Jorge Vieira (1922-1998) Sem título, 1947
Há no meu peito um templo em fúrias,
deixo-as guardadas com as certezas.
talvez porque tenho as vergonhas,
talvez porque ao virar a mesa
desse amor sobra enfadonha,
tenha notado nele: Só tristezas.
Agora é noite e chove muito,
vou porque não amo com riqueza.
Desse amor falta-me assunto.
Saio pela porta e levo junto,
na escuridão da vela acesa,
o que dele mesmo hora defunto,
tenha ficado: Só tristezas.
Não tendo paz na minha vida,
vou caminhar na noite escura.
Levando a carne e as feridas,
em solidão buscarei cura.
Na morte desse amor havida,
cambaleante em correnteza,
dessa união mal sucedida,
tenha sobrado: Só tristezas.
Fim de amor é vida inglória
acaba aqui essa centúria
decreto o fim da nossa história
Há no meu peito um templo em fúria.
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