Fotografia: A caminho do ano novo- Marina Aguiar
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Rei morto! Rei posto, assim vem mais um ano de novo.
Novo Corso, novo rosto, novo projeto de felicidade.
A festa sempre é bem vinda, reflete a nossa vontade
Todos nossos desejos se façam reais de verdade.
Também a prosperidade invada as instâncias do povo.
Esperamos que um ano par una mais gente em par.
Desejos se realizem no que o amor se reparta,
dando a todos refúgio nos princípios mais dignos.
Assim nos protegendo dos tais políticos malignos,
desejamos aos juízes uma opção mais sensata.
Que a riqueza se divida não só com a mesma nata.
A saúde seja boa e se mantenha no rítimo.
Alegrias à vontade para todos sem aparte.
A paz seja tamanha que já não se faça alarde,
Toda ira se desfaça em atitude pacata.
Fartura seja comum a todos em mais prodígio.
Unidos, seja menor todo e qualquer litígio.
Utopias se realizem como maior fortuna.
Bons ventos soprem, conduzindo a nova escuna.
O novo ano se passe juntando novos amigos.
Os fogos de artifício explodem ao que saia,
ocupando seu espaço na fileira da história,
ele ganha seu lugar nas cadeiras da memória.
Luzes dão boas vindas à essa nova trajetória.
O novo já se prepara para ocupar sua praia.
.
mauro-paralerpoesiabastatercalma.blogspot.com
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Para ler poesia basta ter calma, Para ler Poesia basta ter paixão, deixe-a incidir subcutânea, trama das retinas à veia aorta para faxina do coração.
Citações
A palavra é o fio de ouro do pensamento.
SÓCRATES
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
Feliz Natal ( Olhos nus)
Fotografia : Antônio Manuel P. da Silva
.
O mundo é melhor em todo lugar,
aonde ser feliz seja algo simples,
comum como o jeito de um olhar
qualquer, que se ensaia e vá ao outro
A Terra é pequena, o resto é só mar,
melhor que todos dela participem.
Façamos melhor pelo nosso lar
Pode mais quem faça o seu pouco
O dia que nasce, repete o Natal
Nos comerciais uma ode ao templo
Nos shoppings o múltiplo comemorar
Solídariedade é só um cabelo ao vento
Se hoje é Natal em Belém do Pará
Também é Natal em Paracambí
É Natal em Darfur, no Jardim de Alá,
E no que sobrou dentro do Haití
O Natal independe de consumação
É a paz, é Shalon, é Salamalek
O abraço comum é a fé Oxalá
Humanando as raças formadas no leque
A paz irmanada em qualquer cultura
faz maior o homem, é transnacional
Unindo nesse dia em terna aventura
os braços de todos num feliz Natal
.
.
O mundo é melhor em todo lugar,
aonde ser feliz seja algo simples,
comum como o jeito de um olhar
qualquer, que se ensaia e vá ao outro
A Terra é pequena, o resto é só mar,
melhor que todos dela participem.
Façamos melhor pelo nosso lar
Pode mais quem faça o seu pouco
O dia que nasce, repete o Natal
Nos comerciais uma ode ao templo
Nos shoppings o múltiplo comemorar
Solídariedade é só um cabelo ao vento
Se hoje é Natal em Belém do Pará
Também é Natal em Paracambí
É Natal em Darfur, no Jardim de Alá,
E no que sobrou dentro do Haití
O Natal independe de consumação
É a paz, é Shalon, é Salamalek
O abraço comum é a fé Oxalá
Humanando as raças formadas no leque
A paz irmanada em qualquer cultura
faz maior o homem, é transnacional
Unindo nesse dia em terna aventura
os braços de todos num feliz Natal
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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
Carta solidária ( O trago da seda)
Meu Deus nas núvens
Meu amor na rede
Numa brisa
Contemporânea
a solidariedade
Se avisa
Comum
à água de todos
Se há vida
a oportunidade
preconiza
a mesma sede
.
sábado, 17 de dezembro de 2011
Via superior(Perna bamba é do samba)
_Aí Cabral!
Não o pai, mas o filho.
Tudo bem?
Pega o trem
da Central!
Pega, vem!
Vem no Rusch pros trilhos.
A Marechal!
Vem comigo.
Vai ser legal,
vem amigo.
_Aí Cabral!
Vai rolar alegria,
Supervia?
Nem liga!
Assovia!
É! Na moral!
Que que tem?
Contagia a moçada!
Eu não tô fazendo nada,
Você também!
Na Geral?
Vem Cabral!
Vem pra ver que bonito!
Tanta gente!
É tão quente.
caminhar nos dormentes.
Nem parece um conflito.
Marginal?
Irmão, não tem perigo.
Lotação sem castigo!
Vem curtir o apito!
Nada mal,
natural!
Vem Cabral!
Vem meu bem!!
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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
No vão da escada ( A olhos nus)
Nada vai mudar o passado,
plano pleno da memória,
guarda móveis da história,
seja no certo ou no errado.
Nem tudo é dom do agrado,
também há aventura inglória,
de fato não persecutória,
mesmo estando ao lado.
O tempo transforma a gente,
mas deixa como num cercado,
o que se passou guardado.
Como fato recorrente,
como lembrança candente,
mantendo uma vida quente,
comum de um caso contado.
Lembrança é uma corrente
nos pés do tempo amarrada.
Por mais que o tempo ande,
pois tempo não para em nada,
a memória é um elefante
sentado no vão da escada.
.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Alecrim ( Beco da fome)
O poeta de carne e de ossos passou por mim.
Sem contato, sem barulhos, sem conversa palavra.
Andava atento à gôndola do mercado aonde estava.
Aparentemente procurava o arroz, ou algo assim.
O poeta, apenas homem, queria ser alimentado.
O poeta, apenas homem, apenas estava ao lado.
O poeta, apenas homem, parecia um poema calado.
Com o tempo parece que agregou poemas ao corpo.
Com a idade, poeta e poema quase se confundem num todo.
Mais que poema, o poeta precisa comer por ser animado.
Mas se o poeta não é um poema, parece dele revestido,
pois ao se ver o poeta, é o poema concreto que faz sentido.
O poeta magro e calado, tem o tempo de vida no corpo grafado,
O poema está nessa pele, nesses ossos, de carne já seca do sol do tempo.
O poeta é presente nos versos, hoje dele exalados do passado.
Com eles atravessa a rua e sai, com um ar de preocupação.
Será um poema que o aflige? O poeta sera ele mesmo ou não?
Nessa hora não é fome de sígnos que conta, é fome de feijão.
