Foto: Moia em tongariki- Revista época, Haroldo Castro
Talvez eu morra,
de sorte que ficamos assim.
Vou dessa porra
de vida, no que ela é chinfrim.
Mesmo que ocorra,
da noite dos meus dias chegar por fim.
Bala Camorra,
sobre meu rosto um tiro, não é festim.
depois de morto.
Talvez eu volte, para o meu gurufim.
Num samba torto
solando cuíca no que sobrou de mim.
Serei encosto.
Amigos tomarão porre de Gim
sobre o meu corpo.
Uma mulher há de chorar o homem que fui.
Na sua fé,
dirá adeus a quem já se conclui.
Se Deus quiser
sairá ladeada por um ser de luz.
Ou outro qualquer,
serei um incógnito Moia Hapa-Nui.
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Para ler poesia basta ter calma, Para ler Poesia basta ter paixão, deixe-a incidir subcutânea, trama das retinas à veia aorta para faxina do coração.
Citações
A palavra é o fio de ouro do pensamento.
SÓCRATES
sábado, 4 de setembro de 2010
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Manhã dos homens (O analfabeto poético)
Ao primeiro sinal de partida sonorizado, a realidade é urgente.
A manhã dos homens surge como uma lâmina iluminada.
Há que correr atrás do tempo reproduzindo de novo suas pegadas.
Na urbe os cidadãos procuram em jogo, suas cadeiras numeradas.
Atrofiam a vida pela global fábula dos emergentes, desastrada.
Ao segundo sinal, senhores, religuem seus celulares.
Mastiguem o pão nas commodities do balcão à frente.
Preparem seus diafragmas de mergulho, prendam os gases,
para que as surpresas da pressa se acumulem, travem os dentes.
Diante da possibilidade do que é fútil pareçam inteligentes e populares.
Anonímem-se em avatares, aos reclames
enquanto uma floresta em chamas será queimada,
na multiplicidade ignorante de um povo.
Amarrem-se ao cais salarial com seus cordames
Em hipóteses ou Iphones, não respirem ar novo.
Se for povo, leia antes o manual de instrução.
Socorram-se nos bares.
sendo tolos, fiquem quietos, é o mais conveniente, não reclamem.
Mantenham-se rígidos nos plexos solares.
Não cedam de si nada, nem por um minuto.
Sob nenhuma possibilidade dêem-se ao outro,
essa entrega seria um vexame de atos vulgares, e até libidinosos.
Paguem o dízimo à receita federal, evitem incômodos perigosos.
Ao terceiro sinal.......
Êpa!!
Um ipê sorriu de cor,
em abusado azul turquesa.
Chamou para si a natureza do dia,
essa cena não estava combinada.
Iluminou toda a calçada.
Consumo presumido de delicadeza?
Quem diria!
Uma criança corre escrachando-se em beleza animada.
Vai aprender necessidades na escola dos homens.
Resiste a praia, mesmo que magoada de ecologia.
Nas suas línguas negras ensaiadas, está vazia de areia e de ontem.
Cedo demais para as utopias físicas do mar em sua alegria.
A moça bonita negou-se ao namorado à noite,
agora nervosa passa perdida, em lamento.
Há um qualquer de tristeza em seus olhos,
parecem que choram para dentro
um restinho de amor ou de ressentimento.
Agora ela vai correndo apressada
em seu terninho arrependido de advogada,
pedir hábeas corpus ao juizado da vênia.
Não fala da noite passada. Não coitada!
O amor é assim,
faz silêncio ao fim,
nas paredes de um beijo.
Êpa!!!!
Desejo não se discute, evitem a poesia de cada um,
em situações limite ceguem os olhos do poeta,
mesmo que eles saibam ver na escuridão.
Guardem bem suas emoções, aguardem o lançamento.
Nas páginas octogenárias, em alguma parte alguma.
Pois um dinossauro de metal se esfrega nas ruas.
Em seu ponto final chegou, cheio de gente na barriga de bilhete único.
Gente que vale o transporte, gente igual, gente só rosto, gente só gente.
Cadastros, grotões, pingentes.
Correm à sorte!
Corram, corram, corram todos para o dia de hoje.
Dizem que é de quem chegar primeiro.
Mas atenção sejam felizes, porque esse dia também será único.
Até o próximo sinal.....
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segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Olhar paisagem ( O olhar da carranca)
Fotografia: Falésias a cair, Samuel Cantingueiro
Para Carlinhos Baixista
Ficam me olhando com esse olhar de janelas.
Pessoas como eu quebram, no corpo, suas fronteiras.
Fazem-no, eles, os que não conseguem passar por elas.
Mas quem enfim não as têm?
São precipícios!
Aquém de si próprios, tangem-se nas falésias, pelas beiras.
Miram assustados o universo do tudo que não sabem.
Preservam-se do que não sabem, protegidos pelo sossego,
garantidos do que é o óbvio, é paisagem.
São as fumaças do medo.
Santas, essas pessoas calmas, distraídas nos recatos dos seus centros.
Sem correr riscos imponderáveis, por princípios.
Protegem seus rostos de vidro, contra os desconhecidos ventos.
Quem de si não sai, por um único momento, viverá apenas normal,
viverá apenas morrendo.
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