Citações

A palavra é o fio de ouro do pensamento.


SÓCRATES

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

De novo(o trago da seda)

O louco- 1904- Pablo Picasso

Acho mesmo de mim, que sou um louco.
Olho para a juventude para ver o olhar do novo;                
Quando ela chega velha eu acho pouco.
.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Disenteria(o trago da seda)

O bobo da corte- Diego Velasques 1644
Quem diria
Quem diria
A espetacular
Oral alergia
Verborragia
Pura gritaria
Auto-psicoterapia
Ira de irar, desvalia.

Gastronomia
Do lamentável
No momento
A servir
Pastel de vento

Sem sentimento
Ou compromisso,
quando isso tudo é só isso.
Sem nada no interior.
Sem fato de fato,
sem nenhum valor.
Soe somente reboliço,
frases no ventilador.
Perfórmance de arte destituída.
Como uma rede sem peixes,
num rio sem pescador.

A palavra corrompida.
Marra morta, combalida,
Na fúria vazia, se é show,
em um  verso sem combate.
Tato que é tatibitate.
E o cão não morde nem late.
O ouro é de tolo quilate,
diverso de versos, estupor.

Quem diria nada disse
Se não disse não falou
Mais que velha e vazia
Tagarelice mais fria
Abaixo do estômago
nos intestinos do leitor

Quase asnice
Ser cretino.
Cretinice.
Cabotino.
A mesmice.
Vira hino.
De conteúdo ruim,
berro
chinfrin.
Birra.
Borra.
Barulhim
bobo,
mirim.

Uma chatice
a mais agrada
à Cleonice?
Um poeta
de pastiche
sem fim.

Ai como é horrivel
um poema previsivel,
fazendo pose de incrível.

Quem quer
disse me disse,
de um  verso
basbaquisse.
Na voz
maritaca
Insiste.
Retite ai é o fim.

Ao ouvido
a patetice.
Bate estaca.
Esquisitice.
Macaco
faz macaquice,
fanfarrão
fanfarronice,
o idiota
a idiotice.
Gaiato
faz gaiatice,
maluco
faz maluquice,
paspalho
Faz paspalhice,
insano
Diz a sandice.

Esse poema tolice,
Maria com melancia.
Quem diria!
Quem diria!
Essa mera porcaria,
cheirando a disenteria,
ia chamar
Poesia.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Poeminha(o trago da seda)

Bira
A vida é universo desabrido.
Aos poetas, lhes cabe
criar nela, os novos sentidos.
.

Zé Limeira no samba(perna bamba é do samba)

Briga de galos- 1951-Djanira
Zé Limeira pediu licença
a Deus para descer do céu
disse que tinha peleja
mas foi é beber cerveja
gelada nas redondezas
do boteco do Leonel

Violeiro bacharel
Lá encontrou Tereza
bonita por natureza
mulata de cama e mesa
Rainha bem globeleza
da comuna do Borel

Vestindo mais de um anel
Zé não foi pra Paraiba
evitando mais intrigas
deu o braço à rapariga
rumou com a tal amiga
a quem chamou de pitél

De provar daquele mel
Tinha vontade inteiro
mas antes foi no Salgueiro
buscar uma agua de cheiro
ouvir o som de um pandeiro
num samba em verso fiel

O cantador menestrel
sem ser um bamba na escrita
pra moça em laço de fita
fêz poesia bonita
deixando a mulher aflita
Limeira fêz um cordel.

Ao homem da Borborema
versador de mote à hora
repique caixa e surdo
ao poéta do absurdo
num galope de entrudo
foram mostrar a escola

A noite rasgou seu vel
Com cheiro de praia Ipanema
furos de estrelas pequenas
do céu desceu lua plena
no firmamento da teima
do brilho de um papel.

Pra ver Zé Limeira cantar
de todas as cercanias
surgiram tantas Marias
o sol já paria o dia
quando o pagode insistia
seu gosto mais popular.

Martelo de baira mar
com rimas da boa aposta
foi uma pequena amostra
o samba é só prá quem gosta
levanta a saia das moças
deixando alegria no ar

Depois de ouvir o pagode
Zé Limeira deu um mote
tirado da sua cachola
Sem querer ser nada esnobe
perguntau pro rip- hop
se sabe cantar Cartola

Como num drible de bola
enquanto ninguem responde
no traficar de um bonde
O rep é o repente longe
com a postura de um conde
Limeira pega a viola

Chamando pra um desafio
A alegria foi tanta
os versos soltam gargantas
mas cantador sacripanta
com a morena se adianta
provocando disvarios

Por conta dos seus carinhos
falava com voz bem mansa
que rimou o fio da lança
com a cavidade da entrança
casando o desejo e a dança
de macho e fêmea no cio.