A palavra encantada é a que ainda falta ao poeta,
como a orquídea falseando a morte quando não floresce.
No olhar desavisado não se vê a resistência tão quieta,
quando se furta no vago da memória de forma encoberta.
É a fala gestando seus fatos na barriga da noite aberta.
Sem palavras não há poema, como não há Deus sem prece;
Sem poesia a vida pena, adia a festa assim insurreta.
A explicação de um verso está no que dele se introjeta.
Da noite restam só os rastros de fadiga na porta incerta.
O poema passa ausente quando se cala no que dele houvesse.
Foge nessa porta dos fundos como um amor em desenlace.
Cabe ao poeta a busca no que o disfere a alegação doentia.
Qual a palavra que falta, a dar ao verso nova fisionomia,
quando na folha de rosto expressa seu gosto ou sua atrofia.
Como um diálogo louco que refaz aos poucos a nua interface
Para encontrar o a dizer, o poeta ousa em recurso rimar.
O dia rasga seus fardos na barricada bruta dessa luta alerta.
O poeta lança seus dardos e forma falanges que a norma deleta.
O Rep, o repente é a roupa nova da fala semi-analfabeta
Se a palavra fosse minha eu a usava, eu mandava labiar.
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