia: Solidão- Sérgio Boeira
Tem que ter disposição,
ter fogo para esquentar,
compartilhar coração,
e uma pegada ímpar.
O amor não é confusão,
é pra quem sabe se dar.
Ter medo dele é questão
pra solidão se instalar.

Quem quiser esse valor,
tem que saber conquistar.
Ele é sem cheiro e sem cor,
cresce em tamanho solar.
Tem peito de remador,
também tem dor de chorar.
Quem prova dele o sabor,
jamais o esquecerá.

O amor é mais que a paixão,
é correnteza no mar.
Quando encontra o perdão
no átrio auricular,
tem peso de algodão,
tônus e ação muscular.
No outro encontra a razão,
para querer se entregar.

Mas quem diz sempre que não,
terá tristeza no olhar,
ao não se dar permissão
pro coração funcionar.
Vai encontrar solução
na mesa de qualquer bar,
onde afogar a vasão
da falta de enamorar.



Hora do Pó ( Olhos nus)

Fotografia: Madeira aluvião; Rod Costa

Depois da esfera da arte nata que há em nós,
sobrou a fala que parte dos tranquilos medalhões.
cuja vida, metade, se esfoliou sem mais após,
outra metade, senil, se dedica a ser menos veloz,
fato que a natureza guia sem mais nos dar explicações.
A poesia e a palavra se divorciaram e agora vivem sós.
A ideia que mereça raciocínio tem o peso dos sermões.
Só o marketing define a arte, e é dela mesma seu algoz.
Rápida a inércia dourada da crítica marca sua posição,
definindo o que vale a pena ser ao fim o som da bela voz.
Nessa feira tão fugaz os cegos são os mágicos de Oz.
de maneira que talvez a massa, nisso tudo, seja pó aluvião.