Mas quando se olha para o homem, os versos aparecem nele enfim, seu corpo ali ao lado é cheio de presença e de significado; Posto que o poeta, com sua fome, talvez os procure entre os temperos. Não uma rima certa fechada ou aberta, mas apenas o perfume ou alecrim.
Talvez o poeta com sua fome apenas, aplaque o espanto
do que a vida exige, por se mover por tempo quanto.
Só, o homem não tem os versos que ao poeta são dados tantos.
No entanto o poeta some, escorrendo no homem de cabelos brancos, no intento o poeta transborda com a face vincada de poemas, seu manto.
Nessa hora o poeta é só, o homem é só o que procura, o de comer no seu canto.
Nessa hora é a simplicidade da vida que se transmite em seu encanto.
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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Viva ( Olhos nus)
Um ano de novo te abraça
como quem chega recente.
nova idade em nova graça.
O tempo renova a gente.
Em cada aniversário
O tempo é um senhor exigente,
que em ti resplandece ao contrário,
de um jeito que a gente nem sente.
Teu corpo é o meu aonde.
Teus lábios são bordas de taça.
Como os sorrisos que não escondes,
quando essa conquista nos laça.
Os amigos, num alarde
se juntam comuns, são parte,
participando como encarte
da vida que é a tua arte.
A felicidades que abraças
num existir sempre quente
faz que o nosso amor como brasa
queime quase eternamente.
Comemoramos o teu dia,
comemoramos a ti,
A toda tua poesia,
desse novo ano a vir.
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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Em paz ( O analfabeto poético)
O que está vivo continua vivo em fato recente
Permanece no tempo dos filhos os seus pais
Onde não há o abraço do corpo, o vai na mente.
Haverá sempre na lembrança o que guardado esvai
Na guarda do pai cabe o mel no seu melhor sustento
É pátrio o amor real quando foi feito na história
Láctido calor celeste vem do seu original provento
Todo o patrimônio agora é veste a despir memória
Dançam os momentos no recordo pertinentes
Não cansa, a saudade, quando é gerada em paz.
O que nos move em vida guardada é comovente
Na memória o que a história fez uma outra se refaz
.
sábado, 26 de novembro de 2011
A Moura torta ( Banguelê)
A vanguarda ultrapassada em seu new look,
é indisposta ao mínimo senso crítico.
Não se afoba em discurso analítico,
Muda a foto como um click em Facebook.
Desinibe de uma forma contundente
num suposto saber que a sí diploma
Quem responde às perguntas foi a Roma
Ao sentar escolhe as cadeiras da frente
Pouco vale se pagou mais esse mico,
ilustrando o ouvinte em brinde com o truque.
Inteligência abasta bem quem a cutuque.
O comentário não requer se ler o livro.
Toda cultura é por si só uma roupagem.
Seu corpo fetal está guardado em solução.
Bem costurada, pode qualquer sacanagem,
um bom discurso há de se ter sempre à mão.
A quem quiser pode estar aberta a porta,
pode entrar, e por seu bem dizer eu fico.
Com a nova roupa o pobre texto fica rico,
há muitas formas de enfeitar a Moura torta.
.
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Haicai de balcão ( perna bamba é do samba)
Fotografia: Momento Refrescante- Vera M. C. Matos
.No boteco o assunto gira
em futebol,
em mulher ou em mentira.
.
Sem miolo ( perna bamba é do samba)
Nas palavras do walfrido:
Em Copacabana o couro come,
ou o couro é comido,
no prato cheio da fome.
Ás vezes parece tolo,
não faz, mesmo, nem sentido.
Filósofo sem miolo
chamado de Rei do Lido.
Carola esse dito cujo,
já do tempo encardido.
Adepto do pé sujo,
a Gota lhe tem doído.
Calado não fica mudo
aonde se aprende de ouvido,
um pouco, um quase tudo.
Um todo louco varrido.
Moela bóia no molho;
Sardinha nada no mesmo.
Tem cor da casca do ovo,
quebra dente de torresmo.
O tamanho de solidão
encurtando o vestido,
faz do velho um babão,
se a moça não tem marido.
Nos olhos esbugalhados
vê-se um fígado sofrido.
A sobra do escumalho,
o copo e a sede, embebidos.
.
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Parece uma história. ( O analfabeto poético)
Então formou se a roda para os lados da praça de lá.
E ela se sentou ao centro , e de pronto começou a falar . Falava com uma voz calma, mas com a firmeza no ar. De modo que suas palavras chegavam toda aos ouvidos desse lugar.
Como a calma é uma forma de mostrar veracidade, aí ela falou sobre um caso havido, com um especial paladar.
Como as palavras bem ditas salivam os ouvidos muito, a sua estória bonita foi puxando mais o assunto.
Quando o assunto era sério, todos ficavam sérios, sendo o assunto difícil, faziam expressão de mistério. De repente, quando ficou perigoso, a estória em seu gozo, ganhou ares de precaução e todos se olhavam atentos.
Num certo momento dado o fato foi engraçado, então todos se relaxaram e se fartaram de tanto gargalhar.
De uma hora para outra a moça se enterneceu, ao notarem todos pararam de súbito, como quem brinca de estátua. Alguém até notou que uma gotinha de lágrima desceu do seu olhar, e solta foi se espalhando no olhar do outro, do outro, doutro e do outro ao lado.
A praça inteirinha foi se consternando em uma forte emoção, não em lástima, mas em compaixão.
É que contar uma história não é nada fácil, requer da pessoa que o faz, como árdua tarefa, muita, mas muita competência no trabalho de saber como tocar as pessoas, como emocionar.
A moça fez direitinho, com tamanha forma e carinho, que até quem estava passando quis também participar.
Assim foi juntando gente, mais gente, e mais, e mais .
A história ficou famosa a medida que foi conhecida, como os casos nos jornais.
A moça então contou para todos daquela cidade, como o caso tinha crescido e se enchido de alegria.
Sendo a alegria uma forma, no caso, contagiante, a praça da moça do caso se encheu de felicidade.
Enquanto o caso crescia dessa forma galopante, a moça do caso da praça foi contando o caso gigante.
E o caso ficou de tamanho tal, que todos daquela praça puseram nele uma parte, e assim ele foi crescendo.
Depois dele bem encorpado, como muitas outras palavras, até umas bem mais raras, o caso virou mais que um assunto. Se achando nele beleza, todos falavam juntos aquilo como certeza.
Por achar isso, um foi contando para o outro como se havia passado, sendo que ao fazê-lo, ia acrescentando um bocado, para que não restasse dúvida, e assim foi se espichando em mais gente.
