Foto: Ricardo Leone-O Globo
Roubaram os óculos do poeta,
Míope é a poesia do ladrão.
Quem rouba versos desperta,
Quem rouba bronze, esse não.
Quem sabe talvez tenha fome
Ou falta-lhe ser cidadão.
Se o bronze tempera o homem,
Como se faz para errar na mão?
Pergunta que a mim inquieta.
Roubaram os óculos do poeta,
Por quem nele os versos somem
Como aos olhos na escuridão.
Roubaram os óculos do poeta
O que fazer para achá-los então
Estarão perdidos no abandono
Encobertos em papelão
Rasgados e maltrapilhos
Ou foram para coleção?
Foram-se os óculos do poeta
Levados assim sem perdão.
Alguém os levou qual taça
Derretida em má fundição.
E agora José que desgraça
Quantos olhos te levarão?
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