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Andando pela calçada, tateando o chão com os pés
O celular me toca no bolso, seus gritos de bravura
Uns reais, umas moedas, os compromissos com a mulher
Todo abraço dado é sempre a humana mistura
Pergunta- me aonde estou, a amada criatura
Pressuponho que estou na vida, a viver o que ela é
Já fui ao inferno aonde Dante fez sua aventura
Virgílio não foi meu guia, a persistência foi mina fé
O calor tinge meu rosto nesse jogo de cintura
Se a ilusão queima à brasa, sempre um verso é mister
Onde a existência for dura, de um amargo angustura
Nos mistérios do universo, viver é um cafuné.
Quem a sua dor destila, em si cultiva clausura
O amor é voo de liga, brisa às asas do prazer
Coragem é necessária para viver essa jura
Amar precisa bravura de fato para vencer
É doce mas não é mole, conforme a rapadura
Poesia é um bom remédio, sutura no entristecer
O acaso nos torna vivos grafando a assinatura
Sendo única aventura, é boa e não tem dublê
O tempo ata o tempo, a história é atadura
Quem teme amar na vida, teme o céu sem ter porque
Aos olhos da solidão reina o comum da censura
Capoeira solta corpo, Pixinguinha Banguelê
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