O caso ia para um lado, depois para o outro lado,dependendo muito da forma como ele era contado.
A moça então notou que seu caso tinha aumentado, alem de ter nesse caso ganhado imaginação. Ela achou aquilo bem bom para a sua contação.
Pois agora não era mais caso de conto seu, era sim um relato maior até que a imaginação.
Era um fato oral, do tamanho popular, do tamanho da Nação. Sem ler, o analfabeto sabia todo ele de cor, já fazia parte de si.
Como era na filosofia, a praça virou escola e o caso ganhou mais nome, ficou sendo assim, uma ideia.
A moça se foi embora, agora, o caso famoso, virou jeito de pensar.
Como havia muita gente na praça, e gente é diferente, de acordo com o lugar em que cada grupo é sentado, o caso mudou de lado e virou então discórdia.
Para explicar o ocorrido na confusão que acontecia, deram ao caso um nome que ele mesmo não pedia. Passaram a chama-lo pela alcunha de ideologia.
A ser tudo de verdade, os vencedores do certo puseram no caso um H, de forma assim, bem maiúscula.
A história mudou de boca, passeou de mãos em mãos, foi se alisando o relato até se formar em razão.
Eu juro que que nunca minto, como se deu de fato, entrou na boca do pinto, saiu na outra do pato.
Quem quiser que conte cinco, quem quizer que conte quatro.
...
E ela se sentou ao centro , e de pronto começou a falar . Falava com uma voz calma, mas com a firmeza no ar. De modo que suas palavras chegavam toda aos ouvidos desse lugar.
Como a calma é uma forma de mostrar veracidade, aí ela falou sobre um caso havido, com um especial paladar.
Como as palavras bem ditas salivam os ouvidos muito, a sua estória bonita foi puxando mais o assunto.
Quando o assunto era sério, todos ficavam sérios, sendo o assunto difícil, faziam expressão de mistério. De repente, quando ficou perigoso, a estória em seu gozo, ganhou ares de precaução e todos se olhavam atentos.
Num certo momento dado o fato foi engraçado, então todos se relaxaram e se fartaram de tanto gargalhar.
De uma hora para outra a moça se enterneceu, ao notarem todos pararam de súbito, como quem brinca de estátua. Alguém até notou que uma gotinha de lágrima desceu do seu olhar, e solta foi se espalhando no olhar do outro, do outro, doutro e do outro ao lado.
A praça inteirinha foi se consternando em uma forte emoção, não em lástima, mas em compaixão.
É que contar uma história não é nada fácil, requer da pessoa que o faz, como árdua tarefa, muita, mas muita competência no trabalho de saber como tocar as pessoas, como emocionar.
A moça fez direitinho, com tamanha forma e carinho, que até quem estava passando quis também participar.
Assim foi juntando gente, mais gente, e mais, e mais .
A história ficou famosa a medida que foi conhecida, como os casos nos jornais.
A moça então contou para todos daquela cidade, como o caso tinha crescido e se enchido de alegria.
Sendo a alegria uma forma, no caso, contagiante, a praça da moça do caso se encheu de felicidade.
Enquanto o caso crescia dessa forma galopante, a moça do caso da praça foi contando o caso gigante.
E o caso ficou de tamanho tal, que todos daquela praça puseram nele uma parte, e assim ele foi crescendo.
Depois dele bem encorpado, como muitas outras palavras, até umas bem mais raras, o caso virou mais que um assunto. Se achando nele beleza, todos falavam juntos aquilo como certeza.
Por achar isso, um foi contando para o outro como se havia passado, sendo que ao fazê-lo, ia acrescentando um bocado, para que não restasse dúvida, e assim foi se espichando em mais gente.
O caso ia para um lado, depois para o outro lado,dependendo muito da forma como ele era contado.
A moça então notou que seu caso tinha aumentado, alem de ter nesse caso ganhado imaginação. Ela achou aquilo bem bom para a sua contação.
Pois agora não era mais caso de conto seu, era sim um relato maior até que a imaginação.
Era um fato oral, do tamanho popular, do tamanho da Nação. Sem ler, o analfabeto sabia todo ele de cor, já fazia parte de si.
Como era na filosofia, a praça virou escola e o caso ganhou mais nome, ficou sendo assim, uma ideia.
A moça se foi embora, agora, o caso famoso, virou jeito de pensar.
Como havia muita gente na praça, e gente é diferente, de acordo com o lugar em que cada grupo é sentado, o caso mudou de lado e virou então discórdia.
Para explicar o ocorrido na confusão que acontecia, deram ao caso um nome que ele mesmo não pedia. Passaram a chama-lo pela alcunha de ideologia.
A ser tudo de verdade, os vencedores do certo puseram no caso um H, de forma assim, bem maiúscula.
A história mudou de boca, passeou de mãos em mãos, foi se alisando o relato até se formar em razão.
Eu juro que que nunca minto, como se deu de fato, entrou na boca do pinto, saiu na outra do pato.
Quem quiser que conte cinco, quem quizer que conte quatro.
...
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Alvorada ( Banguelê)
Fotografia: Sol Carioca - Jussara F. Leite
.É noite e o cheiro de pele e verão vem do mar, entrando pelas janelas em busca de abrigo.
Com o silêncio escuro a cidade descansa em paz, no restauro de todas as suas fadigas humanas.
A lua desce sem cerimônia, vai tateando no escuro, até se agarrar á lâmina de concreto e vidro do edifício mais alto.
O tempo é lânguido agora, como um corpo macio de preguiça, de ausência, de vazio.
Tudo está tranquilo dentro da intranquilidade do amor, sem o infortúnio das intrigas, tudo dorme, menos eu, pois meus ouvidos se ressentem daquela voz como cantiga.
Tudo dorme, menos eu, fico na insônia, pois careço dela, e ela não esta comigo.
No escuro da noite o desejo é mais veloz, o desejo é companhia, é energia, é liga.
Sou como o mar que veio estar aqui, pois ele também á hora não dorme, por castigo de sal, pois ele também se move como quem busca afagar a pele estendida da praia.
Como dormir sem a maciez dos seus braços entrelaçados, ou o seu rosto no meu peito?
Como passar uma noite, sem ouvir sua respiração ressoar quando em sono profundo , sem alarde?
Não serei capaz de fazê-lo, se o fizer foi por descuido, pois resiste essa falta de jeito.
Reside agora em mim esse estado de solidão, essa vigília, sem sua rouquidão no leito. fico sem jeito.
Sem suas pernas em trança, sem os seus lábios quentes, sem seu calor natural de vontade.
