(Flávio de Carvalho, Nu Feminino, 1972)
A vida tatuada na pele dos fatos,
deixa nas tintas o rótulo que for.
Se antropofagia é seu predileto prato,
farofe-se em mim meu amor.
Sem nenhum recato,
pois sou seu churrasco de gato!
Liqui-pós-moderno,
à noite eu pardo,
meu nu é terno,
quente ao seu lado.
No breu de sua cor,
sou só sabor
enlambuzado.
Não aguarde nas tristezas, o que não compense.
Risque esse pretérito do caderno,
venho-lhe pênis et circencis.
Lindoneia, tudo meu já nasceu torto,
sem traumas.
Rasgue o vestido, deixe comido seu corpo,
traz calma.
Vamos fazer ventania.
Mate a descência Européia
na tropical alegria, alegria. Mergulho íntimo de apnéia.
Corpoesia sem cartógrafos,
dou-lhe os dedos e os dardos,
troquemos pois as digitais.
Em nossos corpos coreógrafos
linguas de fino trato são fatais.
É de comer e lamber o prato,
após dizer quero mais.
Mas ouça:
_Tome cuidado com os "Normais"!
Aos chacais os mimeógrafos.
Aos malditos os seus sarcófagos.
O contemporâneo ficou pobre
agora, venha, sejamos pop.
A balada é ouvir Rip-Rop.
Tope! Tope! Tope!
Huuuuuuuuuuuuuuu...
Saia da internet minha flôr!
Venha, não fique triste,
aceite o meu convite,
porque o prazer consiste
em troca de calor.
Dê um sorriso meu amor,
não inventei Reich nem Nietzsche,
mas um poeta que lhe amou.
Telma acredite
no que eu disse:
_Não sei ser Beat.
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