Tudo que o juiz pediu
O doleiro falou:
_Se é pra sair do gradil,
eu entrego ao senhor
tudo que meu dedo viu,
aonde empreiteiro subiu,
até o banco gentil
que honradamente ajudou.
_Pois não tenho mais idade,
juro a mais pura verdade
da santa cruz , piedade,
não posso com o xilindró.
_Fico doente e febril,
não, isso não, tenha dó.
_Sou pelo bem do Brasil
visto ao olhar do Renó.
_Tem olho grande o Nestor.
O faz-me rir lhe sorriu,
_Juro ao que lhe fez alegre.
_Isso com o tempo prescreve,
no céu azul de anil.
_Disse a mim o opositor.
O outro juiz não devolve,
aquilo em que se sentou.
A velha Arena comove,
ao ser contraria ao covil,
lançando assim seu ardil,
parece ser o Redentor.
Tudo é tão quente e azougue,
na falta d'água se afogue
nesse verão deu X nove
a chapa aqui esquentou.
_Tanto Dólar a esquiar neve,
acho, o leão cochilou.
Lá não se vale o que escreve
muito dinheiro da Ambev
para derrubar o eleitor.
Tucano esquece o Herzog,
a bicha, a mulher, o preto e o pobre
que a direita golpeou.
Hoje prefere um sacode,
barba, cabelo e bigode,
e o Pizzolato escapou.
A vida é mesmo um brinquedo
tem gente que está com medo
da perda ao que conquistou.
_Mas hoje joga o Flamengo,
tem passeata mais cedo,
no megafone um Pastor.
Esse é o cantar de um segredo,
republicano arremedo,
de um poeta azedo que micou.
Bilhete
Aquilo que temos vontade de ser
está emaranhado no desejo
Aquilo que nos permitimos ser
cercania nosso latifúndio vilarejo
Aquilo que de fato somos ao viver
é o histórico entre o olhar e o sobejo.
Art Nouveau
O fim do filme,
no fim da noite,
do fim da festa,
do sorriso que resta,
de festim, do amor.
Duas quadras,
é só isso,
e finda o mar
no fio da farça.
O corte ouriço
No corpo, o corte,
pressente a morte
do sol que eu não sou.
Então pergunto,
__O que foi doutor,
que de mim é o susto
que me sobrou?
Uma dose
Sou o que não há em mim,
não sou bom, não sou ruim,
vou alem, não sei pra onde.
O sonho que isso esconde,
é lavado em pedra-pome,
mil rasgos, eu sigo assim.
Se hoje o tempo está nublado,
sou o escuro, até pesado,
já não trago força em murro.
Algo dentro esta maduro
impreciso em tanto acuro,
sigo alerta e preocupado.
Quebro o muro em Berlim.
Sou eu mesmo em estado quente.
nem hilário nem comovente,
nem revoltado em Pequim.
Sei que sou o olhar nos olhos
Insano ensejo senhores,
meu silêncio destrincha vozes,
sou o extinto em botequins.
Eu sou mesmo tenebroso;
Sou o susto, sou o gozo,
o perigo e a cirrose.
Meu terreno é arenoso,
em razão e em psicose,
o periférico nervoso;
Curvado à realidade
possuído da saudade,
um atributo da gnose.
E ao fim, sou ton-sur-ton,
sou amigo do garçom
e me destilo em uma dose.
Tatu daí
As pessoas, atualmente,
não compram um poema por ser bom.
Elas o fazem porque ele é do Drummond.
Asim mais, bem mais que de repente,
O poema se compara porque é mesmo legal.
Obviamente é comovente, porque é João Cabral.
Aos poemas, que bom, serem geniais desde o início,
viram mesmo até vício, desde que se vejam Vinícius.
O poema, quando sujo, é limpinho, é lunar.
Não existe nele entulho, se for Ferreira Gullar.
Como é bom um poema, em que todos façam links.
O bacana, o genial, é que é um Paulo Leminsk.
Por querer, mesmo num verso, a rima e os seus baratos,
beija-se a boca do inferno, lendo Gregório de Matos.
Ele toca muito a todos, de alguma tal maneira,
obviamente se, oxente, é do Manuel Bandeira.
Se alguns nos evoluem, neles há mesmo todo esbanjo,
mas somente nos concluem, se for Augusto dos Anjos.
Outros sim. são viscerais, fervem muita hemoglobina.
Serão tão fenomenais, se são do Jorge de Lima.
Se um poema é um poema, uma coisa é uma cousa,
mais é mesmo o melhor, sendo assim um Cruz e Souza.
O poema é mesmo bom quando o nome se lhe pesa,
Como não se derramar cult Ana Cristina Cesar?
Para ser mesmo o tal, quem o fez será primeiro.
Para ter mesmo o sal, só o Geraldo Carneiro.
Cajuína neuronal destarte é inquieto,
poesia só se vale em um Torquato Neto.
De mulher pra Mulher, fica dado o recado.
Não num poema qualquer, gerúndio de Adélia Prado.
Sendo ele um poema, há de ter sua autoestima.
Vale a pena o se dizer desde Cora Coralina.
Se foi dito a saber, pois então o desnovele;
Vamos lá, Vamos a ver, se é Cecília Meireles.
Algo novo, para que?
Hoje é tudo instantâneo.
Haicaiu Karaokê
Tudo não faz mais sentido. Barulho é o desagrado
é poesia do enfado, teatro do oprimido.