A manhã pode chegar arrastando sua pressa, nada me interessa, nada está direito.
Se ela está longe, nesse longe me leva, aonde o amor transita, lá sempre estou consigo.
Meu amor dorme tão longe, que de longe traduziu-se imagética mas física, em fé, em falta em saudade.
Espero! E logo a alvorada do dia, clareia o sol, em novo, e de posto eu a encontre na felicidade.
.
terça-feira, 15 de novembro de 2011
No mais ( O analfabeto poético)
Ifá e os ancestrais
dos animais humanos,
derramaram seus desejos
nos herdeiros lusitanos.
Em cada lábio um beijo,
em cada vela de pano,
queima o sol tão almejo,
deixando no corpo os danos.
O tempo é o maior parceiro
para o reparo de enganos.
Viver é um fato primeiro,
depois se forjam os planos.
Residente num arcano,
qual os arquétipos mentais.
Tambor de mina afina
a trilha aonde passamos.
A fé é coisa divina
nos indivíduos grupais,
ou uma Cafiaspirina
para quem não vê nada mais.
Amar é mais que estima
O amor é um braseiro,
só queima se é inteiro,
só arde se está em paz.
.
sábado, 12 de novembro de 2011
Rapidinha ( O trago da seda)
vida não é uma coisa mágica,
tanto quanto ela não é trágica.
Se muito a existência é autofágica,
de si mesma ele é a dádiva.
Se telúrica ou lunática
Se liberta ou gramática
Se genética ou se lática
Se na América ou na África
A vida é apenas prática
Dinâmica ela é tática
Na matéria é numismática
Nas artérias pragmática
Semeadura sabática
Inexata matemática
Duvidosa ou enfática
Mas na aventura ela é errática
Se a vida lhe sorri ela é simpática
Se ela lhe faz carpir, problemática
Se não tem onde ir é estática
Para quem não viver ela é vápida
Mas não há que se discutir, ela é rápida!
.
terça-feira, 8 de novembro de 2011
às vezes eu cismo ( Barril Diógenes)
Raiz de orquídea-Antônio Rezende
Só uma pista de tamanho abismo
A violência da sociedade se mede
pelos perigos do seu jornalismo
.
http://www.mauro-paralerpoesiabastatercalma.blogspot.com
Só uma pista de tamanho abismo
A violência da sociedade se mede
pelos perigos do seu jornalismo
.
http://www.mauro-paralerpoesiabastatercalma.blogspot.com
domingo, 6 de novembro de 2011
Limança ( Perna bamba é do samba)
Fotografia: Zé Limeira- Marmitafilosófica
No estilo bom Zé Limeira
Contemporânea é a praia
Tem confusão lá na feira
Tem gente de toda laia
Razão de rabo de arraia
No Fal, Fuzil ou Biqueira
Ferro de fogo é Catraia
Bom não marcar a bobeira
Crack tem morte ligeira
Antes que a casa te caia
Depois da pedra primeira
Quem for esperto que saia
Ong tem maracutaia
Dinheiro não tem fronteira
Time sem jogo tem vaia
Febeapá de asneiras
Alô alô tia Léia
Como já disse o Ben
Tem confusão Europeia
Tem no Coréia também
Mel de abelha é colmeia
Ministro cai da boléia
Erraram lá no Enem
Completando a verborréia
Malandro nunca bobeia
Peão só anda de trem
Agora o santo tem cara
Os homens correm do arresto
Cuidado pouco é vala
Bagana fraca é esterco
Se a venda é livre, isso para
Sem repressão ignara
Se a violência está clara
A vida perde no preço
Bala achada tem pista
Basta fazer o cerco
Quem vai prender a polícia?
Melhor calar pelo resto
denunciando o xaveco
Na foto vem a milícia
Se vida é doce delícia
Depende de para quem
.
sábado, 5 de novembro de 2011
Basta rir dessa piada ( O trago da seda)
Fotografia: I see you-Carina Guimarães
Hoje a poesia não tem nada pra dizerSem conter assunto ela não vai falar nada.
Vou deixar que a rima venha ao seu belo prazer.
Dizer o quer que seja, qualquer coisa desejada.
O poema ganha nisso, um tópico bem blazê.
Ganha uma amplitude de matar qualquer charada.
Nosso tema agora, portanto, é o que será o quê ?
Num karaokê de versos de língua colada.
Posso até dizer que versa sobre o que o é não ser.
Se não há nada a dizer, nada há nessa parada.
Fantasio e pinto a cor mais tinta do Tiê.
Quem não o entender pode entrar na embolada.
Se o poema é flor, é uma florada Ipê.
Se o poema é samba, vai varar a madrugada.
Ele não tem nada a crer, ele é feito por você.
Se o poema é dor ele é causa apaixonada.
Mas se ele for Quintana, vai ter que entrar um tchê.
Só para lembrar que ele voou com a passarada.
Se o poema é tolo, ou vier tolo auê,
levo-o á praça com toada engajada.
Nesse belo embrulho, laço os olhos de quem lê
de uma forma zen, mas, não tem mais que faixada.
Ainda assim em versos, vai poema sem brevê.
Mesmo sem ter graça, basta rir dessa piada.
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sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Cachaça ( O olhar da carranca)
Tenho que reagir a meus desgovernos
Organizar a solução já por princípio
Desgovernos se agarram como os vícios,
instalados em nossos recantos ermos
Nesses termos se parecem precipícios
Desses pontos não se chega a bom termo
Perco o tempo nesse fato desperdício
Com sequelas de fundo até creditício,
Vendo a vida sobre a ótica de um enfermo.
Devo achar comigo nisso um armistício
Parar de brigar eu comigo mesmo
Escrever é agora o meu ofício
Meu abrigo, cachaça boa, torresmo
Em cada verso ponho a palavra difícil,
nos caminhos das linguagem como sesmo
Um poema foge do meu hospício,
occipício de um louco vitalício,
aonde as rimas escapulem sempre a esmo
.
terça-feira, 1 de novembro de 2011
Barbitúrico ( O olhar da carranca)
O mundo muda todo dia a cada minuto, a cada hora.
Deste universo real eu tenho um lugar, não sou o único.
Sofro o custo fatal de cada dose bebida em ácido úrico.
Tudo que escrevo, apenas poucos leem, embora público.
Assim palavra é pensamento na sua forma mais sonora.
Quando escrita pode servir como saudável barbitúrico.
Para vazar aquilo que no verso é a vida que evapora.
Assim servida em prato quente, sai ao dente e vai embora.
Enquanto minha alma ri, no dedão do pé, a calma chora.
