Fotografia: Bolas da cinuca- H.Ralf Lundgren
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Pela bola sete do jogo do amor,
o fio da Gillette é a cicatriz da dor.
Se o sorriso repete as bocas do calor,
são bolhas de confete numa Veuve Clicquot.
Sendo então pela ordem da vez a bola seis,
pontua-se em pano verde as contas do freguês.
Com o perfume da rosa que atenda à sensatez,
O poeta que se cuide no seu bom Português.
A bola cinco azul celeste é cor do céu.
Se acaso for descuido inverta-se o papel.
Sê vinho com veludo, sê gosto como mel.
Pois se o amor é tudo, não tenha dele o fel.
O tempo dos amantes seguirá sempre o tom
das quatro estações, se a bola for marrom.
Se é perto é chamego, se é longe é ponto com.
Pois sendo esse o segredo, há nele o que é bom.
Todos à ela desejam, a três, a bola verde.
Gelada agua de coco é bom para quem tem sede.
Cumplicidade em cama ou balançar de rede.
Queimam-se em chamas entre as quatro paredes.
Segunda bola em jogo. Atentem-se à amarela!
Pois dentro dessa flor afastam-se as quimeras.
O sol tem seu calor e a China tem chinelas.
Todo romance em cor perfuma a coisa bela.
Quando a prima bola inflama, é vermelha.
Aonde chega invade em presente centelha.
toda mesa se abra, é o que se aconselha.
Se alguém tiver vergonha, queime suas orelhas.
Germina-se um poema no que ele é loquaz.
No bico da sinuca a saída se refaz.
Se a vida é muito curta, amar é ser audaz.
Assim com a bola branca amor eu peço paz