Carnaval, 1984, Carybé
Tem samba na central
Tem samba na central
Tem samba na central
Dezembro tem carnaval
No vagão minha Portela
Paulinho é a fera
E o Paulo é fatal
A velha guarda se esmera
Caminho das pedras
Mostrando o sinal.
Mangueira outra primeira
Estação Cartola.
Cachaça total.
Lá vem cacique de ramos
Dona Ivone Lara
Fundo de quintal
Salgueiro trouxe o Aldir
No vagão botequim
Que é o seu hospital
Mestre na arte do samba
Cana de gurufim
Ginga de futebol
Quem bem nasce lá na vila
No vagão estréia
Matinália é gol
Martinho vê essa filha
Luiz Carlos brilha
A escola chegou.
Tem também bafo da onça
Onde o samba desponta
Cheio de moral
Sob o sovaco do Cristo
Vadico feitiço
Dia nacional
Império serrano já tinha
O vagão da serrinha
Num jongo dileto
Moças sambando agora
Lembrando das rodas
Do Grande Aniceto
Outro vagão desatina
Na Leopoldina
Mostrando que é
Uma escola de samba
Descolada e bamba
Sambando no pé
Novo vagão vai enchendo
Gente vem surgindo
Olha o galocantô
Trazendo no cavaquinho
Um Zeca pagodinho
É com nesse que eu vou.
Trem da Tereza Cristina
Esse tambor de mina
Cantando somente
Um novo samba que brota
Tocando em volta
Comuna semente
Lá no vagão de Nilópolis
Trazendo própolis
Neguinho entrou
Era um vagão passarinho
Parecia ninho
Para beija flor.
No vagão apaixonado
Um samba apertado
Fazia calor
Tinha marido enganado
Pois se é simpatia
É quase amor.
Outro vagão vai de letra
Cordão bola preta
Arrastando gente
Todos seguram chupetas
Não é micareta
É o samba somente
Olha o Bezerra que canta
Falando de planta
Que é bem popular
Mas da uma fome danada
Que o vagão cala
Pra se alimentar.
Quando fazia zoeira
A Cantar João nogueira
Num outro vagão
Era o clube do samba
Lembrando o poeta
Só era emoção.
Vindo lá de Niterói
Mesmo vendo que dói
O vagão vale ouro
Num samba que nos encanta
A sair da garganta
Lá do Viradouro.
Tem um vagão que delira
Os gigantes da lira
Meninada quente
Com seus palhaços e banda
A todos encanta
Assim miudamente.
Outro vagão a lotar
Escravos da Mauá
Velha beira do cais
É tanta gente a cantar
Lara lá laraia.....
Mas ainda chega mais.
Vinha tão cheio e indolente
O Vagão mocidade
De Padre Miguel
Era de felicidade
Cantando contente
Um samba fiel.
Oswaldo cruz é o caminho
Surdo e cavaquinho
Há pandeiros por lá
Onde o samba não dorme
Todo dia é do samba
Pra gente acordar
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