Fotografia: Nu-ABrito
A cada dia mais se faz estima à poesia feminina,
há nela um rasgo de intimidade pessoal.
Em seus versos germinam mais generosidade, mais força,
posto que em toda mulher há poesia, na sua verdade mais real.
Porque em toda mulher há o encanto de mais sentimento.
Porque em toda mulher há entrega, portanto há sofrimento.
porque em toda mulher há crença, há confiança, há intento.
Porque em toda mulher há solidão, unicidade, há perdão,
há a unicidade, o alento.
Em todo olhar feminino há a tecitura do momento.
Porque em toda mulher há a resposta da natureza á esperança.
Porque em toda mulher há o labor da multiplicidade.
Porque sob a visão feminina nunca é a vida algo que se apequena.
Porque é em toda mulher que ela, a vida, se origina e se expande.
É é nelas que o sonho humanidade se fabrica
em tempo, em corpo e em gente.
Porque na mulher, os sentimentos predominam
desde todos os inícios.
Ainda que todas se ajoelhem a um poema do Vinicius.
Quando a natureza humana, nelas, se instala,
a força se reinicia e se completa.
Porque a concretude dos desejos esta nelas, O útero da vida é delas.
Nelas o eterno se aloja, aguardando a luz do novo homem multiplicada.
No escuro do silêncio uterino das transparências do trazer humano.
Ainda que chorem de calor por alguém, em vigília interna.
Ainda que alguém de dentro lhes pule o muro transitório
e esse choro permeie a vida também.
Aonde uma mulher guarda tristeza, se deve desfazer as presas,
nas quais se agarram todas as mágoas.
Talvez, de quando desfeitas as tramas da primeira união,
a ausente destreza de algum amor desarrumado,
dos carinhos ou descaminhos da cumplicidade.
A mulher é feita de sentimentos, arquiva todos os momentos de desilusão.
Toda arranhadura da entrega, sem esquecimento.
Ninguém se entrega tanto ou mais ao amor que ela,
ninguém confia tanto, ou mais, no amor quanto ela,
ninguém se dedica com tal carinho à tamanha empresa e razão que ela,
ninguém trilha mais os caminhos do coração quanto ela
e ninguém sente a desilusão da separação tanto quanto ela.
Quando a intimidade feminina doí, a dor se evidencia de modo tal,
que mesmo com a leveza de um sorriso souto,
mesmo com o charme luminoso ou as cores de um vestido novo,
os olhos denunciam se há mágoa, se há dor, ou se há marcas cativas dessa desilusão.
Uma lasca de cristal partido no olhar feminino quando chora.
Os olhos femininos têm mais força para o abraço, para a o aconchego da verdade, para o colo, para a evidência do desejo, para o beijo, para o calor,
pra o sexo.
A sensibilidade se evidencia sempre, diante do que é frágil
na consistência do amor, diante da dedicação que se transtorne
em sofrimento, diante do hiato de afeto, entre um antes e um depois.
Talvez diante da mágoa, da perda, talvez do esfriar silencioso
do distanciamento.
Talvez o sismo, diante do imaturo acabar de uma paixão,
algo de inexplicável e íntimo lhe dói mais.
Nela o afeto embaçado fica mais evidente, nela a tristeza ganha um tom diferente, afiado, interno, inteiro.
Como é intima a tristeza feminina nos seus claros aparentes.
Não há algo que a vende à uma atenção mais apurada.
Nela não há fascínio, porque não há fascínio em tristeza,
mas há beleza, há delicadeza, há dignidade, algo comum à dedicação maior
à sua verdade, nua e clara.
Porque toda mulher é para o amor, toda mulher é para a beleza,
toda mulher é para a vida, a mulher é artífice máxima dela mesma,
da própria vida.
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