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SÓCRATES

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Zé Limeira no samba(perna bamba é do samba)

Briga de galos- 1951-Djanira
Zé Limeira pediu licença
a Deus para descer do céu
disse que tinha peleja
mas foi é beber cerveja
gelada nas redondezas
do boteco do Leonel

Violeiro bacharel
Lá encontrou Tereza
bonita por natureza
mulata de cama e mesa
Rainha bem globeleza
da comuna do Borel

Vestindo mais de um anel
Zé não foi pra Paraiba
evitando mais intrigas
deu o braço à rapariga
rumou com a tal amiga
a quem chamou de pitél

De provar daquele mel
Tinha vontade inteiro
mas antes foi no Salgueiro
buscar uma agua de cheiro
ouvir o som de um pandeiro
num samba em verso fiel

O cantador menestrel
sem ser um bamba na escrita
pra moça em laço de fita
fêz poesia bonita
deixando a mulher aflita
Limeira fêz um cordel.

Ao homem da Borborema
versador de mote à hora
repique caixa e surdo
ao poéta do absurdo
num galope de entrudo
foram mostrar a escola

A noite rasgou seu vel
Com cheiro de praia Ipanema
furos de estrelas pequenas
do céu desceu lua plena
no firmamento da teima
do brilho de um papel.

Pra ver Zé Limeira cantar
de todas as cercanias
surgiram tantas Marias
o sol já paria o dia
quando o pagode insistia
seu gosto mais popular.

Martelo de baira mar
com rimas da boa aposta
foi uma pequena amostra
o samba é só prá quem gosta
levanta a saia das moças
deixando alegria no ar

Depois de ouvir o pagode
Zé Limeira deu um mote
tirado da sua cachola
Sem querer ser nada esnobe
perguntau pro rip- hop
se sabe cantar Cartola

Como num drible de bola
enquanto ninguem responde
no traficar de um bonde
O rep é o repente longe
com a postura de um conde
Limeira pega a viola

Chamando pra um desafio
A alegria foi tanta
os versos soltam gargantas
mas cantador sacripanta
com a morena se adianta
provocando disvarios

Por conta dos seus carinhos
falava com voz bem mansa
que rimou o fio da lança
com a cavidade da entrança
casando o desejo e a dança
de macho e fêmea no cio.

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