Então perto do espasmo, então é o então sumindo.
para o seu duro deserto decerto o poema é lindo
lamberemos o sabão com essa grife do inquieto,
viva Waly Salomão, Tiririca até o teto.
Tudo é mesmo uma meta, ta cheirando, deixa perto,
é a poesia, é de salão, lepo,lepo,lepo,lepo.
Ai Caí
Não fique louco não,
mas fazer poesia
é duelar com a razão
Saga que se estraga
Numa terra bem distante
depois do Maracanã,
de nome significante,
chamava-se Canaã.
Nesse pedaço de chão
chegou um sujeito um dia;
Seu nome era Abraão
gerador de ventania.
Por gostar muito de mulher,
por nelas ter alegria.
Em Sara tinha a fé,
mas com Agar bem dormia.
Com a segunda, Agar,
Abraão teve Ismael;
Mas não assinou papel
para não se complicar.
Para Sara não chiar,
deu-lhe outro filho, Isaac.
Como coisa de almanaque,
dividiu em dois o lar.
Ismael se foi embora,
deixando Isaac pra lá.
Depois de passada a hora
deram de se odiar.
Isaac gerou um filho,
deu-lhe o nome de Jacó.
Para complicar mesmo o nó,
tirar o carro do trilho.
Jacó chamou a si Israel,
pois foi como aconteceu,
estava escrito no céu,
que é meu, é nosso é ateu.
Também o bom Ismael,
no deserto de Becá,
construiu um canto seu
e se pôs a procriar.
Depois nasceu tanta gente,
tantos filhos, tantos filhos,
e a coisa ficou mais quente,
feito pólvora e rastilho.
Na terra peninsular,
sem pensar sobre a questão,
resolveram só brigar.
Um pregava o Alcorão
e o outro amava a Torá.
Por conta criaram muros,
para fazer a cisão.
Entre si, olhos casmurros,
teimosos de coração.
Um deles, de amigo rico,
ganhou um domo de ferro.
O outro por ser proscrito,
disse essa terra eu quero.
Jogam pedras palestinas,
foguetes sem precisão,
e a resposta vaticina
fogo, bomba e canhão.
Morrem meninos, meninas,
senhoras e anciãos.
O mundo vê na vitrina,
sem muito fazer questão.
Sem direito de nação
por geração concubina,
nas asas do avião,
as bombas vêm lá de cima.
Cercados por mar e terra,
morrem numa explosão.
Mas como sair então
dessa tão malvada guerra?
Entra um camelo no céu,
sete virgens há por lá.
Mistério sempre usa véu,
são coisas de Oxalá.
Irmão que mata irmão,
como Caim e Abel,
não vai achar solução
guardada no solidéu.
Javé que desça depressa.
Que venha um café tomar.
E traga para a conversa,
a destreza de Alá.
Na busca de mais amem,
Jesus chegou com seu trio.
Ao redor de Jerusalém
de sangue nasceu um rio.
Chutes
De sorte que aqui a dona Fifa
resolveu conduzir a sua trama;
Por si reproduziu uma estica
deu areia no hotel Copacabana.
No jogo da purrinha zero é lona,
quem sabe vai dizer como é que fica,
otário sempre é mesmo um cafona,
Chamaram um sujeito, o tal Fofana
e um inglês dirigiu essa titica.
Por vacilar na copa, feito zona,
o afro em bangu só se complica;
Mostrando o futebol jogado em lama,
o outro sumiu pra não ter cana,
sem se tocar com o rumo dessa briga.
Mas toda a cidade os desabona,
achando que da festa fosse dona.
Doando tíckets a gente amiga,
agora a coisa fica leviana.
Em cana essa dupla de estrangeiros,
por causa de uma prática mundana,
que é a de enxaguar algum dinheiro.
Suíça financeira é um Nirvana.
Enquanto o Joseph toca a sanfona,
os outros se confrontam na quadrilha,
e a nota verde é a que mais estribilha
no cofre do hotel formando pilhas,
o fair play do esporte aqui detona.
Enquanto a bola rola nos gramados
dos elefantes brancos de concreto,
alguns meninos ficam bem cercados,
por divergirem do que não é certo.
São presos por P M ou delegado.
Sininhos e sirenes fazem grita;
No jogo o Brasil só nos irrita,
e a gente se entorpece na birita,
dizendo que o centravante é culpado.
Essa pelada é coisa de onanista,
se extravasando ao ver correr a bola,
mas o prazer vem das mãos do cambista,
e é pago sem perguntas moralistas,
desejo a se exercer pesando Dólar.
Por fim de um sete a um, deu Alemanha.
destrói-se a farsa do bom futebol.
Á sombra de cinquenta a gente apanha,
por dirigentes vivos no formol.
Enquanto cantam o hino nacional,
distantes dos problemas e patranhas,
ouvindo um alemão gritando é gol
a turma corre do pau dos meganhas,
e as vaias dos bacanas pegam mal.
Sucata de amores
Sucata de amores é a lembrança,
dos guardados do depósito da memória.
Ao poeta o que resta é a farta história,
afora o que fora um dia já bonança.
A seta agora aponta a contradança
do que restou, por ser contraditória,
e ao corpo leva a mão à palmatoria,
ditando rumos tão sem governança.
Quem pensa que domina o tal destino,
se ilude com tamanha euforia,
não sabe o quanto em si desconhecido,
haverá de insurgir no rol dos dias.