A poesia vem comum, sério evento em um tato lúdico.
sábado, 29 de outubro de 2011
Dia D Drummond ( Banguelê)
Fotografia:Carlos Drummond de Andrade- Arquivo A/Estadão
.
Carlos caminhava quieto com suas lembranças minerais
.
Carlos caminhava quieto com suas lembranças minerais
Fazia do seu tempo as crónicas publicas como pérolas
do niilismo latente colhera boas lembranças às malévolas
Desde criança vivera custos de insubordinações mentais
Deste adulto se via sustos como mistura varietal
Assim se passou na vida sem as firulas de academia
frustrou seu anonimato com sua própria caligrafia
Seus escritos fizeram cura à fissura que lhe era um mal
Teve a palavra certa como uma seta, rumo à ironia
Cultuou a fisionomia que traduziria na flor de um povo
Como o ovo da serpente contra corrente do estado novo
Esse velho arquivista grafou as pistas do que viria.
Poeta preso à vida, essa avenida de tão mãos dadas
Mago no seu silêncio onde engendrou solidariedade
Vivo em Copacabana habita o mar que escreve a cidade
Sem dizer dos suspiros que estão contidos na madrugada
Mesmo sendo o Andrade silêncio claustro de um diamante
Deus lhe deu diabruras nas aventuras dos santos dias
Fez em auto retrato a caricatura, a fotografia
Carlos amou calado todos pecados de um amante
Língua a lamber pétalas, rosas abertas, as comestíveis
Fora seguindo em frente como um José sem saber para onde
tendo uma pedra aos pés traçou como fé um olhar nos bondes
ponte de tontas pernas ficam eternas por serem criveis
Com jeito quase candura essa criatura de olhar interno
teve em tal atitude maior virtude, o melhor disfarce
Feitio nessas medidas pós num poema de sete faces
Um corte à modernidade para modelo dos próprios ternos
Ganha então Drummond um dia de seu com direito a doce
Hoje de sua mina tudo é útil e nada a mais sobra
Hoje de sua mina tudo é útil e nada a mais sobra
Data que por estima se comemora o autor da obra
Trinta e um de Outubro já se destina á vida de um Gauche
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Relógio de sol- ll ( Banguelê)
As vasilhas sobre a pia
Um céu azul sobre o dia
Um terremoto na Turquia
Um santo que desconfia
Minha tristeza se alia
à tristeza de Maria
A vida é sem simetria
Sem meia bilheteria
Cultura tem alergia.
Ao som de Alegria, Alegria
Perdi o que não teria
na última ventania
A palavra poesia
veste muitas caligrafias
para despir ideologia
ONU é nula, é letargia
Por questão de entropia
vai sempre ser a titia
O homem aumenta a cria
Sete bilhões de antropogenias
Na próxima Segunda, você Sabia?
Em Brasília
Em Brasília
Pip...Pip...Pip...Dezenove horas e cinquenta minutos.
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Leveza no circo da alma
Fotografia:A insustentável leveza - Sammy Monteiro
.
A leveza é incomum ao hábito
Também ela não se aparenta à beleza
não tem perfume e nem hálito
Suas janelas estão distantes da avareza
Nunca se suporta como algo tácito
È uma forma flúida por natureza
Não significa descompromisso,
nem desafeto, nem anarquismo,
posto que só se firma na certeza.
Somente a leveza vive daquilo
que sua falta de peso faz resistência no piso.
Leve plana no ar, qual plano pleno de aviso.
Leve plana no ar, qual plano pleno de aviso.
Leveda em um jeito de ser, não é estilo.
Prima pela tranquilidade da clareza.
Estima a atenção, não é cochilo.
Tão pouco é uma desatenção, nem um vacilo.
Tão pouco é uma desatenção, nem um vacilo.
Princípio dativo da correnteza de um amor vivo.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Poetododia ( O analfabeto poético)
Fotografia:O poeta da terra e do mar- Francisco Figueiredo
.
Para ser poeta a gente
Tem que ter sangue quente.
Tem que ser eloquente
Ter a bala no pente
Para ser poeta tente
Ser alguém diferente
Ter palavra aparente
Ser assim simplesmente
Para ser poeta invente
Veja com outra lente
Com olhar abrangente
Sendo assim vá em frente
O poeta é vidente
Quando vê o evidente
O comum recorrente
Não mais que de repente.
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Tá chovendo Hambúrguer (Beco da fome)
Fotografia: Fast-food/ Joana
A cidade decide lá fora seus destinos
Os seus perigos urbanos comoventes
sobra aos ombros dos homens, o mundo
Sobre o mundo dos homens, os meninos
Reproduzem seus destinos salientes
Dos sorrisos encandecestes,dois caninos
Nos embrolhos o olhar vê em segundos
Cobra a lei de olho a olho dente a dente.
Há quem tenha por conta e dom divino
Um terreno fértil e bem fecundo
JÁ Prevendo contar contas corrente
A cidade é de sangue e tem taninos
Dizem que assim se vai à frente
Quanto mais se parecer um prato fino
Sobre o qual só quem come é pouca gente
No sabor dos tais motivos oriundos.
A cidade assim, a mim, me faz cansado
Ela é um templo erguido à multidão
Tanta gente correndo a tantos lados
Tanta gente quer a sua solução
Cada um por si é só ,e vai tão ausente
Construindo essa tal própria virtude
Nas calçadas passam múltiplos contentes
Mas a cada um o que sobra é um Fast-Food.
Lábia ( o olhar da carranca)
Fotografia: Com que palavras- Óscar V. de Figueiredo
A palavra encantada é a que ainda falta ao poeta,
como a orquídea falseando a morte quando não floresce.
No olhar desavisado não se vê a resistência tão quieta,
quando se furta no vago da memória de forma encoberta.
É a fala gestando seus fatos na barriga da noite aberta.
Sem palavras não há poema, como não há Deus sem prece;
Sem poesia a vida pena, adia a festa assim insurreta.
A explicação de um verso está no que dele se introjeta.
Da noite restam só os rastros de fadiga na porta incerta.
O poema passa ausente quando se cala no que dele houvesse.
Foge nessa porta dos fundos como um amor em desenlace.
Cabe ao poeta a busca no que o disfere a alegação doentia.
Qual a palavra que falta, a dar ao verso nova fisionomia,
quando na folha de rosto expressa seu gosto ou sua atrofia.
Como um diálogo louco que refaz aos poucos a nua interface
Para encontrar o a dizer, o poeta ousa em recurso rimar.
O dia rasga seus fardos na barricada bruta dessa luta alerta.
O poeta lança seus dardos e forma falanges que a norma deleta.
