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SÓCRATES

sábado, 24 de abril de 2010

Poema para o desempregado.( o trago da seda)

         Sísifo,1548/49-Tiziano Vacellio.

No tempo do pós- moderno
o ocorrido é  o ultrapassado.
Não é como deve ser,
um tempo dos ocupados.
Precocidade em velhice,
como uma esquisitisse,
comuna aos desempregados.

Nesses senhores, que hoje
tão jovens miram a si pesados,
galopa um tempo no outro.
Quando perece o emprego,
há precisão de coragem,
no tempo a cego arriscado.

Passada a janela e o vento,
ter que inventar o momento
nos seus próprios de dentro,
para produzir nova vida,
virada de jeito interface.
De si um novo invento.

Um homem sem ser ocupado,
tende a manter-se ativo,
cativo de seu vazio
de produtor amputado.

Não amputado de um pedaço seu,
do seu próprio corpo.
Mas amputado de sua própria valia,
onde o trabalho desaconteceu,
com um ofício morto.
Mais preocupado em reinventar os dias.

Acorda às segundas feiras,
mastiga uma semana,
namora uma fria cama,
passa o ano preocupado.
O tempo não tem retorno.
O tempo nem tem passado.

Não passaria se é tempo.
O tempo só muda de lado,
porque para o proprio tempo,
tempo nem é contado.

A hora que foi vivida,
fecha para sempre a ferida,
mas deixa o corpo marcado.
Na explosão das pedras,
Sísifo perde a montanha.
Agora sem mais alento,
sobe ao apartamento,
mergulhando no  vasado.

Quando o acordar das manhãs
era sair e trabalhar,
Como acordar amanhã?
Agora a cor da manhã
é cor de espuma da praia,
para quem já não vai ao mar.

Um capitão sem navio
tem as lembranças salgadas,
na ausência da maresia,
da hora do corte a fio.

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