Minha poesia tem o interior desvairado.
Seus significantes fogem da cadeia nos versos.
Deixando em sobressalto e abertos os significados.
Nesse desatino de sujeito, então, miro o diverso.
Ela se apropria dos signos e os revira, os distorce
para um outro olhar diferente. Mais liberto.
A quem os sentimentos decifre, ou chegue perto.
Meus versos são um veio, ou são só um recado
para esse olhar ao alheio, mais aflito de gnose.
Na solidão de um saber mais aberto, disserto.
Eles que sirvam de pequenas doses.
Estivando as palavras para outros barcos.
Reanimando objeto, nenhum eu fica vazio.
A história é o segredo, da minha aldeia,
a memória é o que sou, é o leito do rio.
Pavio que se transmite em poderio não alienado.
Quando vista em pertinência e atavismo,
toda linguagem abriga em si o seu abismo.
Mas antes, decerto, tece seu abraço emaranhado.
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