O Rep, o repente é a roupa nova da fala semi-analfabeta
Se a palavra fosse minha eu a usava, eu mandava labiar.
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Sem baba ( Beco da fome)
Hoje teremos frango com quiabo
Para quem não quer pecar pela gula
Isso é um perigoso beijo do diabo
Depois não se preocupe com a cintura
Deixe o regime um pouco de lado
O prazer da boca é a descompostura
Angu mineiro é demônio com ternura
Para os estômagos apaixonados
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Heróis da resistência ( O olhar da carranca)
Fotografia- Olhar- Caco Alves
.
O que é de dentro da gente demora uma vida para ir embora,
como coisa pertinente, se fixa solidária, mas isso é outra história.
Pode ter cheiro, perfume, odor, aroma ou até fragrância.
O que sobra de nós, mesmo assim, as vezes é uma deselegância.
São coisas de dentro, das víceras da alma, traços de nossa tragetória.
Marcas que queremos que desçam, que vão para longe, para fora.
Esperamos que caiam para sempre no ralo sanitário do esquecimento.
Mas ficam, ficam grudadas em nossas paredes duras de louça,
como a pedir clemência, e que de alguma forma alguém as ouça.
Coisas agrupadas vindas do interno, agarradas como nódoas concretas, cimento.
Por mais que as lavemos, joguemos agua, não passam, não morrem, não evaporam.
São coisas intimas que sempre engolimos vida afora; Com ou sem conhecimento.
Elas resistem ao ponto de aborrecer, ou mesmo de nos dar muito, muito trabalho.
Expostas como descartes involuntários, cartas sobradas de um jogo, como lixo do baralho sobre a mesa. Essas coisas ficam sempre retornando vorazes, incômodas, contidas.
Não querem ser exiladas do corpo de nossa existência privada.
Comuns às lembranças de alimentos, são os pratos da infância.
Elas permeiam a memória, como arquivos girando por pura implicância.
São as sobras de tudo dentro da gente, quando resistem a serem nada.
.
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O que é de dentro da gente demora uma vida para ir embora,
como coisa pertinente, se fixa solidária, mas isso é outra história.
Pode ter cheiro, perfume, odor, aroma ou até fragrância.
O que sobra de nós, mesmo assim, as vezes é uma deselegância.
São coisas de dentro, das víceras da alma, traços de nossa tragetória.
Marcas que queremos que desçam, que vão para longe, para fora.
Esperamos que caiam para sempre no ralo sanitário do esquecimento.
Mas ficam, ficam grudadas em nossas paredes duras de louça,
como a pedir clemência, e que de alguma forma alguém as ouça.
Coisas agrupadas vindas do interno, agarradas como nódoas concretas, cimento.
Por mais que as lavemos, joguemos agua, não passam, não morrem, não evaporam.
São coisas intimas que sempre engolimos vida afora; Com ou sem conhecimento.
Elas resistem ao ponto de aborrecer, ou mesmo de nos dar muito, muito trabalho.
Expostas como descartes involuntários, cartas sobradas de um jogo, como lixo do baralho sobre a mesa. Essas coisas ficam sempre retornando vorazes, incômodas, contidas.
Não querem ser exiladas do corpo de nossa existência privada.
Comuns às lembranças de alimentos, são os pratos da infância.
Elas permeiam a memória, como arquivos girando por pura implicância.
São as sobras de tudo dentro da gente, quando resistem a serem nada.
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quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Crianças II ( Mamulengo)
Fotografia: Sem infância- Ruy Manuel machado
Criança que vai para a escola
Criança que tem juventude
Criança com cheiro de cola
Criança com a vida Rude
Criança que é bom de bola
Criança que sabe ser craque
Criança que perde a História
Criança que morre no crack
Criança de frente e perfil
Criança que não pode ser
Criança em trabalho infantil
Criança que tem de comer
Criança que mama no peito
Criança que ri pra você
Criança que rima respeito
Criança que faz o dever
Criança tem todos os dias
Criança que pede esmola
Criança que tem alegria
Criança que a infância foi embora
Criança que pôde crescer
Criança que tem sua hora
Criança que nasce um bebe
Criança que a vida devora
Criança que sofre abuso
Criança que não tem futuro
Criança de olhar difuso
Criança de coração puro
Criança que é inteligente
Criança que tem proteção
Criança esta dentro da gente
Criança é nova geração
Criança que cresce mais cedo
Criança que não cresce não
Criança merece brinquedo
Criança que dorme no chão
Criança também é de rua
Criança que vive por si
Criança que é criatura
Criança de marre dercí
Criança que tem de um tudo
Criança que leva carvão
Criança tem que ter estudo
Criança é a nova Nação.
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Simples ( O analfabeto poético)
Sou um poeta, portanto não insista
pois o óbvio
é apenas mais um ponto de vista
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
O olhar tem uma história ( Olhos nus)
Fotograffia: História de um Olhar- Nuno Sacramento
-No azul do dia chegam as mais leves alegrias,
transparecem no ar como asas sorrindo as horas.
O tempo devora o tempo a cada segundo, à revelia
do que possa acontecer, na realidade mais sonora.
Há brasas queimando a vida em cada fisionomia,
pois nessas fisionomias cada indivíduo se elabora.
Dos olhos desses humanos o flash é a fotografia
do conjunto convencional a que chamamos de história.
Mas a história guarda segredos de fatos nunca contados,
quando o azul é opaco em nuvens nimbus contraditarias.
Os olhares que não brilham nos sentimentos nublados,
reocupam a chama humana de forma revolucionária.
Produzem também tristezas de vozerio embargado.
A história vencedora é a que desse embate evapora,
combinando sua visão com a visão de único estado.
Embora outros fatos hajam, parecem idos embora,
assim se reproduzindo a realidade mais notória.
Se acaso vier a ser mesmo um ato de vilania,
História é presente e passado, e nisso é compulsória.
A mais deixa na memoria o que foi, não o que seria,
no dizer dos vencedores. Vai risada vida afora...
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Segue o inteiro ( Olhos nus)
Fotografia: Chile com Neruda- Maria
Marcas do nosso tempo, e salvo o engano,
dádiva do amor feliz de uma vez.
Juntos nos abraçamos a quase um ano.
Pele a pele, boca a boca, plano a plano.
Mesmo enfrentando muita pequenez,
pois o amor afeta aos desumanos.
Incomodamos tanto como o oceano
tem num só grão de sal, sua insensatez.
Ela a quem todos amam, está comigo
Comigo vem porque ela quer ser feliz
No sorriso dessa moça algo me diz
Onde a alegria é fonte e mais fino artigo.
