Fotografia- Multidão - Artur Ferreira
Fico vazio se não resido no outro, como homem pleno e aprendiz.
Nesse trânsito busco a vida, e dela mesma a felicidade é filha.
Colho no que está fora de mim o que me compõe e me partilha.
Contenho, pelo vivido até aqui, mais do que se aparenta ao mel verniz.
Articulando o que venho com o que recebo em troca mútua de cartilha.
Entre o que sou, e o outro que me é útil, o fascínio e o milagre da linguagem.
Na linguagem me expresso, dividido, inteiro e múltiplo, no aqui e no agora.
O que sou é o que troco, no que de mim segue no outro e faz a história.
A linguagem interna é prisão, se o ser humano não a divide, é carceragem.
O que sou, é o que guardo desse encontro, eu o levo preso na memória.
Nada valho, se desisto dessa troca e seu afável, o poeta o disse e corrobora.
Minha cidade esta no outro, no outro meu princípio se compõe e se inicia.
Sem a atitude de interdependência solidária a vida seria inútil e inodora.
Sem paixão, sem solução, só uma ilusão onde o indivíduo evapora.
Hoje trago meus versos como objeto aonde o inevitável comemora.
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