Quando acordo no cedo do dia com o sol arranhando a janela,
não é raro haver poesia, mesmo que eu nem procure por ela.
Sempre vem, eu não sei qual a roupa ela tenha no corpo vestido,
faço versos que saem da boca, porque acham no peito o sentido.
Ser poeta é de fato um defeito para o qual não existe oficina.
Verso bom vem como água da mina, na qual lavo minhas mazelas.
Carnaval que me afeta às retinas, esse jeito de olhar de outro jeito,
ateando em mim gasolina, cujo fogo é em palavras sinceras.
Essa trama me acorda, e a aceito, com a força fecunda me guia.
Logo eu fujo das academias, uso short e arrasto as chinelas.
Faço a rima da dor com a alegria em um poema na mesma panela.
Nunca sei se o sagrado me afia, ou o profano é minha alma na dela.
Desse amor abraçado no leito, dessa força que a mim me sacia,
vem a luz com que o verso foi feito, iluminando a fisionomia.
Capoeira tem o seu preceito, ante a luta um ao outro se espera.
À poesia dedico respeito porque ela me é coisa séria.
Para mim não é frase de efeito cuja soma final sempre zera.
Os meus olhos rimando o espelho, fazem rima ao real por tabela.
Como a realidade é primeira, meus poemas têm cheiro de terra.
Fazem de mim verdade inteira, pois de fato são fotografias
evidentes dessa valentia, com a força solar como vela.
Um no outro essa luz alumia como um flash na língua da ibéria.
Se não sei se é errada ou certa, a questão é de cardiologia,
mas aonde um poema se avia, quem habita a palavra é o poeta.
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