Cabeça de escrava-1992- Oscar Pereira da Silva
Enviado por Jô, a escrava do amor
Ele quis fazer de mim outra mulher,
não uma mulher com outro corpo,
mas outra pessoa na verdade.
Fico triste, não serei o que ele quer;
Se não gostou do que sou, serei saudade.
Saudade é o que divido na forma e na fé.
Quis mudar-me, não gostou d'alguma parte.
Só ama se fizer de mim outra qualquer.
Se assim ele é, sinto muito, não sou aparte.
Para gostar-me, tem que ser toda, inteira.
Já tudo sabem os sussurros dos ouvidos.
Não serei mais uma tentativa passageira.
Nos corpos, nesse jeito de amor sumido.
Frio o romance deixa beijos sem maneiras.
Não seria eu, tendo outra
personalidade.
Tentar ser outra é ruim , isso me
cansa.
Distanciar de mim mesma não faz sentido.
Ficam nossos os reboliços da lembrança.
Tenho de mulher e amor, só a realidade.
Não vou apagar o olhar, nem vê-lo tolhido.
Não sei amar, ferida de minhas liberdades.
Eu que pensava encontrar amado escolhido,
vejo agora só um amor de puberdade,
Portanto ele não pode ser mais querido,
Que maldade, que maldade, que maldade..
Mais uma dor e mais um homem removido,
quando a ideia exaure a cumplicidade.
O amor acaba na abstinência, no castigo;
Se já em mim não há mais felicidade,
é que endiante só seremos bons amigos.
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