Vivo do absurdo que sou.
Respiro o alívio da desilusão.
A cada ausência lúdica me refaço,
no abraço da sabedoria dos cansaços,
olhando com o olhar inteiro a amplidão.
Nela me assenhoro dos meus passos.
Vou no enlace frouxo da razão.
Corre no meu pulso sangue brasio.
Sempre há algo em mim que principio.
No peito trago nua essa paixão.
O tempo de lonjuras e mormaços
discorre nesse misto o seu condão.
Na solidão dos homens me repasto.
Por hombridade faço a solução,
a ter que prosseguir passo por passo.
Vivo de existir no que conquisto,
sem ter o passaporte das certezas.
Nem garantias trago nos meus vícios.
Minha alegria é carta sobre a mesa,
dos sorrisos da contradição.
Um dia no outro dia me completa.
Entre os dois a noite me abandona.
O ciclo da vida não é rota certa.
O inesperado sempre vem à tona,
contrariando o solo dos anacoretas.
Sobre os contornos da indiferença,
às vezes quase morto vou à lona.
Abatido por um olhar destro e esteta.
Amasso o barro impuro da existência,
com as minhas mãos, assim ela desperta.
Pouco a pouco, delirante e férrea.
Como uma festa itinerante de querências,
marcada por suas próprias consequências
a questionar-me telúrica e etérea.
Mantendo a esperança irrequieta.
http://www.mauro-paralerpoesiabastatercalma.blogspot.com/
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