Citações

A palavra é o fio de ouro do pensamento.


SÓCRATES

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Propaganda enganosa ( Mamulengo)

Fotografia: propaganda- José de Almeida


Campeão do infortúnio
na ilusão do desejo,
desperdicei pecúlio
na esperança de um beijo.

Toquei fogo em gasolina,
fiquei nu de alma suja,
dei vexame na esquina,
pelo amor da dita cuja.

Pratiquei piores vícios,
Para ver se a seduzia.
Li poemas do Vinicius,
atolei-me em vaca fria.

Errei todas as cantadas,
acumulei prejuizos.
As cartas do amor são marcadas.
Meu peito não tem juizo.

De fato se preconiza,
mudar o rumo da prosa.
Do amor eu aviso amigos.
É Propaganda enganosa.

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Sobre o nada ( Mamulengo)

Fotografia: Ensaio sobre o nada João Veríssimo

Flaubert quis um livro sobre nada.
Manuel De Barros escreveu
um livro sobre o nada.
Não sobrou mais nada,
de modos que eu não tenho nada
que possa escrever aqui

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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Tributo ( Mamulengo)

Fotografia: Uma boa leitura-Elmo
Muito bom entrar numa livraria,
dessas que possuem um café.
Escolher dentre todos os livros,
todos disponíveis, um que
atraia a mais a atenção.
Folhear suas calmas páginas de pele
Cuidadosamente.
Decidir por aquele que o chama,
sem ter a obrigação de ler.
Entrar e se sentar.
Respirar fundo consigo,
pedir um café curto,
uma água na taça.
Dedicar-se à leitura,
mergulhar nela.
Esquecer o tempo.
Ler à vontade,
até se locupletar de suas ideias.
Mas não compra-lo em absoluto,
pois isso quebraria o encanto.
Em vez disso, devolve-lo ao seu silêncio,
com o carinho dos cúmplices,
num ritual delito da volta
ao seu lugar na estante.
Então com a plenitude abastecida,
sair com as ideias colhidas,
sem pagar nada.
Apenas por dádiva de grandeza,
um tributo à gratuidade e ao tempo.
Apenas uma resenha de humanidade.

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Um olhar ( Mamulengo)


Para Jean C. Brasileiro

Dos sapatos de ferro da infância,
talvez eu traga na lembrança,
mais que os passos da memória.
Com eles perdi arrogâncias,
devido às circunstâncias
de um outro modo de andar.

A vida sob outros ângulos,
ensinou-me a persistência,
em cada chão novo de pisar.
Com ela me fiz homem
de corpo e de consciência.
Errático, erótico, erudito e popular.

Direto mesmo ao assunto
construí um homem ímpar,
um corpo ereto, de cara limpa
Roubei beijos, subi grimpas
quebrei medos, criei fundo.
Em mim não há o que minta.

Vivi meus anacolutos,
abandonei os absolutos,
até o amor me acalmar.
Se trago ainda alguns sustos,
com o tempo são diminutos,
eu os acalento no olhar.

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Arpas ( Mamulengo)

Fotografia: Hugo Paniche
Certas amizades criam aspas,
outras criam farpas.
Quando quero subo escarpas,
para buscar as minhas íntimas amizades.
São as arpas !

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terça-feira, 5 de outubro de 2010

Cacique( perna bamba é do samba)

Meu coração é Cacique em mim,
é de Ramos.
Minhas veias de tamarineira
são as chamas.
Já tenho nas pernas passos beiras,
Suburbanos.
Bira e seu celeiro
só de bambas.
Sambando vamos,
seguir o caminho da rua Uranus.

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