Citações

A palavra é o fio de ouro do pensamento.


SÓCRATES

sexta-feira, 15 de julho de 2011

O pio da coruja ( O analfabeto poético)

Antropofagia- 1928- Tarsila do Amaral
Oswáld era os seus manifestos
atropofagicamente.
Os inteiros dos seus restos,
são contradições das sementes.
Germinam no que é moderno,
no inverso do indiferente.
Instigantes como pesto
na vanguarda da massa ao dente,
de um Pau Brasil mais honesto.
Do seu tempo um pertinente.

Cubismo, futurismo, Polinésias,
os Afros vão à Europa.
No leite de magnésia,
de novo a arte se dobra,
nos cenários das falésias,
sanatório das desovas.

Nas antropotarsilas telas,
todo indio quer apito.
Quem volta também retorna
Ao Ipiranga no grito.
A literatura, essa bela,
se banha em agua morna.
Sem fazer muito agito,
para não haver mais marola.

Enquanto come sardinha,
no amburguer da causa humana,
repondo antropoasia,
pastel e caldo de cana.
Vendida traz mais valia,
a Tropicália bacana.

A moda autopsía
aonde a pessoa urbana
mastigou sua poesia.

Modernismo é uma alegria
morena como o bombom.
O Cacau é da Bahia,
as ideias "ton sur ton".
Onde a coruja pia,
tem Marx, Freud e Breton

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Baixa ( O analfabeto poético)

Fotografia:Cristo Redentor -Paulo Camarão

Parece absurdo e até desvario,
coisa do demônio, do inferno.
Inesperado como faz frio
no centro do Rio, um gelo eterno.
Ascendam o sol pelo pavio
Preciso casaco, preciso de terno,
uma cana, caneca ou uma taça de vinho.
De costela e coberta, me alterno,
para espantar esse frio vadio.
O frio aqui não é nada moderno.
O Carioca é a ele arredio,
ninguém gosta, e eu não quero.
Qualquer lugar fica vazio.
No susto eu mesmo hiberno.
Tudo é abandono, é baldio.
Brrrr! Que frio no Rio, que inverno!

terça-feira, 12 de julho de 2011

22 é malucão ( Olhos nus)



Fotografia: Vai um biscoito ai? - Alexandre Fernandes Costa.
.
Eles faziam com as palavras aquilo que quisessem.
O mito fez assado o biscoito fino dos Andrade.
Numa lenda mastigada herdamos as benesses.
Cada cultura tem o Macunaíma que a merece.
Hoje a literatura é maçã caramelizada.
Marketing é o que a define, eco dos interesses.
Os versos para os sentidos mais parecem maçada.
A arte é desidratada nessa feira de quermesse
O forno das vaidades deixou a rosca queimada.
Dessas ideias vazias surge a poesia sem alicerce.
De resto para o sarau sobrou o nada versus nada.

Trancelim ( O olhar da carranca)

                                         Fotografia: Estátuas vivas 8 - Francisco de Oliveira

Desço eu de mim mesmo
no passo de um trancelim.
No que me desconheço,
ao meu lado, quase assim.

Vejo no silêncio, o começo,
se o poema é trampolim.
Seu destino web, a esmo,
temperado em botequim.

Palavras de sal, torresmo,
arrimam em boa ou ruim,
cobrando em sentido, o arresto.
Pedaços de mim em mim.

Um do outro me descrevo.
Eixo virabrequim,
na explosão dos apreços,
sou o rosto do arlequim.

Flutuo no chão, o tropeço,
o destro do Bandolim.
No meu corpo de Hefesto,
cruza o poema carmim.

Rimando o amor honesto
com sua pele de cetim.
Não me preocupa o resto,
pois volto a me estar no fim.
mauro-paralerpoesiabastatercalmablogspot.com