Sísifo,1548/49-Tiziano Vacellio.
No tempo do pós- moderno
o ocorrido é o ultrapassado.
Não é como deve ser,
um tempo dos ocupados.
Precocidade em velhice,
como uma esquisitisse,
comuna aos desempregados.
Nesses senhores, que hoje
tão jovens miram a si pesados,
galopa um tempo no outro.
Quando perece o emprego,
há precisão de coragem,
no tempo a cego arriscado.
Passada a janela e o vento,
ter que inventar o momento
nos seus próprios de dentro,
para produzir nova vida,
virada de jeito interface.
De si um novo invento.
Um homem sem ser ocupado,
tende a manter-se ativo,
cativo de seu vazio
de produtor amputado.
Não amputado de um pedaço seu,
do seu próprio corpo.
Mas amputado de sua própria valia,
onde o trabalho desaconteceu,
com um ofício morto.
Mais preocupado em reinventar os dias.
Acorda às segundas feiras,
mastiga uma semana,
namora uma fria cama,
passa o ano preocupado.
O tempo não tem retorno.
O tempo nem tem passado.
Não passaria se é tempo.
O tempo só muda de lado,
porque para o proprio tempo,
tempo nem é contado.
A hora que foi vivida,
fecha para sempre a ferida,
mas deixa o corpo marcado.
Na explosão das pedras,
Sísifo perde a montanha.
Agora sem mais alento,
sobe ao apartamento,
mergulhando no vasado.
Quando o acordar das manhãs
era sair e trabalhar,
Como acordar amanhã?
Agora a cor da manhã
é cor de espuma da praia,
para quem já não vai ao mar.
Um capitão sem navio
tem as lembranças salgadas,
na ausência da maresia,
da hora do corte a fio.
http://www.mauro-paralerpoesiabastatercalma.blogspot.com/
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