Qual água sem desejo que nos molha,
qual o tempo esse farol esmaecido,
é o acaso se atrelando destemido,
mudando o rumo sem fazer escolhas.
Assim se vai vivendo, lado a lado,
o ser e a outra tal, a realidade.
O homem é de si mesmo só metade,
a outra parte é ao porvir destinado,
que invade a vida com brutalidade,
e ao tal destino traz força tamanha,
num jogo aqui se perde e aqui se ganha,
deixando por sobra o sal da saudade.
Cerol
No tanto que o corpo é mente
em um sentimento combalido,
é o quando a gente não sente,
o que parece não ter sentido.
Se o lado esquerdo do peito
é o lado desguarnecido,
temos que achar algum jeito,
algum jeito, de se estar vivo.
É o quanto tão sem proveito,
em um tempo interrompido,
a despeito assim do desejo,
sortimento tão sobejo,
é assunto mesmo esquecido.
O afeto diz desrespeitos
á nobreza de um cidadão.
Cama vazia, em pulsão,
vira somente um leito;
Não, não, não, não, não.
Semente do que é ilusão.
Aquém do homem aguerrido,
forjado em exercer libido,
de fato é inadequação.
A pele encobre o que foi
também elo corroído,
à sobra no corpo dói,
insana desses sentidos.
As mãos sem o tato em desuso
só um movimento ingrato
A existência diz tudo;
Sustenido senso-lato.
No patológico intruso,
se a bola já foi pro mato,
o tempo de vida é bem curto,
para a virtude dos fatos.
A reverter mais vazão,
descaso da sexualidade,
por absoluto é o tesão
fogo que sempre arde.
De tudo restante à tarde
toda e não somente,
desdem da realidade.
O que move o amor mais crente,
na solidão da saudade,
no fundo do mar da gente,
é essa realidade urgente.
Ao se dobrar tão sozinha,
A pelves é marginal,
no lençol branco do cal,
de olor sem rumo e sem linha.
Por ser desobediente,
na andança gestual de um rito,
ela é o que sobrou do grito,
lembrança irracional,
recordando o mais urgente,
do ultimo amor, o letal.
Rumando na contramão,
assim vai maior o tempo;
É uma linha bamba no vento
no invento da solução.
Com muito cerol de vidro,
a desferir movimento,
sobre o sol do carinho ido,
no ar da forma e do brilho,
no vendaval do momento.
Qual pipa solta em vacilo
quase penúltimo suspiro
no vendaval insuspeito,
e a vida segue sem jeito.
Ou ela é isso, ou aquilo.
Geo
Não vamos nos esquecer que o nosso gás vem da Bolívia.
Que nós temos contratos com a Venezuela.
Nossa política interna ainda é um caso de polícia;
Na externa já não bate o " tamborzão" mais belo.
Nosso povo ainda está morrendo de icterícia.
E tem ladrão levando a vida só no lero-lero.
Até parece que aqui está muito bem, é uma delícia.
Sabão no chão, malandro, escorrega todo o mundo.
e todos pagam na geral a evasão de divisas,
e ainda sobra pra lavar qualquer dinheiro
Boca falada é menos medo do presunto.
E tem a vala pra ganhar nos ferros.
É uma questão, há que pensar, de fato, nesse assunto.
O cabrito vai e a gente fica só com os berros.
Enquanto o mundo queima, igual a qualquer "buzão".
Copa do mundo é pra ficar na pista.
Aqui se perde muita grana é pro Doleiro.
O papa é Argentino e Déus é um brasileiro.
Que a gente sai geral com a taça e o tal na mão.
e ainda paga a conta cara dos artistas.
Privatizando o fundamental ensino,
a escola pública cai com a nação no chão.
E assim vamos criando o futuro, como hino.
Vamos criando as meninas e os meninos,
ganhamos o concurso é na corrupção.
A solução?
Só se lutar no meio das ruas,
pois não virá de um raio,
ou qualquer coisa de lua,
senão da fibra e a fé de um cidadão.
A clava
A língua mastiga a cria, a palavra,
como um fundamental alimento
oriundo da formação do discernimento.
Da possibilidade da palavra também se alimenta
a liberdade, da-se a expressão, dela a fala se cria e se sacia.
E expande a alma, e ganha espaço, qual o metro e a geometria.
Comuna assim a construção do pensamento,
e assume, imagética que é, qualquer poesia.
Aonde antes somente o silêncio estava,
somente o silêncio guardava tudo o que havia.
Na fala o sentimento avança, nessa brevidade se pronuncia.
Liberto, humano, lírico, rompe o real à força clava
aonde antes nenhum novo olhar sequer se atrevia.
Assim vai o poeta na solidão mais brava,
sem saber que ele é a seta, o possível nexo à raiz.
É ao mesmo tempo a criatura e a ventania,
contagiando com a escrita a respiração da raça.
Recombinando vidas, dando-lhes vastidão
na brevidade do existir, uma una fisionomia.
Frei de Freire
Educar é transgredir o saber; É Invadir o conhecimento
para libertar a pessoa, é expandir assim sua própria vida.
Ao interagir com o real, vai-se desenganar a ignorância.
Ao provocar a inquietude vai-se transformando a atitude
na ousadia, no arrebatamento da existência mais altiva.
Vai-se germinar no individual a consciência coletiva.
