Maria-1948-M. Dionísio
Dor de amor se vacina com outro.
Universo novo e feito diferente.
Fio condutor da mais alta corrente
abraçando em união dois indecentes.
A solidão assim se esvazia em troco,
nos poros abertos dos combatentes.
Dois corpos juntos se chocam, prontos,
como cabelos no pente envoltos,
ávidos a unir nesse coito
a rima feita e o repente.
Língua úmida que é leniente,
a rima em lábios abre-se toda,
de cuja boca o verso entorna.
E a água pura da fala gosa.
Sem a leitura sagaz e quente,
cortante e teso o repente aponta.
Adentrando firme a rima porta
com a força bruta que lhe apronta.
O aríete duro irreverente a monta,
infiltrando-se bem contente,
como quem cava a colher na horta
da rima rica, as palavras postas.
Desfalecendo-as em tons candentes,
Gemidas, gritadas, chiadas e mortas
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