Fotografia: Direção-Caró Lago
Eu e o que é de mim, em tudo, não sei sempre.Vivo o tempo dividido, ele mesmo, em partes três.
O passado guardo o quanto à memória o venha.
O presente é um fogo a queimar em carne lenha.
O futuro não vem sempre no rosto que imaginei.
Os dias meus nunca o são da eterna idade.
O tempo venta na cabeça em que o raspei.
Mundana e curta é a má perversidade.
Trago às narinas o ar da felicidade.
Porque a vida é um fato forte, e mais não sei.
Aos inimigos tempo nenhum dediquei.
Aonde eu vivo é aonde areja a vida.
Trago nos versos o punho da mão direita.
Doença alheia em meu corpo não se ajeita.
Pobre é o despeito, e a inveja é uma ferida.
Não vendo à Deus as respostas dos meus erros
Os meus segredos são para quem deixo entrar
Outros desfazem dos detalhes dos seus medos
Ah! Como é alegre o engano ao ledo
Não chego cedo para não me atrasar
Poucos me dizem quantos Eus existem quentes
Um por dentro, outro por fora, e ao outro a lei
Se Europeu, Nagô, Judeu ou Tupiniquim
O meu começo não tem o endereço do fim
Eles que ponham olhos onde não olhei.
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