Mais plural, desnuda da mítica, menos residual,
menos paralítica. Mútuo social sem mágica, mas prática.
Aquele que sabe, transforma o momento
com o fio do sabre do seu pensamento.
Transforma o real reduzindo- lhe a estática,
de forma global na práxis da crítica.
De uma forma tal, e com total talento,
que deixa o seu brilho
espalhado no chão do tempo.
Barril Diógenes
O dia queima a pele em violeta ultra.
A cidadania é um canhão de bala curta,
enquanto explode a plebe toda em profusão.
Refrão após refrão, e a união de vozes se avulta,
a exigir em qualidade a vida assim menos fajuta
a erigir bem mais que a existência por devolução.
Ao militante o militar, de arma em mão letal;
Se lançam chamas no "buzão" do carnaval,
é a união da solidão e a força bruta.
Descarrilando a solução nessa permuta,
do que se pode e o que se fode no final.
O rolezinho esbarra em mim nessa conduta,
um diz que sim, enquanto o outro já refuta
com uma desculpa meio fora do lugar.
Seguimos juntos, vozerio sem escuta,
e a disfunção permite ficar como está.
Para o evidente do caroço falta fruta.
Pois quem quiser comer angu que vá a luta.
Ao que parece, aparece um apartar.
IDH é um índice filho da puta,
é o que constrói uma pessoa mais arguta,
e a fantasia acaba em um banho de mar.
Pula que é de graça
Já é hora de exercer cidadania
Já é hora, Já é tempo, Já é dia.
Minha pátria, sua pátria, pátria minha,
não quer ter somente voo de galinha.
Já senhora não quer ser só patriazinha.
Mas para tal tem que haver a ousadia.
Tem que haver maior rigor na valentia.
Sem as ruas volta tudo às vacas frias.
Pressuposto e previsível
Na boa!
Os rios da minha cidade
não são o do Fernando Pessoa.
O Rio, a minha aldeia,
ninguém sabe para onde vai.
O Tejo entra no mar em Portugal;
O Rio, a minha aldeia, é um lamaçal.
Ele pertence a menos gente,
infelizmente a coisa é feia,
e o fato já é uma tristeza modal.
Porque pertence a menos gente,
essa menos gente se alheia.
Aos outros Rios sobra o assoreamento,
muita lama e muita areia, muito lamento.
Mas os rios e o Rio são muitos assombramentos
se juntam em algum mar inteiro, em alagados alentos.
Na calamidade contínua, e também inteira, são os deslisamentos.
Sobra a falta de solução, faltam bueiros, sobram plúvios lamentos.
Tudo é desastre, tudo é banheira, desaba muito.
Tudo é o muito, é o de sempre, repete a maneira.
Voltamos ao velho trauma, de novo ao velho assunto
E os rios calamitosos se sobrepõem ao Rio minha cidade.
Colhemos os donativos comuns ao descaso, á caridade
E ao Rio comunidade sobra então o refazer, o estar junto.
Nós e eles
Peconhas, Limpa folhas
Angelins vermelhos, Sapos garimpeiros
Maçarandubas, Brilhos de fogo
Faveiras, Bromélias, Orquídeas
Arapaçús, Formigueiros de topete
Capitães da mata, migrante Maranhão
A floresta nata é da Nação
Uirapurus, Oiapoque
Que ninguém os toque
Façam contenção
E que os escroques
não lhes ponham mãos.
Maracujás da mata, Tracajás
Caranguejeiras gigantes
Peçonhas, serra do navio
Venenos, Jacús-Ciganos
Sucuris, Monólitos e remédios
Ouro, bio piratas, diamantes.
Nascente dos rios.
Jari, Araguari, Amapari
Corais, muitos Euro nacionais, até demais
Cigarrinhas, Macacos-prego, Ariranhas
Micos mão de ouro, Cuxiú
Fumaça do Arú, Acapu
Tumucumaque e Mandioqueiras
Estendidos nas fonteiras
Ongs Armstrongs
Louros e outros louros
E uma vila chamada Brasil
No verde setentrional do azul anil
Aqui somos todos, nós e eles.
Zumbi dos escravos
Consciência negra
é da cor do tiziu.
É cafuza, é mulata,
é da cor do Brasil.
Foi queimada com brasa
reduzida a servil.
Transportada em navios,
a ferros, foi mercantil.
Das senzalas pros morros
quem te vê? quem te viu?
Hoje em pontos de ônibus,
igualdade em antônimos,
e o salário caiu.
Estatística é o quanto
se esconde, no manto,
o preconceito imbecil.
Nos modernos feitores,
fardados de amores,
apartada a fuzil.
Essa pedra de toque,
lúmpen do black Block,
essa cor varonil.
Quem são eles?
Quem são elas?
Quantos serão Mandela?
Quantos Gilberto Gil?
De gravata, de chinelas,
do asfalto às favelas,
misturada e febril.
Consciência é coisa crítica,
é um saber refinado,
é atitude política,
é o Zumbi dos escravos.
Militarização e questão social
Uma nova estética de protesto se instalou na sociedade brasileira.
A juventude nos aponta, nessa nova forma, uma latente revolta popular.
Os velhos instrumentos militares conservadores são insistentemente usados,
criminalizando-a, mas já não têm efeito funcional como inibidores de movimentos sociais.
O estado democrático de direito deve ser o maestro desse embate entre forças.
A polícia e a política novamente se abraçam, se é que já se desenlaçaram um dia.
