Citações

A palavra é o fio de ouro do pensamento.


SÓCRATES

quarta-feira, 27 de maio de 2009

A surtada(o trago da seda)

Duas Figuras-1973-Arthur Barrio

Escapole nesse verso a fugitiva, perambula com cidadania roubada.
Escreve aos cegos um pedido em missiva, uma moeda para a cerveja gelada.

Inverte o inverso comum das comportadas. Nos sentidos submersos vai a louca, desprovida de razão, dela amputada, a vida fica reduzida a coisa pouca.

Escancarada ela é pública privada, espraiando o surto necrosado, curta e rota.
Mendigando a persona de si exilada, vê-se em seus olhos existência que desbota.

Chama aos gritos a personalidade quebrada, nessa fratura exposta vê-se que esta torta.
Tem a indiferença transeunte ocupada, em si fechada, perdeu as chaves da porta.

Vive o desvio e tem a calma esfaqueada, dorme em soleiras sem as noites garantidas.
Terá saudades de alguém nela trancada?
Ou há nos gritos a identidade perdida?

Bebe ao conflito invisível, não é nada.
Quem passa escuta, mas não ouve esse conflito.
A vida é rápida e sopra sempre ocupada, o olhar comum so observa o que é bonito.

Perdera um filho num incêndio ocorrido?
Ou terá sido ela mesma a incendiada?
Arrasta a vida no exíguo espaço frio, que lhe sobrou de emprestado na calçada.

Do coletivo a loucura è um apenso.
terá a guisa de uma paixão desavisada ficado louca por amor,
perdido o censo?
se fora assim é uma louca apaixonada.

O seu barulho é de humano detrito, nessa cidade bela e violentada.
Não saberemos o que terá de fato havido, no surto agito dassa pobre desgraçada.
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