Se ela briga por pouco, juro, não ligo,
pois que ela é meu samba da Imperatriz.
Rosto onde a luz do sol forja seu abrigo.
Quando se abre em chama é força motriz.
Já a quase um ano esse braseiro
Queima indelicado dentro do corpo
Onde o amor habita nada é morto
Nunca sofre fadiga e segue inteiro
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
Festa de salão ( Banguelê)
Fotografia: Movimento de fé- Ana Mokarzel
O camelô levou muita porrada
Pedras portuguesas no chão
Perdeu féria confiscada
Quinquilharia no camburão
O cambista furou fila por nada
Bilhete falso nas mãos
Churrasquinho de gato na entrada
Um segurança pediu perdão
Tumulto na fila complicada
O bicho é contravenção
O show acaba de madrugada
A volta é sem condução
Alguma coisa parece errada
Nã, nã, nã, nã, nã, nã, não
A boca já foi fechada
Não entra mais Camarão
Um carro fechou calçada
Aguarda um guarda e talão
A coisa está animada
Tem cerveja de latão
Ensino público é nada
Lá não se aprende a lição
Se não tem chá com torradas
Vamos de graxa no pão
Aquela falta foi cavada
E claro, o juiz é ladrão
O jogo é carta marcada
Apareceu no telão
Também mineral gelada
Amendoim no carvão
Sai por cinco e mais nada
Lei seca é o X da questão
Bolacha doce ou salgada
Pra chuva tem familhão
A moça tem namorada
O moço tem solidão
No Leme às quartas pelada
Poesia é pura paixão
A lua foi camarada
Violência é mundo cão
Carteira foi expropriada
Algazarra é confusão
Agora não tem escada
para subir no Alemão
Agora não tem escada
para subir no Alemão
A noite segue a balada
O beijo é boca e tesão
Eu disse que esta errada
Mas ela é de opinião
O amor é de madrugada
Nessa festa de salão
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Paz de papel ( O trago da seda)
Deixe um sorriso escapar entre seus dentes,
hoje é primavera, carrega um céu tom de azul.
Goste mais dos carecas que não carecem de pentes.
Tente ser eloquente sem se rosnar pitibull.
Como é surpreendente a paz branca de papel,
Olha que a vida segue e as fotos mudam a lente
Só os inteligentes têm onde por o chapéu.
Quem do amor é crente vive em lua de mel.
Caso você não saiba, agora fique ciente
Mais que um palmo à frente tem gente que é bem legal
Quem quer viver disso nunca é indiferente
Posto que está no outro, o que nos cresce afinal.
Corações e mentes II ( O olhar da carranca)
Fotografia: Um menino Afegão (AP Photo / Altaf Qadri)
Quando os homens ficam fracos,as armas ficam mais fortes.
Na essência desses fatos
a vida é bem menos nobre.
Menos nobre de alegria,
menos de felicidade.
De tanta voracidade
mais turvam a luz do dia.
Na falta de maior sorte
pintam seus auto retratos,
mas porem por outros lados,
têm outra fisionomia.
Se um inteiro tem metades,
o mundo tem valentia
diante da crueldade,
por força de mais valia.
De naves não tripuladas
viram, como todos sabem,
as culturas contaminadas
pela força que as invadem.
Enquanto o erro se consome,
a riqueza muda de nome,
tantos outros corpos ardem.
Pentágonos são cinco lados,
apontam para outros nortes.
Senhores carregam mortes
um tanto despreocupados.
Mas a vida, sendo mais forte,
tem direções mais tamanhas.
Quem bate também apanha,
num viéz de um outro corte.
Quantos veus cobrem condutas
escondidas nessas burcas
que a história não vai contar.
Quantas guerras, nunca justas,
nas memórias ficam curtas.
Quanta gente a se matar
nas armas dos aviões.
Nas mentes e nos corações
Quanta paz há de respirar.
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Hálito verbo ( O analfabeto poético)
Fotografia: Azaléia Vermelha para dar cor ao seu dia- Simone
Sobre as tulipas e as rosas
Os Antúrios e as gloriosas
Suponho antigas prosas
Gravatas e Helicônias
Sobre essas prosas ricas
Sobre essas prosas ricas
Como antigos relicários
busco a palavra errónea
A que anda, vai, que não fica
Gravada nos dicionários
A palavra é o que nos entrosa
Ventosa colada à vida
Significando coisas.
Com jeito de roupa nova.
Com jeito de roupa nova.
Dando signo na loisa.
Faz posse de venenosa,
zelosa ou sem vergonha.
Na boca humana é mucosa
Íris, lxias, Begonias,
Celósias ou Cerejeiras
Palavras têm um perfume
Naquilo a que são propícias.
Naquilo que as posiciona.
Naquilo que as posiciona.
Sonoras impuras delícias,
informação mais ligeira.
Em uma forma de lume
vestem os fatos, trepadeiras.
Quando uma é encoberta na lona,
ou quando nos abandona,
vem outra aonde a uma estava.
A língua sempre funciona.
Até o silêncio é palavra.
Até o silêncio é palavra.
Somando no seu volume
Mais solta em outra maneira.
Trafega nossos costumes,
Traduz a pessoa inteira
sábado, 24 de setembro de 2011
Vida que segue ( O trago da seda)
Fotografia: A vida segue no trilho- Marcel Carrasco
Sem pressa, sem pressa, sigo como um adágio.
Às vezes certas notícias, no erro, saem às tortas.
Zé Maria só queria, mas não me bateu as botas.
Quem não sabe, não o siga, obterá o contágio.
Aos amigos e amigas, estou viva e não sou plágio.
Se quer me encontrar, me liga, sendo ou não a cobrar.
Eu continuo querida e estou no mesmo lugar.
Tenho contrato com a vida e não mudei o estágio.
De sorte que dessa intriga dispenso todo o apanágio.
Sinto o perfume das noites, das estações e do mar.
Esse recado anotem, é anúncio de ocasião.
Se alguém insiste em matar-me, ainda não tem razão.
Estou mesmo muito viva, desmentindo os contrários.
Então ficamos assim, sem mais ou tais comentários.
A todos um abraço forte e um beijo no coração.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Passo a Passo ( O olhar da carranca)
Fotografia: Qual Picasso II_ Silvério Santos
Depois de tudo, a vida está diluída na força. O desejo da vida é viver.
Os projetos surdos edificaram os caminhos vazios que queriam.
Cada passo conquistado deve ao custo de quebrar a próxima lenda.