O velho e o novo se chocam, são batalhões em ação e reação, o que é Liberdade?
A consistência jurídica construída como proteção dessas relações
é rompida a pedradas e a bala aonde a constituição é pequeno detalhe,
num embate entre a borracha e as pedras portuguesas do Brasil.
A vida segue seu rumo, há truculência no meio da rua, está pegando fogo.
A coisa é pública..
O príncipe pelado
Os livros que li me observam todos.
A mulher que amei já me quer ao longe.
Como Santa Teresa descarrilada de bondes,
a cidadania provoca à praça os moços.
Querem os dias felizes desprovidos de engôdos.
E tudo o que sei não passou de história,
e tudo o que sei foi costurado, na memória
do tempo de sol da sabedoria dos tolos.
Da casa sem cal, que é moradia nos morros,
descem todos para a avenida.
A cara sem sal, de decência desprovida,
dos políticos enxameia para a briga.
É o povo, muito povo, todo o povo.
Governantes querem os líderes que não são.
Eles não entendem nada dos claros recados
não entendem o que não querem,
mas os fatos gritam irados
explicitados na multidão.
Eles, os velhos mesmos, não virão para as ruas
Eles, os velhos mesmos, atordoados
não querem entender a nação.
Mesmo assim haverá mudanças.
Mesmo assim algo vai mudar, esta mudando, esta mudado.
O príncipe moderno, diversionista, esta pelado.
Espinha do peixe
Spray de pimenta
é o affair play do bope
do governador.
O povo aguenta
pelo feito imoral
do senador.
A massa esquenta,
sai da letargia, do torpor.
A revolta venta,
e varre o choque
da falta de hospital
para sua dor.
Bomba de efeito.
Esse é o grave jeito
sem doutor.
Não tendo leito,
sem educação,
sem professor.
Bala de borracha
acha o jornalista
e o cidadão.
Voa sem pista
contra a voz que grita
quero não.
Esse é o sândalo.
Eu que não sou vândalo,
passei por.
A rua canta
o que tem na garganta
e não passou.
A rua manda
nesse mar de gente seu valor;
E nessa enchente
faz Brasil corrente
meu amor.
GPS- Para Cláudio Upiano
A literatura é a tentativa,
ou mais, é a iniciativa
de criar um procedimento
constituindo rotas
para o pensamento.
No que podemos chamar
de amplitude maior
dos passos do homem,
em um processo
de coordenadas para a vida,
na impossível retenção
da viagem humana
no tempo espaço.
Alem do limite contemporâneo
há um pré e um pós
em qualquer tópico
ou ponto ótico.
São bases, são suposições,
das afinidades históricas
e das finitudes existenciais,
nada menos e nada mais.
Catástrofe
Nakba
Acaba
ou não
acaba?
É diáspora
ou intifada?
Abjeto exorcizado
Vejam vocês como é a rapaziada!
O segredo está por debaixo dos planos.
Lambança também pode ser cagada,
faltar com respeito aos direitos humanos.
Sentaram um sujeito pessoa errada,
na cadeira a alcunha de Feliciano.
Toda a sociedade está embasbacada,
alguém sem conduta sequer ilibada,
parece mais ser mais um homem leviano.
Racista em conduta, não gosta de negros.
Rejeita também as opções sexuais.
Talvez possa haver nele muitos segredos,
segredos guardados que venham de traz.
Parece haver mesmo um grande arremedo,
a dar tratamento às questões nacionais.
Mas a população já reage sem medo,
exige a saída desse desenredo,
nas manifestações em todas capitais.
Não se pode enganar sociais militâncias,
com a deselegância e arroubos verbais.
Esse parlamentar representa as instâncias
do obscurantismo de outros carnavais.
É o oportunismo tecendo as tramas.
Invade o Estado em aromas fecais.
A democracia não é coisa insana,
cabe ao povo lutar desfazendo chicanas
extirpando condutas tão pouco morais.
O congresso deve tirar o pé da lama
responder aos clamores populacionais
cuidar das comissões que são primordiais
com o respeito civil que a causa reclama.
Objeto político é a praça do Estado.
No embate a conquista ou o come quieto,
Não se deve entender como fato isolado,
o interesse escuso a ser questionado,
na ocupação do espaço por ser abjeto.
Roupa nova
As Roupas novas do Papa, se roupas de papa novo,
terma de ideias modernas contemporâneos contornos.
Terão linho conservado? Serão panos renovados?
Fomentos dos tempos dados na costura de seu povo.
Absoluto o Monarca, ofertando o pão e o vinho,
desse povo em paz de espírito será líder do caminho.
No palácio Vaticano o líder mor episcopal.
Sobre a pedra o cristalino do vermelho Cardeal.
Na clausura da Sistina a filosofia é fina
política e oficina de um líder espiritual.
Na surdina tem a banca cuja fumaça se assina,
no ocidente das finanças rimando com as batinas.
Tem escândalo sexual no solidel da família.
Tem padres com filho e filha, orgia vista em jornal.
Abuso em pedofilia é coisa antinatural.
Assim, na praça São pedro, esperam pelo segredo
Cúria em dedo Michelangelo, se tarde agora ou cedo,
o católico ritual se firma em rearranjos do poder pontificial.
Caralho
Cale a boca poeta!
Sua língua não é bem vinda, sua poesia é intriga,
deixe a palavra quieta mesmo que um olhar te siga.
