Não exijo nada do tempo, que o tempo não possa me dar,
suas exigências são, no momento, o que aguardo na pele visível.
Enquanto tudo que me foi dado, cabe num gesto seu do olhar.
Amo esse ato enviesado, esculpido no seu rosto a cinzel.
Se esse tempo não faz de conta, não finge ser só de vinda,
o viver fica dentro dele, na sua história, como uma foz desagua.
Se o tal tempo da vida é de barro, o afago dele é a cacimba,
não há trégua no espaço, mesmo no mundo das mágoas.
Falar do tempo é vago, se o tempo é por ele, imprevisivel.
Inclemente nesse enclave do que não se sabe onde finda,
A resistência do amor é que nele refaz uma outra berlinda.