Cada caminho feito é outra ultrapassagem estreita, de outra e outra fenda, por onde eu haveria de resistir ao absurdo, é o que difere o único no jeito de ser. Nada poderia ser perdido nesse custo que me compôs, ao fazer-me homem.
Tanto no rosto quanto no gosto, trago resistência na argamassa de ontem.
Hoje já sou mais e sou também nada, em tudo vivo até aqui; Sou e me faço inteiro, integro e ímpar aos pares da (a)normalidade ignara.
Minha dignidade se fabricou à força e ao largo do tempo, mesmo que alguns não o notem num olhar.
Não há nenhuma alegria que não pague, de alguma qualquer outra maneira, à tristeza, algum tributo a valer. _Já o disse o padre Antônio Vieira.
Não há na mágoa nenhuma amnésia dessa alegria, mesmo a mais ligeira.
Esse é o meu tempo contado, esse é meu rumo, e esse é o meu mote.
Todos tentam o melhor com os recursos que podem, ou mais além. É o quantum disso que me comove na arquitetura humana do prazer.
Quantos homens fui, ou sou, ou serei para alem do que de mim sei, para alem do alheio.O outro olhar, do outro, se me é quem a mais ver.
.
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Carne de pescoço ( Banguelê)
Fotografia: Verás que um filho teu não foge à luta - Roberto Cunha
Essa rima pode não ter a sina nobre,
mas se quer que o povo cobre
atitude ou solução.
Esse povo que é de maioria pobre,
leva a vida sem que sobre,
não quer mais corrupção.
Ninguém pode em estado paralítico,
nesse tão momento crítico,
ver sair pelo ladrão.
Tudo aquilo que amealham com impostos,
o que é meu, é seu, é nosso,
nas asas de um avião.
Empreiteiros têm adendo no contrato,
numa falta de recato,
político é regatão.
CGU tem que olhar para esses fatos,
mostrar limpos esses pratos,
por as culpas na prisão.
Quem roubou no silêncio vídeo é bis,
tal pai tal filha Roriz,
o fez sem sentir remorso.
Já é hora de fazer uma faxina,
vamos todos para esquinas,
a resolver esse troço.
Dona Dilma por quem mantemos estima,
tem que agir mais as meninas,
sem ser apenas verniz.
Inativo o congresso é um infeliz,
desde os tempos do Assis,
essa carne é de pescoço.
domingo, 11 de setembro de 2011
Concórdia ( Barril Diógenes)
Fotografia- O Globo
Daquele momento de intolerância eu ainda me lembro.Os povos se estranham únicos na epiderme da Géia.
São nomes da Euro, Américo, Indo, Ásio, Afro colmeia.
Tensão em explosivo terror de outro negro Setembro.
A história tem fogo, tem ferro, e tem rosto feroz de alcateia.
O homem é o lobo do homem e o teme manembro.
A desigualdade divide os custos entre todos os seus membros.
O choro escorre nas águas do Marco Zero diante plateia.
A dor tem na guerra a cor de maior tom agora.
A dignidade é dispare nos povos e nas suas tantas crenças.
Primavera do mundo se quer, e toda língua sem avença
cria traumas, custa vidas, faz feridas em quem chora.
Quem não sabe conviver com os seus aflora diferenças.
No memorial das lembranças o ódio emoldura a história.
Aonde a guerra é a conquista unipolar do que seria a glória,
caem torres de impérios em mistérios de qualquer endoença.
Lado a lado se vêm as vitimas das vitimas das vítimas,
consolados por princípios éticos em crua disparidade.
Cantam hinos em Manhattan e outras mais tantas cidades.
Como é trágico o embate de fogo eterno das ilegitimidades.
A nuvem e a fumaça mata gente inocente nessa insanidade.
A memória mundial de onze de Setembro é terna e crítica,
Para quem quer no mundo o melhor dessa tal geopolítica.
É tempo de pensar na busca da paz com credibilidade.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Vacas sagradas ( Banguelê)
Fotografia: Vaca do mar - F.Tavares
Como não prometi nada,
até aqui o que fiz é lucro.
Isso é coisa de maluco,
política é uma escada.
Sai noite vem madrugada,
o tempo é pavio curto.
Vocês querem marmelada?
Goiabada? Ou gelo enxuto?
Quanto mais fico calado,
esse é o tanto que eu escuto.
Ouvidos absolutos
fazem da vida o reparo.
Não que eu queira ser arguto
em tudo que esta errado.
Um tal de deixa que eu chuto,
sem tributo e sem passado.
No aço frio da faca
esse poema está doido.
O congresso é valhacoito,
um brejo cheio de vacas.
Corrupto lá tem acoito,
onde molha o seu biscoito,
faz o eleitor de babaca.
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Desenho universal ( O olhar da carranca)
Fotografia- Torcida organizada-Edmar Melo
Os olhos fechados avistam a paisagem interna.
Conhecer a si mesmo é ascender suas lanternas,iluminando, também, quem está posto ao seu lado.
O mundo acolhe o dentro altaneiro ou agachado.
Na coragem ou no medo, a realidade é externa.
Compondo dúbio enredo no segredo da caverna.
uns apreendem mais cedo outros são mais acanhados.
A vida abre os lajedos
nesse mundo azul esfera.
Tem gente que é mentira,
tem gente que é à vera.
Tem gente cega sem mira,
tem gente que mira e erra.
Enquanto há quem delira,
há quem põe os pés na terra.
O ar da vida é levedo
para quem o respira ledo
Eu venho de terras férreas
Dos vivos não trago medo
Meu rio é Paraopeba
Não tenho muitos segredos
nem vivo cagando regras
Não gosto de acordar cedo
e bom cabrito não berra
Evito os arremedos
O amor não é um brinquedo
quem o alcança nunca espera
e bom cabrito não berra
Evito os arremedos
O amor não é um brinquedo
quem o alcança nunca espera
Planta baixa da inveja ( O olhar da carranca)
Fotografia: Inveja- Dr. Voyour
Você é o que você diz
quando vê alguém feliz?
Qual a sua graça
quando um amor se abraça?
Seu juízo você o tem
diante do sorriso de alguém?
Você é o que se faz
diante de quem está em paz.
O que te contagia é a afronta
na alegria que em outros é pronta?
O que é mesmo que te arde
diante de tamanha tranquilidade?
Como é essa a sua certeza
distante da simples beleza?
Com ela é que você se guia
ao observar a harmonia.
Também é como você lida
com as pessoas queridas?
O que define a arquitetura
de tamanha caricatura?
Na fé você é só isso,
Isso é o que será.
Sendo o que é,
vivendo é só.
Simplismente
tão somente
Design em pó.
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