Cale-se, evite a briga, mantenha sua visão interna.
Quanto à poesia?
Pois guarde-a na boca da aurora,
deixe-a lá, ela evapora ante conceitos de valor.
Coisa feia e atrevida é chamar sua amada de amiga,
causa- lhe chatice, melancolia e horror.
O poeta é um deseducado.
Pôs uso à palavra bandida,
por esse poema grisalho,
o codinome de ato falho,
é locução tão alarida.
À companheira ao seu lado,
provoca ardência ferida,
agressão ao pundonor,
dissabor, boca maldita.
Agora, como retalho, penará na abstinência.
Pode guardar o caralho no mar da inconveniência.
Não lhe dê grande ao trabalho no fio da inclemência.
Pois vai dormir no silêncio da libido patavina.
Sem afago, sem calor, sem sabor de nicotina.
Agora sem agasalho a madrugada se fina.
Sem talho e sem atalho, tenha santa a paciência!
Sol à mão
Desejar ter amigos
A acessibilidade
àquilo que é abrigo,
na essência e no perigo,
custa a afetividade.
Amigos de verdade
provêm duo arrimo,
sem o susto do limo
das adversidades.
Cultuado na saudade,
o afeto é um dom divino.
A amizade é um exercício
bem maior que seu desejo.
Projeção é só um almejo
do real, que é mais difícil.
Aonde o temor é vício
limita-se o solfejo.
À palavra branda,
uma outra é esbravejo.
Seguem o mesmo realejo.
Se a amizade se espanta,
é que a graça não é tanta
em um pequeno gracejo.
A amizade é um braço
antes do precipício,
ante o chão movediço,
a forma do afeto é um laço,
como a cama e o cansaço,
elo em ouro maciço.
Bobagem
A mediocridade e suas felicidades
imperam aonde nada se quer saber,
alem das irrelevantes medianas delícias
da condição Humana.
Dando a outra face
Na arte de transfigurar a palavra está o refinamento humano da literatura, dando a ela uma outra forma, outra musculatura. Significando uma outra face, novo encarte, outra nova visão.
Nessa transfiguração a arte surge, onde o homem ressurge e a vida ganha amplitude, compreensão, transparência, abertura.
Alterando-se a palavra damos à ela outros sentidos, posto que um só não basta.
Na arte o humano se reconhece, se abastece, naquilo que busca de novo, num ato de reconstrução da sua própria realidade, de alguma forma modificada, encandecida.
Nessa compostura a vida se transforma, elástica, maior, mais crítica e de sentimentos mais farta.
Na arte de configurar a vida, a palavra, o idioma, é fruto comum do ambiente do conhecimento, a fala é cultura nata. A escrita é mais, requer níveis de elaboração.
Com a escrita a palavra muda, é outra lide, escrita é fermentação, é ousadia, é mosto; Quem faz dela o melhor uso, transforma a si e ao outro, dando á fala novo rosto, novo valor, novo gosto, isto é a criação, essa é a diferença iluminada.
Nesse acontecimento se descreve o melhor posto, o melhor múltiplo discernimento de continuidade.
A escrita criativa fica assim contaminada, é a realidade revisitada de outa forma. Uma libertação na crônica renovada.
Tropia a calhar
As praças acampadas ganham seus mares
de gente protestante, da juventude.
O tempo é atuante em ocupares.
Na busca, na novidade e na atitude.
O intento muda de forma em novos lugares.
Transforma as multidões nas suas luzes.As mentes antes silentes, antes vagares,
transbordam agora em formas mais argutas.
Na política social em voga, novos obuses
compõem a causa pública em dialética.
Exigindo com essa forma, nova conduta.
Nas redes novas ideias compondo estética.
Nas nuvens há informações por mil fonéticas.
Nas ruas dos facebooks juntam milhares.
Patética a humanidade multi-eclética,
exibe nova política e nova ética.
Exigem uma existência de formas justas,
compondo em novo cenário a cidadania.
Agregam em seus protestos fúria e alegria,
redistribuem riquezas nas suas lutas.
Não mais neoliberais cantam seus louros,
vestidos com os ternos negros dos janotas.
A praça rubra das vozes abate o touro.
Sem ouro menos reluz a princesa Europa.
Um Zeus apaixonado, em porta aviões,
circula todos os mares até o final.
Esquece esse gigante em centuriões,
de ver o que se passa no seu quintal.
Enquanto aumenta a riqueza do dragão,
impondo à geopolitica, os orientais.
O mundo vê a globalizada razão,
para a ilusão financeira que se esvai.
Enquanto o dragão ruge, o leão mia.
A pedir emprestado em pires, capitais.
O touro de Wall street é vaca fria,
sem discutir seus assuntos criminais.
Nos trópicos de soja e ferro só a alegria,
engorda o antes pobre Banco Central.
Globalizada a tal da economia,
reorganiza o mundo mais plural.
Do estado carece ter mais serventia,
Para desfilar de novo no Carnaval...
Pirata não bebe sopa
Pirataria na Grécia
Pirataria em Roma
Pirataria na França
Pirataria na Pérsia
Piratas desde Sodoma
Pirataria avança
Pirataria Inglesa
Piratas na Amazônia
Piratas sob a mesa
Piratas na Patagônia
Pirataria na China
Piratas no Paraguai
Pirata ali na esquina
Piratas vêm de Changai
Piratas tem no Caribe
piratas tem na Somália
Piratas de black-Tie
Pirata em Maracangalha
Piratas em Varre e Sai
Pirata que usa faca
Pirata de canivete
Piratas de Web é nata
Piratas de internet
Pirata de barba rocha
Pirataria em Cancún
Pirata não bebe sopa
Pirata gosta é de Rum
O emergente e a emergência
Todo ano a mesma coisa indelicada.
Sobem rios e caem chuvas no verão.
As tragedias se repetem, e sempre nada
se dedica em buscar a solução.
Quando os rios saem de suas beiradas,
invadindo um pacato cidadão.
Sempre aonde a pobreza instalada,
faz morada de última opção,
todo ano a agua vem sempre molhada,
tão certo como dois e dois são quatro.
Solução sempre e sempre é adiada,
deixando essa gente num hiato.
Substrato de uma tal grande Nação.
Obras são sempre tal, inacabadas.
Os rios perdem os cílios sem visão.
Ribeirinhos têm a vida devastada
num flagelo de auto repetição.
Choram perdas de vidas atordoadas.
Como escória ou subclasse em solidão.
Esse "PIB" de riqueza propalada,
encantada mais parece uma ilusão.
Concentrado dessa forma tão malvada,
entropia é uma desordem instalada,
escondendo uma outra ordem no colchão.
Se dizendo uma Terra de emergentes,
caricatos em seus maus deslizamentos,
porque deixam repetir esses momentos,
dessa forma infeliz e displicente ?
Porque não se age responsavelmente?
Porque tanto se subtrai solução.
No descaso corrupto de indolentes,
somem verbas como passe de condão
Quando sabem que essa verba é dessa gente,
Quando sabem que é essa gente a Nação.
Cidadania é a forma exigente
de cobrar outra atitude da União.
Disrupção
Se a matemática é a publicidade da economia neoliberal, no Brasil, o monetarismo ortodoxo é sua marchinha de Carnaval.
Mas, sendo inábeis diante dos exércitos da cidadania, são contábeis, ficam imóveis, a se esconder nas tramas vivas dessa alegria Patrimonial.
Nonsense
Da praia do Leblon,
até a praia da Bica,
o fole do Acordeon
vai de Gil à Tiririca.
A cultura tem um som,
o palhaço é a contra-fé,
os votos mostram o tom,
Charles Chaplin da ralé.
O Brasil interno dita
ao congresso meio "Avon",
nossa trilha mais bonita,
congressistas são marrons.
A Internet voa aflita
na rapidez pós-kantiana,
aonde a informação levita,
tanto quanto cai da cama.
A política da imagem
passa a ser maior valor.
Partidos são só bobagens
para lesar eleitor.
Resulta que não se pense
representar cidadãos,
com o que há de "nonsense".
em pose na televisão.
,
Concórdia
Daquele momento de intolerância eu ainda me lembro.
Os povos se estranham únicos na epiderme da Géia.
São nomes da Euro, Américo, Indo, Ásio, Afro colmeia.
Tensão em explosivo terror de outro negro Setembro.
A história tem fogo, tem ferro, e tem rosto feroz de alcateia.
O homem é o lobo do homem e o teme manembro.
A desigualdade divide os custos entre todos os seus membros.
O choro escorre nas águas do Marco Zero diante plateia.
A dor tem na guerra a cor de maior tom agora.
A dignidade é dispare nos povos e nas suas tantas crenças.
Primavera do mundo se quer, e toda língua sem avença
cria traumas, custa vidas, faz feridas em quem chora.
Quem não sabe conviver com os seus aflora diferenças.
No memorial das lembranças o ódio emoldura a história.
Aonde a guerra é a conquista unipolar do que seria a glória,
caem torres de impérios em mistérios de qualquer endoença.
Lado a lado se vêm as vitimas das vitimas das vítimas,
consolados por princípios éticos em crua disparidade.
Cantam hinos em Manhattan e outras mais tantas cidades.
Como é trágico o embate de fogo eterno das ilegitimidades.
A nuvem e a fumaça mata gente inocente nessa insanidade.
A memória mundial de onze de Setembro é terna e crítica,
Para quem quer no mundo o melhor dessa tal geopolítica.
É tempo de pensar na busca da paz com credibilidade.
Isso não é coisa de gente
Quem não tem amor tem soluções inexpressivas.
Não vale a razão de ter calor na própria vida.
A sobra é solidão por servidão nessa enxerida.
Pobre de intenção porque não sabe ser querida.
Sombra em escuridão é a construção de toda intriga.
Quem não tem amor, não tem sabor, é ressequida.
Vai viver na dor de ser mentora de feridas
Se não tem sabor, não tem memória de comida.
Rilke
Meus olhos de fim de tarde observam ensimesmados
Os poderes parecem caber numa xícara de chá
O mundo despenca de suas bolsas enquanto anda de lado
E o tempo tem nos papeis um movimento indelicado
Herdaremos dos ortodoxos um único jeito de olhar
Os poetas estampam pardos os seus poemas inaptos
Enquanto a intranquilidade é instigada em dois Clicks
A coisa fica estranha se consequências antecipam os fatos
Não importa o caminho,o chegar, mas os modelos dos sapatos.
A sanha individual desmorona o seu perfil neo chique.
A solidariedade resiste nesse momento agrotóxico
Ministros tiram férias enquanto a casa incendiada pega fogo
A vida segue seu rumo desvairado, na cotação do monóxido
Pelas ruas definham as sobras queimadas em baratos tóxicos
A existência se define em um saque como o software do jogo
O império do consumo se abala, os jovens põem fogo em Londres.
A primavera Árabe atinge a clássica Abbey Road.
Tudo esta bem, posso ver do alto de minha janela, ao longe.
Os vandalismos financeiros dos títulos não mais respondem.
Mas não se trata de fim dos tempos, é só mais um Round.
Nos ventos da vida, o que é rápido se descarta na história.
O pânico tenciona à todos sem calma, ou algo que o explique
Qualquer custo vale a pena, por .cinco minutos de glória.
A melhor fotografia Humana é a que fica na memória
Enquanto tudo acontece, leio em paz Réiner Maria Rilke
Poema acidental
Vivemos de moda no que ela é serpentina,
mas de fato nem tudo é folia ou Carnaval.
Locupletemos dos sorrisos das vitrinas,
Estamos prestes ao defaut Imperial.
Peça emprestado uma palavra para rima
à vitamina da banana nacional.
Existem carros mais baratos lá na China,
tantos impostos no desvio federal.
A classe C, que um dia era patavina,
hoje domina o imaginário Capital.
A dona Dilma abraçada à Cristina,
caminham juntas no duelo cambial.
A ultra direita explode os seus na repentina.
Um coronel tem disfunção sexual.
Homofobias, racismos ou minorias.
Intolerâncias em cena adverbial.
Psicopatas têm mentes assassinas,
mas eles sempre se destroem no final.
Nas atitudes destrutivas por morfina,
eles escondem a farsa intelectual.
O big-stick está perdendo adrenalina.
Tragédia Grega é da Europa por igual.
Ecologia é ouro verde nessa mina.
A Amazônia é brasileira em Cacoal.
Mais um ministro é envolvido com propina.
Custo Brasil torna mais caro seu mingau.
Mas conterrâneo mesmo nunca desanima,
tem alta estima e o sorriso triunfal.
Esse poema é homenagem bem traquina,
só se combina se quem ler tiver astral,
A inspiração as vezes fica tão sovina,
que se amotina no poeta ocasional.
Fração brasileira
Pergunta lotado o Maracanã.
Vegonha maior à polícia pertence.
Onde foi parar o menino Juan?
Cruel, a real baixada Fluminense
esconde uma prática não cidadã.
Aonde estará esse pobre menino?
Porque se escondeu num outro segredo?
Por que beco anda, ou está sumido?
O silêncio esconde a violência no medo?
Ou o silêncio do medo é o medo assumido?
As vezes eu sismo
Só uma pista de tamanho abismo
A violência da sociedade se mede
pelos perigos do seu jornalismo
Réquiem ambiental
Ainda temos as Sesmarias,
definindo a mata e o chão.
Na face fria da covardia,
na ideologia da ilusão.
Ainda há força da faca fria,
na jugular de uma nação
Decide a vida numa valia
de pouca monta e devastação.
O latifundio já desmatado,
é fogo queimado Colonião.
Seguem o grileiro indelicado,
junto ao rei da mineração.
Extrativistas morrem ao lado,
sendo enterrados no correntão.
Terão morrido por um pecado,
de serem fardo à ocupação
de uma fronteira para o gado,
ou madeireira usucapião.
Fica a pergunta mais intrigante
perambulando a indignação,
quem terá sido esse mandante?
Um estrategista ou um ladrão?
Quando será a proxima vêz,
na amazônia ilegal Brazil,
há de morrer mais um camponês,
sob a impunidade azul anil?
Quem extermina os extrativistas,
o que conquista com a outra mão?
Finda a floresta, mas sua gente
junto com ela, não finda não.
Se matam um de forma indecente,
o sindicato forja um milhão.
Comédia desumana
Divina é a comedia humana,
no porta-luvas vira gigante.
Guarda sua radiante fama
Dos sonhos faz inferno de Dante.
Na selva escura de puro asfalto,
não se assegura o mínimo rastro.
Se a escala é dura rumo ao salto,
muitos quedarão com um infarto.
A vida trava uma luta cruel,
onde um vulto não é homem mais.
Dita Virgílio a caminho do céu:
É a loba vida que intriga à paz.
Vai sendo feita ao tempo a jornada,
em que se perdem muitos dos homens.
Na covardia das más palavras,
findam os que se perderam ontem.
Pobre da alma que acolhe a um mal,
ao qual se divulga com maestria,
mais não afeta, esse ato desigual,
tal desatino a quem não cabia.
Feita de calma e força, é a coragem,
não se esconde em tal atitude.
No anonimato de fiel clivagem,
com o silêncio não se discute.
Ao breu se esvai o caluniador.
Por mim se vai à cidade dolente.
Não cabe um ai na eterna dor.
Assim se vai tão perdida gente.
São pessoas que sofrem tanto,
inferiores como Caronte.
Guardam suas vidas num falso manto,
vivem num limbo sem horizonte.
Deixo a Minós vir os pecadores.
Ele os faça, um a um, nas sentenças.
De historias tristes são portadores.
Têm solidão por recompensa.
Difícil reconhecer a imundos,
de cuja alma nada se salva.
São só inúteis nunca profundos,
para seus erros não há ressalva.
Pobres coitados com vara e lama,
de cujas vidas eu vou declinar,
pois quem bebeu de Copacabana
Trás sempre aos olhos nave do mar.
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